Os filósofos, necessitam tanto da morte como das religiões porque, filosofar é aprender a morrer entorpecido… - 20.02.2020
MALAMBA: É a palavra.
Por
T´Chingange – No Nordeste brasileiro
Nesta data especial composta de quatro dois e quatro zeros, tinha de acontecer o inesperado e, sucedeu que meu celular telemóvel no exacto momento de sair para a praia, tiniu e retiniu murcho de som. Pela quarta vez, atendi: Alô! Do outro lado ouvi uns esquisitos guinchos metálicos como de quem corta o vento Suão com uma moto-serra já com os dentes cariados seguindo-se-lhe de uma voz cavernosamente distante, também ligeiramente metálica como chapa que vibra.
Daqui é o Fala Kalado! Fez-se um silêncio… Silêncio meu engolido em dois assombros encavalitados feitos ondas-curtas a estrebuchar atritos com soluços estriados em ondas moduladas. Não estava a contar, pópilas, pensei, é ele o matumbola do general. Oi, sim! Sim! Até quenfim, me dás alvissaras! Disse isto encafifado em soletrar quais os kitucos de mistério que terá usado para descobrir meu número de celular.
Resposta do outro lado da linha: - Nada é impossível para um morto-vivo meu kamba! Álem do mais, tenho meus afilhados que me vão dando novas até do que ainda está para acontecer. Aí é! Respondi na forma intercalada entre o respeito, o assombro e até do medo. Quem tem cu tem cagufa noé!? Trata-se dum General Emérito um permanente guerrilheiro que nem consta das fichas por o ser, tão clandestino o é.
Pois então, é pra te convidar a um encontro, não aqui em Garanhuns, por ora, mas em Petrolina, um lugar a montante da barragem do Sobradinho, no Rio São Francisco, o Velho Chico! Eu sei, disse. E, porquê aí? Porque assim tem de ser; só vais ter de ir até à cidade de Marechal para embarcares com meu amigo Kelerico o tecelão. Falou na data e de como seria, assim e assado. Tudo por minha conta, referiu. Que mais poderia fazer a uma quase ordem na forma enganosa de convite.
Temos muito para falar mas, entretanto goza o carnaval mas, estava a faltar um mas… mas o quê? – Interroguei! Se fores curtir na rua, na avenida, bota em tua cabeça um chapéu colonial! Porquê isso? Rematei! Para meus quilambas te reconhecerem e, te resguardarem dum qualquer golpe de mão, de arma ou outro qualquer maleficio. Estes quilambas de FK eram em verdade capitães de guerra preta que normalmente actuavam como mercenários. Só podia ser!
Eu, a pensar que estava por fora dessas manigâncias de guerra antiga, essa tal do tempo dos arcabuzes, das catanas e canhangulos do tipo pederneira. Tenho cá as minhas dúvidas de que FK não se dedica a cem por cento a extoquir seiva da Welwitschia Mirabilis e desses escaravelhos ou besouros pré-históricos que se regeneram em suas células moribundas. Deve também ter por lá, em Garanhuns, um bivaque kilombo com alguns desses antigos quilambas.
Digo isto porque aquele tal de negão, emissário de FK à macarronaria do Isac pescador, tinha essa pinta característica de quilamba ambaquista. Só posso imaginar porque nem o vi. Consegui descortinar por baús muito antigos que lá pelo ano de 1625 havia em um lugar de nome Ambaca estes já esquecidos quilambas mas isto virou pó do tempo acho eu; eram capitães que auxiliavam os portugueses na luta contra o gentio; isso! Gente da Matamba ao serviço da capitania de Ambaca.
Filhos nobres de uma etnia nobre que combatiam com muita valentia recebendo por troca mais esmeradas atenções de não pagarem tributos, mais água ardente e vinho do M´Puto e, sendo-lhes destinados os postos de cipaio. Os ambaquistas eram então vistos positivamente pelo sistema colonial, pois serviam de intermediários com as populações situadas mais longe no interior do país.
No século XX, os ambaquistas propriamente ditos desapareceram, mas a palavra ficou neste então com uma carga mais como pejorativa; para os designar, até à altura da independência, os colonizados negros que tinham adoptado certos aspectos do modo de vida europeia. Os pretos ambaquences, para fugir ao serviço de carrego que era imposto a todos os camponeses do interior, alistavam-se como brancos nas companhias móveis do exército colonial.
Assim foi, assim era, pois dizem os livros que “os pretos do interior em usando sapatos logo queriam ser considerados como brancos”. Vemos também que havia um número excessivo de meirinhos, alcaides e porteiros – isto é, de oficiais de justiça popular - os quais constituíam “um bando de carregadores que, imbuídos com as suas ideias de brancura”, se empenhavam e se atributavam como os soldados para serem assim nomeados. Claro que no correr do tempo tornavam-se sanguessugas das diligências diárias… Tanta coisa a rodar dum antigamente retido no esquecimento dos lugares de Zenza e de Kabassa. Agora só resta aguardar o encontro reservando-me ao direito de imaginar coisas, porque dali qualquer coisa é coisa!
O Soba T´Chingange
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