KIBOM. IV - Quem viaja, necessita de mala ...NOÉ!?
- Divagações do T'Ching - 28.01.2020
Por
T´Chingange - No Nordeste brasileiro
Ao viajar, é importante ter uma mala para carregar a bagagem; convém que seja boa porque os tombos são mais que muitos. Fiquei a saber que a mala mais cara deste nosso mundo vale quatro milhões de dólares! É a chamada mala de “Diamantes das 1.001 Noites”... NOÉ, desconhece...
Tem o formato de um coração e vem cravejada com 105 diamantes amarelos, 56 diamantes cor-de-rosa e 4.356 diamantes transparentes. Todo metal dessa bolsa é feito de ouro puro de 18 quilates. Para sua confecção foram necessários 10 artesãos, dedicando quatro meses de trabalho exclusivo,NOÉ!?
O resultado final é uma bela obra de arte que, até agora, ninguém ousou comprar. Pelo que sei nem Isabel dos Santos a comprou; Nem Manuel Vicente! Creio que nem sabiam mas, às tantas aqueles diamantes saíram de N'Gola, NOÉ!?
A minha é o contrário dessa; mesmo demasiada mixuruca para ser mencionada neste entretém feito estória. É daquelas compradas em saldo, com rodinhas gastas de tantos embarques e desembarques, riscada nos topos e lastimosa no aspecto.
Distingo-a porque tem uns quantos laçarotes da Bahia amarrados em seu fecho; desses com variadas cores que se põem no pulso para dar sorte nas ousadias de orixás e oxalás e talvez o xiritung da xirgósia mais o xogum... NOÉ!?
Na alça tem mais uma fita verde fosforescente de escandalosa para que a possa reconhecer na esteira do aeroporto. Para mim, o que realmente importa é o que vai dentro da mala; os queijos disfarçados de prendas e prendas na forma de figos ou chouriços, coisas inofensivas, NOÉ!?
Na vida verdadeira da gente também é assim. Não importa parecer um cidadão valioso se o seu interior é vazio e sem aquela coisa que nos identificam nos valores morais ou mesmo tudo ali ser oco - isto é quase uma metáfora NOÉ!?
Preencha por isso sua vida de boas coisas como se sempre viajasse! Que tal uma lista exclusiva de itens imprescindíveis para sua viagem? NOÉ dirá: Prepara-te pois para tua viagem pro Céu, isso, pró espaço! É isso, NOÉ!?
Se for o caso, junte à Bíblia de viagem um bom livro para os demais entretantos. Leve todas as informações do roteiro a fim de ser mais feliz em seus caminhos. Siga os conselhos da gente experiente, todos não serão demais! A sabedoria dos mais velhos, normalmente mostram detalhes de como ir pelos melhores caminhos. Mas, lembre-se que existe um NOÉ...
Tenha presente que na vida, ou você puxa os outros para cima, ou os outros puxarão você para baixo. Fique esperto e siga sempre este princípio porque nem sempre o interesse dos outros batem certo na bota com a perdigota... NOÉ!?
Creio que com um azar do caraças, foi isto que sucedeu com Rui Pinto, o herói actual do pedaço e no M'Puto aonde os larápios são também mais que muitos, com nomes de Santos e Espíritos. Este Rui puxou a brasa à sua sardinha pedindo uns kumbús e, viu-se com um cardume de tubarões...NOÉ!?
Esqueça-se daquilo que Deus já esqueceu dando cobertura aos Espíritos e aos Santos... mas, sorria mais porque um qualquer dia a coisa acontece! Já aconteceu! Seus, nossos dentes, não existem somente para mastigar couve-flor. Temos de os ranger se vez em quando, NOÉ!?
Com uma mala cheia dessas coisas, valores, ela pode não ser a mais cara, mas, sem dúvida, será a mala mais valiosa ou justa do mundo... JUSTIÇA... Cá para mim este Rui Pinto tem sim, de ser condecorado! Isto termina em 13 para lhe dar sorte, NOÉ!?
T'Chingange
TEMPOS DE KIBOM. O Pão, a vida e NOÉ ... Divagações do T'Ching – 30.01.2020
Cafufutila /kifufutila: Farinha de bombô com açúcar; Kibom é um sorvete do Nordeste brasileiro…
Por
T´Chingange – No Nordeste do Brasil
(Estas falas já foram publicadas em Kizomba do FB a 27.01.2020)
Meu amigo Quissanje foi para a guerra e, passou-se! Por abandono de todos, virou cantor repentista. Naquele tempo de lucidez ele chamava-se de Céu dos Santos, agora, só tem nuvens no seu sótão…
O principal alimento dos hebreus desde os tempos mais remotos, o pão, é ainda o nosso principal alimento. Na minha infância fui alimentado com broa de milho e leite de cabra. O hábito de comer pão teve talvez seu início com o cultivo do trigo na região da Mesopotâmia. A Bíblia menciona 319 vezes o vocábulo pão; isto dá ideia de seu uso em nossa civilização, NOÉ!?
A palavra pão traz à nossa mente a ideia de satisfação, sustento e saciedade. Pois no corre-corre da vida, todos os esforços empreendidos pelo ser humano parecem centralizar-se em um objectivo: ganhar o pão, a fim de garantir a sobrevivência.
Com este propósito, patrões, empregados, líderes e liderados, instrutores e aprendizes, homens e mulheres trabalham árdua e honestamente, de sol a sol. Alguns usam outros métodos, NOÉ!? Uns buscam no máximo de seu aprimoramento intelectual no rumar a vida de forma aprumada porque acham isso necessário, outros não, NOÉ!?
Cada vez mais, alguns pretendem ganhar o pão utilizando meios censuráveis; há quem pense que pode adquirir o pão sem trabalho algum e, usando os demais para o obter e, isto obviamente não é nada bom; sendo assim organizam-se em grupos ou partidos para nos esmifrar e, quase sempre o conseguem como se fossem gangues, NOÉ!?
É justo e necessário que trabalhemos pela obtenção do pão mas, a queda da humanidade nos procedimentos, alterou a dinâmica de execução do trabalho estabelecendo novos paradigmas, NOÉ!?
Nos dias de Jesus, os habitantes da Galileia sabiam o que significava trabalhar com diligência, e isso eles faziam servindo aos ricos proprietários de terras de quem recebiam salários, até que, chegados aos muitos nossos novos dias, se debelaram, NOÉ!?
Mesmo assim, em aquele tempo, não eram capazes de empregar esforços na busca espiritual porque as metáforas davam-lhes volta à mioleira, NOÉ! Por isso, o Mestre aconselhou: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que subsiste para a vida eterna”. – Isso só por si já era um grande conforto mas, surgiram sindicatos com regulamentos dando volta às nossas cabeças, NOÉ!?
Com ou sem NOÉ as práticas mudaram em novas engenharias financeiras e hoje suavemente levam-nos os ganhos, NOÉ!? E, é por isso, o mais certo de tudo - por isso, aquilo e aqueloutro que ando a ficar encafifado no meio de tantos milhões, NOÉ!...
O Soba T'Chingange
FEROMONAS DA VIDA ... CINZAS DA LUUA – 29.01.2020
- Saber do passado para melhor se entender o futuro...
Por
T´Chingange – No Nordeste do Brasil
Sentindo os sabores da nossa terra nas falas de Luís Martins e nossas lembranças, recordamos a mistura de hábitos alimentares por via das duas etnias preponderantes da N´Gola e sequente miscigenação vivenciada ao longo de muitos anos. E, porque a Luua é litorânea, o consumo de peixe no território, sempre foi elevado. A costa angolana rica em espécimes dava assim forma em abarrotar traineiras que se faziam ao mar em sua faina diária.
Recorda-se que era tanto, que dava para secar todo o excedente ou fazer farinha para utilizar como alimento para animais e, na forma de ração; também como adubo para uso da agricultura. Nesse então já na China se usava um peixe a cada árvore replantada para formar florestas - a uma pequena árvore era disposto na raiz um peixe como início de alimento ao seu crescimento.
O peixe seco sempre foi muito apreciado pelos nativos grunhos e gwetas pelo facto de se ter tornado um costuma e, por via de ser barato no mercado das salgas espalhadas um pouco por todo o lado e ao longo da costa desde o Ambriz, passando por Luanda até Benguela e ainda mais a Sul na Baía Farta. O peixe depois de processado, estripado e escalado é posto a secar ao sol usando loandos normalmente elevados do solo por estacas.
Este peixe já seco era depois levado em camionetas até os lugares distantes do interior na forma de fardos atados com fio de sisal ou mateba. O itinerário destas carrinhas ou camionetas podia ser-se seguido horas e dias mais tarde pelas picadas seguindo o rastro do cheiro característico que estes lançavam para o mato circundante. A partir de algum tempo as picadas começaram a ser muitas, para despistar os fiscais – posso explicar…
É que a dado momento o governo do M´Puto em sua governação colonial lançou um imposto sobre o peixe seco. Isto originava a candonga como concorrência e, por motivo de fornecerem preços mais competitivos aos taberneiros chamados de fubeiros instalados em locais bem isolados, competiam berrida de vida; vida que nem sempre era fácil. A extensão do território que se constituía pelos postos administrativos tornava o trabalho de recenseamento, cobrança de impostos e resolução de contendas, muito difícil e até demorado.
As insuficiências materiais, a indigência dos meios disponibilizados e a multiplicidade das tarefas acometidas aos funcionários administrativos eram factores que entravavam a máquina estatal. Ou seja, o facto do próprio corpo administrativo colonial sentir grandes dificuldades logísticas, a sua presença reduzida e isolamento físico, indiciam a incompletude do domínio colonial, agravada já a seguir à Segunda Guerra Mundial.
Em Luanda, as quitandeiras abasteciam-se no porto de pesca situado em plena marginal, Avenida de Paulo Dias de Novais e também em lugares como a Chicala, Samba, Corimba ou Bungo directamente dos pecadores que ximbicavam canoas nas águas rasas; um ou outro, metia velas triangulares feitas de sacos de farinha, aventurando-se na pesca de maiores peixes em águas mais profundas. Com a introdução da mandioca levada pelos Tugas do Brasil os pratos de peixe eram acompanhados com fuba funje, um pirão espesso feito dessa fina farinha. Para alguns dos mwangolés esta nova, será uma surpresa - melhor seria que unissem sua matumbice a estes conhecimentos…
Tudo começava com a farinha amolecida na água que já na fase final e no preparo das iguarias tropicais era cozida em água fervente e, sempre mexida de forma vigorosa com pau ou colher bem grossa a fim de desfazer os caroços do cozimento. Sempre mexendo, surgem bolhas de ar empolado que fazendo plof-plof por modo a ficar naquele aspecto pegajoso de “cola de sapateiro” conhecido entre outros nomes, também de pirão.
No sul de Angola era mais comum usarem o pirão de milho amarelo ou branco por haver aí mais condições para a cultura do milho. Depois, a esta espessa cola de funje junta-se óleo de dendém e de mãos molhadas juntando um bolo, leva-se à boca; pode ser-se mais civilizado na forma de comer usando a colher tradicional mas, o gozo de degustar não parece ser o mesmo! Isto pode ser acompanhado por aquele peixe seco passado na brasa e só depois de ser demolhado mas e, também acompanhando com carne de frango ou outra, ou mesmo miúdos de galinha ou vísceras de outro qualquer animal.
A tudo aquilo juntam-se as verduras como a abobrinha, o quiabo languinhento, folha de abóbora ou jimboa. O melhor preparo desta muamba é feito com inclusão de saca-saca picada, saído das folhas de mandioca previamente escaldada várias vezes. A isto chama-se a kizaca. Tudo isto convém ser envolto em jindungo ou onoto ao jeito de fazer transpirar no sótão da cabeça e na fronte para dar n´guzo. Para total contento é bom que se sinta na dita moleirinha essas cosquilhas, um tremer fino da musculatura. No Brasil esta iguaria já é quase habitual na Bahia – um costume oriundo da antiga Matamba, os N´zingas e afins matumbos e matumbolas. A seguir virá o mufete, o kalulu, a kifufutila, o muzungué e a kikwanga. Será bom ter um “palhinhas” por perto a recordar momentos idos e que não voltam mais; ora para quê!? Para esfriar goelas ardentes…
(Continua…)
Recordando o Século Kota Mwata Luís Martins Soares
O Soba T´Chingange
DIVAGAÇÕES DO T´CHING
NA HORA DE APURAR VERGONHA - 23.01.2020
Por
T´Chingange – No Nordeste brasileiro
O sol tem ondas de ferroadas quentes que machucam na ida da vinda de nossos dias mas, muita gente entristece quando os meados de Janeiro esfriam o M´Puto. E, assim vamos como legítimos coitados, todos por demais devagar, na pasmacez da pasmaceira.
Justiça ali e aqui nenhuma, não tem. E a que tem, só o Senhor leva, faz ou rasga. Mas, quem é esse Senhor? Talvez um jacaré que choca! Ué, aiué, mas jacaré choca!? Choca sim! Choca o quê? Os ovos d´oiro da Isabel! E, o jacaré é Tuga? Ui, tem por demasiado…
Surripiando aqui e ali miúdas palavras, relutando-me entre o gostar ou não, apuro vergonhas que surgem repetidas por todos e, ao mesmo tempo, como se fossemos autómatos robôs de uma máquina de informação ÁDHOKAS – que vem de “ad hoc” … Todo o mundo dá o seu palpite na ciniqueira geral comandada pelos fazedores de notícias.
Cada qual com seu dedo, sua unha, seu pedaço de assuntos externos que nada contam na sua, nossa felicidade, como num assim de uma soma de pontos com números somando subtracções de milhões, esmiuçando ou tentando saber a decência do caso num verdadeiro ciúme amargoso…
Estas desconformidades de sintonia, forçosamente turvam minhas, nossas mentes. Euzinho, legitimo de raça indefinidamente ariana também possuo minhas franquezas por muito que tente deduzir em lisas, as farsas, reforçando-me de munições porque, óh gente, simplesmente não quero sufragar-me nos desaires alheios.
Pois é! Não sou mesmo homem de meio-dia com orvalhos de me tirar o tino, de me esbugalhar os olhos nas fracas naturezas de um sem fim de lorotas salivadas. Agora, todo o mundo fala do naco da Isabel dos Santos, dos seu ovos d´oirados – que coisa!?
Todos ficam assim e assado, lambendo, rechupando, engrossando um nojo, nojento! É bem verdade que ela não me merece um pingo de DÓ, nem tanto nem tampouco. A questão é a de que todos sabiam e todos calavam - Maldito kumbú! Há cúmplices, não há!?
Só não quero mesmo que mexam no meu bolso mas, tem por aí muito rufia das nossas caixas bancárias e afins que viciam com incesto minhas poupanças, só pode ser, ouvi dizer – E, são Tugas de primeiríssima linha; gente de gola alta e coturno intocável. Não toquem no meu bolso, tá! Já chega de ser sujigado…
E, daí da notícia e fofocas, abrirem-se gavetas com choros ranhosos, ou mesmo gavetões, com ossários feitos do pó esquecido no propósito propositado de não mais falar como se fossem asas p´ra boi voar! Se a vida é uma sentença com um princípio e um fim, não conseguiremos ouvir o grito da vida se sentirmos remorsos daquilo que não fizemos, ou daquilo que poderíamos ter feito; E, afinal quem deu cobertura a todos esses desaires de engenharia financeira, trapaceira de roubar o desinfeliz!?
Não podemos assumir a culpa dos pais, dos colonos, nem dos pais de outros pais na geração perdida, sempre petrificada pelos políticos da Luua e da Liz. Oi, não se fala nisso. Na percepção das vitais contingências, compostas nas coincidências de que a vida é feita, encontraremos o rigoroso sentido do passado, que determinam o futuro próximo e distante. Nem sempre se escolheu dedo ou arado nem por onde fazer o rego que por coisa pouca mudou nossas vidas para engordar galifões e galifonas…
Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T´Chingange
KIBOM . II – É um sorvete gostoso
TEMPOS BRABOS DE CALOR… Sexta-feira - 17.01.2020
Por
T´Chingange – No Nordeste do Brasil
O dia dezassete passou passando mas, escrevo agora no computador o acontecido nesses dois dias de paratrás fazendo horas com o boligrafo inquieto oferecido em um tempo antigo numa campanha do PSD do M´Puto e, num entretanto mais futuro, o de hoje que é domingo, lá terei de salvar o escrito em plena inspiração da maresia, tão só para não desacontecer perder o fio da meada desse árduo trabalho de puxar pela cachimónia.
Minhas tarefas daqueles agoras, atrasaram-me o futuro porque a internet da Vivo só me foi facultada na Quinta-feira dia dezasseis e, assim comprometido com minhas falas já passadas, moribundas no papel, translado-as agora para o vivo arquivo, tudo porque o pen drive dessa Vivo de 4 G já me dá acesso ao satélite.
Sem querer mentir-me e, porque assim o é, meus firmamentos no Kimbo, na kizomba, na Roxomania e na página do Mano Corvo Costa Araújo, porfiarão a fezada fantasiação das ânsias e desassossegos do que já foi ou que ainda vais ser – ainda! Ué-Ué!? Cheguei pelas treze horas e trinta minutos no lugar da macarronaria do Isaac levando comigo uma prenominada teimosia de que hoje sim, iria ser um diferente dia.
Pois é! É raro eu comer macarrão porque os hábitos condicionados de minha alimentação não se conjugam na perfeição com os açúcares de minha parceira de 49 anos e, quando sou eu a fazer preparos faço-o com misturas tão rebuscadas que nem sempre resultam na perfeição dos conformes. Bom! Seu Isaac estava lá nos fundos por detrás de um mukifo balcão de madeira acupimzado cheio de trecos, latas, grades, e um sem fim de potes em barro preto de Penedo.
Isaac, o pescador macarroneiro, conhecendo-me, assim me deu grátis um amplo ”Oi” muito repleto de empatia. Apertou-me a mão numa desmedida força dos cinco grossos dedos e falou: - Então! Sempre resolveu vir até o meu recanto da felicidade – pergunta feita de resposta certa mostrando sua varanda de dentes alvos e um olhar pícaro como de quem adivinha o pensamento através da iris do interlocutor, neste caso eu, o turista encorpado em pessoa residente.
Em verdade, minha refinada intuição da vertente premonição dizia-me que algo de insólito aconteceria e, na cordialidade, dei resposta adequada por também ser a primeiríssima alegria do dia! Meu amigo, é verdade! – Estava espumando baba gulosa por sua massa desde aquele dia da pesca do xaréu, da arabaiana e da carapeba, esses nomes de peixe que nem sei bem se assim o são no sotaque...
Seu Isaac, venho na minha gulosa vontade para provar esse tal de macarrão com camarão, sabe! Seu Isaac abriu as mãos sapudas como que a divinar sua fé implorando minha atenção dizendo um “ouça” tão convictamente misterioso que até fiquei estupefeito na inquieta soslaia ansiedade de escutar e, escutei: - Sabe seu António, esteve aqui um negão, negro como a noite de breu perguntando por alguém com as suas características. Espere, se aquiete – disse que seu nome era António T´Ching, algo de tão raro me ficou gravado na moleirinha mas, no entanto ele deixou escrito num envelope, sabe! Com esta peculiaridade fiquei espantado pois que só mesmo O General Emérito retirado, de nome Fala kalado me dá esse espacial tratamento. Só pode ser! Mas como é que ele adivinha!?
O coirão! Só pode ser bruxo. Assim encafifado com tamanha incoincidência, olhei deslumbrado para Seu Isaac: - Pois e, então, que mais? Olhe! Assim continuou… O negão deixou mesmo um recado escrito. Acto contínuo chamou um moleque, creio que um seu neto, disse-lha para ir lá acima buscar um envelope meio preto, meio vermelho e com um facão amarelo bem no centro e na diagonal daquelas cores. Que não tinha que enganar, era o único, disse: - vai, vai, vai…
Caramba, só pode ser mesmo desse lendário General FK. Não demorou nada, já eu estava retirando uma folha do subscrito aonde pude ler no topo: Companheiro A.T´Ching, por debaixo e sem linha: Impossível ter estado contigo no combinado dia DEZ. Aguarda por mim aí na Pajuçara - Um destes dias apareço. Estou em Caruaru junto com uma donzela mwangolé. Trata-se de um negócio de plantação de Welwitschia Mirabilis e, um especial aloé do Karoo com fungos… Kandandus…
Fiquei até apreensivo por saber o quanto ele, F. Kalado eu é evasivo ou mesmo restritivo e, assim taciturno dos neurónios com tanta claridade nos aprumos de quase relatório, larguei tais minudências olhando já para o prato quase fervente, o macarrão com os camarões a saltitar-me na vontade dos olhos. Enchi dois copos de skol fria, ofertei um ao meu amigo Isaac e, com um longo obrigado, fizemos uma umbigada de copos, da amizade nova, crua e desinteressada... Mas! O que é que virá por aí…
O Soba T´Chingange
KIBOM . I – É um sorvete gostoso
TEMPOS BRABOS DE CALOR… 16.01.2020
Por
T´Chingange – No Nordeste do Brasil
Espetei meu chapéu verde e branco bem junto à Kanoa na pequena enseada da Pajuçara da Ponta Verde. Ainda não eram seis horas da manhã e, meu chapéu era o primeiro a ser fincado na areia de cor amulatada. Um homem bem moreno, cambuta de baixote no atarracado, mas ágil nos movimentos, espeta na areia bem junto de mim e no final da borda do beijo molhado da maré cheia, suas canas de genuíno bambu.
Galho recto e nodoso de simples natureza quanto baste, um escasso metro e meio de seda de nylon enrolada a partir do fino extremo e presa com um atilho saído dum vulgar pneu de bicicleta. Nada de sofisticados carretos a dar ares de pescador abastado. Ajustou seus dois baldes com letras de tintas de pintar paredes bem ao lado das esguias canas, meteu seus chinelos de dedão junto dos trapos dentro das mesmas e deu-se aos preparos finais.
Calçou sua cabeça com um chapéu camuflado de cobrir orelhas, pescoço e pala saliente a encobrir seus olhos e, em actos contínuos de mestria conhecedora, entrou na água de mansidão verde, cor de esmeralda, iscou seu ínfimo anzol na ponta dos cento e cinquenta centímetros, mais coisa menos coisa e, apontou a água num indefinido ponto de horizonte bem na curva como se fora num longínquo paralém. O pedaço de quase nada penetrou na água.
Assim e num repentemente, daquele lençol aguado, não demorou muito a puxar da água um peixe reluzindo pintura de prata chamado de xexéu. A cada lançada, novo peixe metido em seu pequeno balde pendurado no pescoço com um baraço de tira larga. Não demorou a ficar bem cheio com outros pequenos variados peixes daqueles que depois de fritos na forma crocante fazem babar vontades de apetite.
No transbordo do peixe da lata pequena para a outra grande na areia e, muito perto de mim, o senhor olhando para minha ansiedade falou: - Moço, quer pescar? - Quero! Foi a resposta. Já com meio corpo dentro de água, apercebi-me da pequenez do anzol na forma de unha de gato quando enfiei um pedaço de camarão cru passado na pega entre os grossos polegar e indicador do senhor pardo matuto.
Enfiando pedacitos de camarão cru, fui lançando frustrações seguidas de ansiedade do vai ser agora e, bolas, pica, pica e num lança e tira e mete o isco, dá repelão e fugiu o filho da peste; assim num nadica de nada de só mesmo a picada, talvez por falta de jeito ou mesmo sorte fui lançando muxoxos de sundiameno aos pequenos roncadores. Assim apontando o horizonte fui ficando cansado dos pedaços frustrados de coisa nenhuma até que resolvi dar continuidade à minha talassoterapia.
Num meche perna, num torce e estica e roda, alonga braço e salta endurecendo músculos meus aperreados de tempo, idade e moleza, ele o senhor fala de novo: - Como é seu nome? À pergunta feita e respondida iniciámos falas de aproximação, nome de peixes, este é bom, este é espinhoso e assim por diante sem recta definida.
Meu nome é Isaac, estou meio aposentado e ainda vou mexendo com minha macarronaria, sabe! Deduzi que isto tinha algo que ver com macarrão, massa de comer mas e, entretanto enquanto lança o caniço acrescenta: - Macarronaria do Isaac! Fica ali mesmo na paralela da Durval Guimarães, depois do Bom Preço, vira à direita, vira à esquerda e, é logo ali.
Negócio na parte baixa e residência no lado de cima. Hoje tenho de levantar dinheiro no banco para pagar aos meus seis empregados, visse! Agora, eu só fico entre as dezoito e vintiuma horas – meu tempo já foi, noé!? Pois! Disse eu poupando as falas entre outras ouvidas bem mais interessantes. Vá até lá seu António – vá provar minha macarronada de camarão, gostosa de roer vontade! Acredito seu Isaac, irei sim senhor!
Já quase no ir, foi-me dizendo que voltaria sábado a horas de maré alta que é quando o peixe pega. Hoje é quinta-feira e, talvez no sábado próximo lhe pergunte pelo biónico personagem, o tal de General Emérito Fala Kalado, meu amigo de velhas antiguidades; quem sabe não é seu freguês lá na sua venda tasca ou lá o que seja, talvez restaurante. Quem é chambeta de pena falsificada e tem uma orelha plastificada decerto, sempre ficará preso na retina da ideia.
Sabendo eu das particularidades de FK, dos gostos de matumbola reciclado em gente, dissimulado nas manhas e sempre prazeroso no trato, que gosta de whisky puro como quem só é fanático de água, bem pode ser um seu dissimulado cliente mesmo que o seja no incerto pois que, o personagem não é muito de usar roteiros rotineiros, um defeito desses propícios modos de surtidas com tocaias. O hábito faz o monge talqualmente os tempos sangrados servem para assossegar segurança. Tomei um gelado Kibom com sabor a graviola e segui o rumo de casa a pensar de como vai ser o futuro, dos altos prazeres…
Muxoxo é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de contrariedade. No M´puto costumam chamar de “chocho", com o sentido de beijo.
O Soba T´Chingange
MUXOXO PARA 2020
TEMPO COM CINZAS . M´Puto e os bafos dos desabafos… 03.01.2020
M´Puto é Portugal
Por
T´Chingange – No M´Puto
De que vale ter um perfume enfrascado se não fizermos uso dele? Não havendo fuga, prefiro mesmo ser uma pulga de leão a cheirar lavanda do cacimbo. Isto vem a propósito de dizer que quem assim procede, pode vir a ser menosprezado pelas tonterias que escreve ou que fala. Escrever para mim, tornou-se um trabalho, obsessão e terapia.
Nem eu nem ninguém podemos exigir que os outros acreditem naquilo que eu ou você acredita! Ninguém precisa seguir minha cartilha mas façam isso também, libertem seu perfume! Bufem-se com odores de arruda ou cheiro de rosas sem perturbar outros dizeres e com outras cores.
Sim! Faça qualquer coisa a favor de outros sem ter medo de parecer anedótico ou ser-se palhaço porque isso é também uma nobre missão. Pela certa, isso se tornará um remédio milagroso, porque quem acumula tempo dedicado aos outros, receberá provisões extras. Aonde será que li isto!…
Trejeitando sorriso expressivo quando não entendo, finjo que compreendo perfeitamente os escândalos que nem sempre se me calam no bico, passarinho-me pintado de anjo de procissão, metendo o nariz em tudo da praça pública, engordando os miolos de enxúndias, gorduras de escândalos por toda as instituições dessa grande porca com muitas tetas, com nome de macho: - Portugal.
Com paciência medida, opino sobre assuntos inesperados amparado nas dúvidas por indemnizar, usando muito a miúdo entorpecentes para entender o bafo dos desabafos. Nem sempre posso assumir com desenvoltura o papel de comentarista avulso, conselheiro ou soba porque, nem sempre tenho à mão a receita própria para espantar cobras ou lagartos.
E, porque não posso tomar medidas energéticas providenciais, requebro-me nas charadas alcoviteiras para enfeitar penicheiras provocatórias, estendendo a critica a vulgares patifarias de caixeiros feitos doutores roubando o patrão, engomando, cozinhando, ou limpando-nos o pó como se fôramos trastes dum Estado só deles.
Na vontade de fugir espantado, remoçado, muito inchado de iguarias macabras, algumas idiotas, meus espíritos passeiam-se-me no cérebro às apalpadelas acitrinando-me. Será uma questão de brio? Parvoíce simples e simplória? Entre sussurros de indignação com tosse e escarros secos coloridos, espirros diversos, continuo nos meus passos sem nada de solene, nem ar de religião conformado do é como Deu quer!
– Esta gente do governo, quando não tisna, suja! Com um galho de arruda na mão, sigo os acontecimentos que desfilam numa procissão vertiginosa e extravagante do meu país do M´Puto. Como cidadão do mundo, um tanto comovido, contemplo à distância as ruínas da minha terra, da minha aldeia, do meu kimbo, os restos mudos e emporcalhados dessas terrinhas que antes, só o era da intriga miúda e, das invejas pequeninas!
Agora tudo é grande! E os roubos, aos milhões…Tal como a divida que aumenta calando os gráficos ou arredondando os picos. Porque daí, nem vem mal ao mundo, exponho-me sabendo poder representar muita gente que se descuida nas minhas leituras; assim como uma cobaia, submeto-me voluntariamente, espolinhando-me na demagógica vaidade. Um dia não são dias...
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Muxoxo é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade. No M´puto costumam chamar de "xoxo (chocho)", com o sentido de beijo.
Ilustrações: Costa Araújo, Meu Mano Corvo, falecido em Abril de 2019
O Soba T´Chingange
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