CINZAS NO M´PUTO - ”A CHUVA BATE NA PELE DO LEOPARDO, MAS NÃO TIRA AS SUAS MANCHAS, NEM VICIOS”. Andamos com o credo na boca, motivo do COVID 19 que à revelia, faz tempo, trilha nossa vontade – 19.06.2020 no FB
Crónica 3032 - 27.06.2020 no Kimbo Lagoa - Cazumbi é feitiço ou mau-olhado em Kimbundu
Por
T´Chingange – No Sul do M´Puto; Al-Garbe
Flor da Borundanga - Tem kazumbi
Ando a esquecer o passado - Será que tomei essa coisa de borundanga - Uma droga extraída da Datura Stramonium, uma planta ornamental de flores brancas em forma de sino, vulgarmente conhecida como trombeta ou trombeteira, bastante comum na Espanha e na América Latina. Lá iremos porque tenho uma coisa destas no meu quintal..Óh folha do diabo...
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O Mundo necessita de nós para respirar e por isso as autoridades de saúde pública fazem a lei de forma rápida na mira do boteco das bifanas abrir quanto antes, pois que a economia tem de correr, também porque o socialismo é muito bom a lidar com o dinheiro dos outros – o nosso! Recordar agora o exercício de minha mãe Arminda equilibrando o orçamento do lar, fazendo comícios às galinhas na capoeira coberta a zinco lá na Rua José Maria Antunes numero vinte e dois na Maianga da Luua.
Um prédio com arcos construído no rigor da salubridade colonial, na casa dos fundos a dar para o pátio da cantora Sara Chaves, quase mesmo no início do Catambor. Lugar que nem sabíamos que não era nosso porque eramos brancos de pele e colonos de condição. O tempo tratou de nos dar a seguridade dos hipócritas filósofos que falam com as latitudes e algoritmos dos rumos de cada qual como fossem os senhores do outro, que tu não és daqui, vai para a tua terra fazer semeaduras e tratar da casa do senhor teu feitor…
Dona Arminda, sozinha falando com rispidez com as poedeiras pedreses num canto do fundo do quintal, logo a seguir ao tanque de selha e depois da mandioqueira que só dava sombra: - Ou vocês põem ovos ou corto-vos o pescoço - vão prá panela fazer de cabidela! E, elas punham ovos grandes! A vizinhança só queria os ovos da dona Arminda porque pareciam mamões da Luua. Sim! Isto decorria numa rua do bairro Maianga com cheiro a acácias rubras e zumbido permanente de cigarras, um calor de trópico.
O dinheiro que Dona Arminda fazia, dava decerto para comprar um peixe-espada à quitandeira que sempre parava naquele número de rua e, aonde apregoava do seu jeito jeitoso, chamamento do peixié sinhola – tá fresquinho, compra só! A vida assim gerida de toma lá dá cá compara-se aos governantes do M´Puto que não também não fazem milagres sem ovos; Eles, vindouros daqueles outros descolonizadores, andam cansados…
Inventando regras a definir como e por onde andar por forma a agradar à velha carência dos recursos nacionais, incentivam o pessoal a ir ao café, ao teatro, aqui e ali e até à praia notando-se que estimulam da forma que julgam mais certa para e, como as galinhas começarem a chocar ovos, fazer omeletes, pataniscas e trespassá-las em dinheiro porque senão ficamos à rasca. Ainda se tivéssemos uma colónia, se tivéssemos colonos, se e, mais se…
Um esforço para desentorpecer a apatia amarelada dos rostos encafifados num desespero entorpecido dos galináceos - eu, tu, ele, nós, vós, eles – todos! A realidade que ninguém conhecia é bem complexa ao ponto de tornar rapidamente os cabelos brancos por tantos ansiolíticos tomados por quem tem esse cariz de ambição – de ser governante; com tanto nada e tão pouco incerto, muito fica por explicar na inactiva justiça, na improvisação da educação…
Muito fica por explicar prever e acudir incêndios das matas, repensar num interior desvalido e o crescer de palpites tendo o improviso como sorte dum instinto. Tudo isto com comentadores cambutas, longos e oblongos a zurzir à perna inflacionando sortes e azares como se tivessem o futuro na ponta dos dedos ou o tivessem comido por inteiro com arrotos de carapau frito bebido com morganheira tinto ou verde Casal Garcia…
Foi neste então que recordei aquele mítico provérbio africano ”a chuva bate na pele do leopardo, mas não lhe tira as suas manchas” aonde para além da onça, do leopardo e da chita existem a hiena e o mabeco que também as têm. Bom! Agora que sou zebra noto ocorrer-me o mesmo fenómeno em manter as riscas mas agora, mesmo que chova ou faça sol, acontece um outro pormenor – também me embranqueceram no decorrer do tempo…
As riscas irregulares das verdadeiras zebras são para fazer com que o leão fique tonto ao persegui-las perdendo a noção e desequilíbrio. O facto de todas correrem em simultâneo causa o efeito psicadélico e, o que era, fica turvo com tantas riscas a se moverem. Às tantas as ordens variam conforme o desequilíbrio pois! Fique em casa ou, saia e vá às compras, movam-se mas, há um mas: não desconfiem átoa. A natureza ensina muito a quem se detém a observar os mistérios tão perfeitos dela…
É por estas e outras que uma grande parte das pessoas com quem vou tendo contacto, sentir-me desiludido! Posso até perguntar ao mundo e para quem me lê, que interesse poderá ter no dizer de lindas ou ortodoxas de alguém com falas tão cheias de façanhas agigantadas, quase-quase de soberba superioridade. Para quê? Fica tudo assim como uma nítida imagem de uns tantos petulantes que não perdem a oportunidade de afectar as minhas sensibilidades, os meus cheiros, as minhas impressões como se fosse um desmilinguido…
O Soba T´Chingange
UMA T´XIPALA ANTIGA . Parte da minha lenda – 19.06.2020
O sol tem ondas de ferroadas quentes que machucam na ida da vinda de nossos dias - Crónica 3031
Por
T´Chingange – Nos Al-Garbes do M´Puto
T´XIPALA: - Fotografia, cara, rosto, personalidade, carácter
Fugindo de criaturas maléficas invulneráveis aos sentimentos alheios, registei os meus afastamentos em vídeos e, entre dezenas de cassetes e, de-quando-em-vez, revejo os bafos de boa sorte nos ousados e longínquos sítios de África sobretudo aqueles aonde surge a alma de um evento, alguém ou alguma coisa transparecendo essência vital, uma longa fila de órixes caminhando sem destino no topo de uma alta duna do Namibe, Sossusvlei ou Naukluft, uma verdade de beleza como transparência espiritual.
Figuras rarefeitas, diluídas na essência dum ar que tremeluza no calor da miragem, também do que se pode ver em uma folha de Outono ou na textura de uma velha casca de árvore com um lagarto pré-histórico camuflado. São formas escorregadias da realidade guardadas em meus armários que preenchem o quase-tudo do grande nada de minhas vivências.
Ao observá-las com verdadeira atenção, transformam-se em centenas de momentos sagrados, só meus. E, sempre na busca de uma vida interessante, aventureira, apaixonada e diferente, rumei a África procurando-me entre anharas, savanas e desertos de longas e altas dunas, lugares do cu-de-judas ou terras do fim-do-mundo sem os banais pormenores das urbes, grandes metrópoles com gente empoleirada até ao céu; África de exotismo quanto baste com coisas e animais incomuns.
Lugares de sermos confundidos como caçadores de elefantes por tanto pó salobro das tortuosas picadas, expostas ao sol impiedoso; ao calor abrasador dos dias e dos frios cacimbos húmidos a envolver noites com manto de espesso escuro; bem perto uma hiena parece chorar ao redor de uma carcaça fedorenta, carniça de vida sobrevivente.
Lugares aonde a adrenalina delira em pavor loucos, inundados e imundos de situações fatídicas, substituindo o ar dos pneus por capim cortante. A coragem indomável de conhecer a África profunda, surgia-me naturalmente desde que ainda moço me tornei kandengue ao devorar um cacho de bananas oferecido por meu tio “Nosso Senhor” vindo do M´Puto, ao som dos apitos dos vapores “Mouzinho e Uige” da Companhia Nacional de Navegação.
Com meu pai colono de papel passado e creditado na tal CNN e, assim, crescido na idade, não foi necessário beber kat´chipemba com pólvora, uma mistela incendiária que deixa as entranhas em chamas para enfrentar os matos com coragem. Nestas voluntárias tarefas de aventura com aflição, os vómitos de radicais experiências foram surgindo entre bichos cambulando cacimbos com marufo de kassoneira, ofertas de N´zambi e gente com vestes de loando, amuletos reluzentes, tilintando seus toucados e penduricalhos nos artelhos; de muitos, por demais, zingarelhos.
Então, falando com meus botões nas frinchas dos tempos, neste mundo confuso, serei sempre um genérico cidadão ou um sem-terra por não me poder definir como genuíno nessa escolha; assumidamente, não pertenço a lugar nenhum. A minha terra biológica deixou-me ao deus-dará e, até meus sonhos penalizam o recordar dos tempos em que a vida se expressava com fluida vivacidade. Daí ter renascido como Niassalês do bojo de um vapor que o tempo também enferrujou – NIASSA…
Fazendo dela e no agora, uma miragem chamada de N´Gola, na noite passada entrei numa sonhada toca grande mais parecendo uma galeria de mina abandonada e, vendo sair dum buraco lateral uma nuvem de pó para ali me dirigi e, foi de lança em riste que piquei de morte um lobo zombando de mim. Deu um uivo esquisito e por ali ficou prolongado no próprio sangue. Nesse instante, apercebendo-me de algo estranho atrás de mim, virando-me, deparei comigo mesmo, uma imagem nítida de quando rapazola, usava calças com um cinto de fivela enorme. Imaginem só, um chefe de quinas da Mocidade do M´Puto…
Assim como uma foto amarelecida no tempo, estava pontilhado de minúsculas cagadelas de mosca de sexo indefinido. O penteado com o risco ao meio parecia ter brilhantina de óleo de cedro, daquele que faz brilhar as madeiras dos imóveis mas, eu não era nenhuma escultura de pinho nem de pedra e nem vi caruncho ou salalé enfarinhando vestimentas ao seu redor. Não é normal lembrar-me dos sonhos mas este ficou grudado na testa ou no templo da alma, esse olho do além que paira nas cúpulas das catedrais.
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
Crónica 3030 - ENCONTRO COM A NATUREZA
No reino da AROEIRA - 15.06.2020
Por
T'Chingange - No Sul do M´Puto
Se alguém não nascer de novo em cada dia, não poderá ver o reino que o cerca. Hoje, saí cedo para ver o mar até seu horizonte curvo, apreciar a multiplicidade de plantas autóctones entrelaçadas à beira mar entre longos penedos com poças cheirando a poejo. Geralmente, passeando nas veredas íngremes, vou reflectindo na sociedade que nos cerca e apercebo-me o quanto nós, aqui é álem, aonde quer que o seja, desenvolvemos a tendência de julgar com desconfiança pessoas que demoram a tomar decisões porque tudo anda muito rápido.
Admiramos líderes e seleccionamos auxiliares que são resolutos, característica fundamental em diferentes momentos da vida nossa e do país em que vivemos. Talvez não devêssemos ser tão apressados em julgar os hesitantes, mas há algum tipo de riscos para quem hesita: a consciência pode cauterizar, o primeiro amor pode ser perdido ou mesmo um desnorte, pode surpreender. Enquanto galgo pedaços de quilómetros, aprecio a flor do tomilho engavelado entre arranha cão e aroeiras invasoras e num emaranhado de ervas ressequidas, vejo um zimbro com bagas vermelhas. Depois em turbilhão revejo aleatoriamente coisas e loisas sem um ajuste certo nas urgências pensadas, revendo-me na experiência dum tal Nicodemos que insistiu meu torpor exemplificando outros pensamentos.
Mestre entre os judeus, estudioso das Escrituras e membro do Sinédrio, ele se sentiu atraído pelos ensinamentos de Jesus a quem procurou escondido pelas sombras do preconceito, do receio e das tradições. Cristo foi em dado momento muito claro a este personagem Nicodemos: acima da cultura, do conhecimento da doutrina, da posição social e política, dos títulos e prestígio, ele necessitava nascer de novo, tornar-se nova criatura. E, porque também renasço de novo em cada dia, olho as cores dum jardim à beira mar, perto de mim e, com minha própria sombra perseguindo-me, atezanando-me...
Nicodemos acreditava em Jesus como o Messias, mas sobrava-lhe hesitação e determinação para confessá-Lo publicamente. Só sei disto porque pude ler no livro da Bíblia tendo-me chamado à atenção para esta minha caminhada - num misto de reflexão. Um novo silêncio envolveu Nicodemos até que o vemos no Calvário diante do Cristo crucificado. Não havia mais nenhuma razão para hesitar, e a decisão foi expressa no oferecimento de um túmulo para o Salvador.
Paradoxalmente, quando tudo pareceu perdido, sob a sombra da natureza enlutada, a visão dele, Nicodemos, ficou mais clara ao cuidar do corpo morto de Jesus. Pois, assim estou, afagando aqui e ali rebentos de vida dando flor, uma pedra que rola como sendo um osso seu petrificado. A vida de Nicodemos nos ensina que o caminho para a vida eterna é um caminhar incessante de alguém com alguém, para alguém, no qual ambos se vão conhecendo cada vez mais, entrosando-se como agora o faço em exercício – copo e mente. Esta é a trilha, a minha vereda cascalhuda - Um mistério...
O Soba T'Chingange
FRINCHAS DO TEMPO - janelas para a vida – 29.05.2020
Xicululu; - Olho gordo - 11.06.2020
Por
T´Chingange, no Sul dos Al-Garbes
Na hora certa, só tu existes para decidires como fazer teu caminho sem a ajuda de um qualquer guia saído dum outro ventre como tu - As leis da natureza dizem que independentemente do estatuto parental, todos nascem pelo mesmo local, nus e ateus… A ESPERANÇA é a fronteira que consegue manter a condição social e financeira de pobres, pensando ilusoriamente de que um dia, o euro milhões ou o lotofacil o fará rico e assim, comprar uma vivenda na Ilha de Zanzibar em frente a Dar es Salaam…
Desde o Cabo e, há três anos (2017 e 2018) numa viagem a 40 quilómetros à hora em comboio Xoxolosa, sempre para Norte via Tanzânia, de novo recomecei a viagem ao sonho inacabado, lembrando-a nesta data da desgraça - ano de 2020. Assim parado, abrindo e fechando janelas para falar com o Loureiro, árvore do vizinho alemão, recordo-lhe o meu trilho de Johannesburg a Dar es Salaam nesse tal comboio azul. Não será muito normal falar a uma árvore mas e porque o mesmo foi interrompido pelo medo dos Boco Harans fiz a pergunta a esta por modo a saber também de seus medos.
A não ser uma breve inclinação da ponta esguia nada disse… Bem! Os Boco Harans praticavam suas safadezas lá no lugar de Rovuma de Moçambique e, em Mbeya da Tanzânia, viramos a Sul para onde não estava previsto – o medo comanda a vida, conclui meu monólogo. Como seria possível acreditar uns tempos atrás que estaria agora a falar com uma árvore que sendo nobre era muda. Num qualquer momento a tua atitude diante das dificuldades da vida ou por via dum desconhecido entrave, dependem da dimensão de tua fé e preparação espiritual para venceres recorres a refúgios e subterfúgios; é o caso.
Se tens um Deus falsificado, qualquer problema será uma barreira na tua visão. Eu que queria ir a N´Gorogoro ver os pastores esguios saltando suas alturas fiquei colado ao meu lugar subjectivizando um ponto e vírgula num ponto final paradigmático, divergindo nas fontes de referência - um monstro minúsculo chamado de “covid”. Estaremos no propício tempo de purificar a intensa comunhão entre a proximidade e a distância conjugando-a com o logaritmo da curva chata. O ser humano é contraditório; gosta de pequenos deuses, afeições apenas para acalmar a consciência como “chaveiros”, “amuletos, “figas”, “cruz de David” entre outros. Por repetição faz isso de forma automática e por isso acaba acreditando em sua intuição com medo.
Assim limitado, acompanha sua crença confiante mas, haverá um certo dia, um certo lugar que a tragédia pode chegar de forma inesperada e é diante das circunstâncias difíceis da vida, num momento, num repente, que se descobre que todos esses pequenos conceitos intuitivos caem por terra como meros paliativos. Paliativos que nada fazem mudar; que nada resolvem porque num repente dependendo de factores adversos, te sentirás nesse então na pequenez dum nada - numa ilusão caída em desânimo e sem aparente recurso! Hó santo Deus, porque fazeis isto comigo!?
É essa realidade que levará um de cada um de nós a suplicar autoconfiança perante um Santo Graal bem na cave duma ligação secreta com acesso directo ao cofre. Cofre contendo os montantes do lay-off e, todos os rendimentos mínimos para um qualquer cidadão continuar vivo. Assim, de cavandela em cavandela, desperto no m´Puto a viver um momento terrível covidesco confrontando-me entre milhões de zorros mascarados: - “Estou aflito e necessitado.” Da perspectiva humana, parece não haver solução - como ter forças sem delírios nem lágrimas para lavar o coração da angústia que sufoca esta tensão, este medo alavancado por cada qual com palpites de suco de beterraba e muito limão a controlar o PH da vida.
E assim, num dia que segue um outro, contando as rachaduras do tecto, falando com a osga gorda, como pode uma multidão protestar em casa com a morte dum cidadão negro lá nas américas? O Deus dele não estava acima de qualquer outro deus e, mesmo suplicando não foi ouvido pelo Deus nem policias bófias brancos... Sendo evidente que quem respira está a resistir, confrontando-se com uma ilegalidade, um quase crime, porque em verdade, uma pedra aceita sem nada dizer a imobilidade noé!
Qual é o drama que você vive neste momento? Qual é a tragédia que parece destruir a vida de alguém que pede para respirar! Sentir-se indefeso, incapaz de fazer algo para se ajudar, limitando-se a morrer. Antes de iniciar a caminhada destes dias, separe uns minutos para meditar na grande estranheza da sua própria história não coincidir com aquele a quem Deus o não livrou por usar uma nota de vinte dólares falsificada! Eu, que trago na carteira duas notas sujas, mas verdadeiras, trazidas da Tanzânia que me servem de talismã, dava-lhas de boa vontade - para o ver continuar vivo!
O Soba T'Chingange
T´Chingange - (Ot´chingandji) No Sul do M´puto - No Barlavento
Dos mistérios do tempo em que as palavras picavam em mim uma grande gastura, só o tempo deu justa noção desse pensar desconjuntado. De novo, uns dias atrás tive de repor minhas palavras passe num telemóvel oferecido por minha companheira que que todos teimam em dizer “a sua esposa”. Numa velocidade estonteante, o malvado, ainda tenho o dedo a um quilómetro e já ele está mudando de parâmetros a fazer desaparecer o que antes tinha escrito o que me leva a chama-lo de muitos nomes de sundiameno para toparioba e outras frágeis ternuras.
Temeroso, intrigado, até fiquei uns dois dias retendo o pedido enquanto ia recebendo muitas outras, gente nitidamente ligada às coisas litúrgicas, pastores, eruditos até às pontas dos cabelos e comedores de bíblias. Gente de muita religiosidade; uns abraçados a santos, outros acendendo velas botando fumo pró céu, e outros ainda mostrando o Espírito Santo na forma de pomba tão estilizada que tive de a virar de lado para a ver na perfeita nitidez. Fiquei assim a saber que existem no mundo mais igrejas do que hospitais.
Resposta de imediato: Não te metas nisso! Nem penses! É um truque para te apanharem e, depois nem as cuecas te deixam! Pópilas! Seria mesmo Nosso Senhor? Lembrei-me em seguida que tinha mencionado dias antes, algo de que Jesus cansado das trapaceirices humanas quis ir para o pé dele, seu Pai, aos 33 anos; demasiado novo, diga-se! Foi quando entendi que afinal este entendimento de tu cá, tu lá já tinha acontecido e assim, passando o medo entre os pingos da chuva, agradeci-Lhe! Não totalmente fiado porque o seguro morreu de velho, fazendo gaifonas com as palavras, recriei uma esfarrapada desculpa para dizer não ao meu Santo, supostamente falsificado de faz muito tempo. Numa lengalenga de como já me conhecesse, o santo António, disse que eu era um desnaturado e mal-agradecido. Este impasse, assim ficou!
Não vem mal ao mundo, mas isto sempre me sofragou entre os desprevenidos; Há uma construção de sensações de estranheza que os últimos tempos sempre se declinam duma forma pandémica. Num repente vamos ao quintal e falamos só com as folhas da bananeira que irão enrolar o bolo da sanzala, carne de galinha moída e levada ao forno como se estivesse na fazenda Babilónia lá num lugar distante aonde o vírus safado não chegou. Na beirada de um Mundo estranho, tentamos saber o que se vai fazer no dia seguinte a esta véspera.
Este vírus, notoriamente, expõe fragilidades nesta relação com a natureza. Assim, não abusando das folhas do Loureiro até me envenenar, revejo-me na doença dando-me uma certa consciência na duvida de dar àqueles que nos representam a permissão de continuar nesta vida mole e, confrontado entre os exercícios de poder sem nada fazer, dos governos das pessoas sem questionar a felicidade que sendo efémera, não se consegue definir, ficando num só sentir. Lá terá de ser!
RECORDAÇÔES ANGOLA
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