MOKANDA DO EDU
A HISTÓRIA DA VIDA - Apalpando as medidas recordadas – 14.10.2020
- Crónica 3068
Por
Eduardo Torres
As escolhas do KIMBO.
Sete anos depois. Sete anos se passaram em que eu e as minhas duas filhas viajámos até África, com destino à Namíbia aproveitando para nos deslocarmos Angola. Tivemos assim a oportunidade de voltar ao Lubango, Benguela, Lobito e Moçâmedes. Claro que encontrei diferenças, volvidos tantos anos passados, desde aquele domingo de Agosto de 1975 em que deixei definitivamente a minha terra.
Deixei desgostosamente a minha terra para garantir segurança e sustentabilidade económica à família; foi uma aventura que felizmente teve um desfecho optimizado e, até ultrapassando as minhas próprias expectativas. Encontrei diferenças suficientes para já não me identificar com aquela cidade que sempre amara e continuo a amar.
Ao deixá-la, também o meu nome ligado a inúmeras moradias nos vários bairros, prédios e, essencialmente na colaboração de obras municipais, ficaria solto ao vento do tempo e das politicas de governação. Entre outras aponto o edifício do Pavilhão de Exposições, a esplanada capela à entrada da feira, Pavilhão da Tundavala, tudo projectos do arquitecto Ludovice, como urbanizações dos bairros de Sto. António, Benfica, da Serra, e outras espalhadas pela cidade fruto de sua expansão.
Sá da Bandeira, a actual Lubango, era uma cidade ordenada e limpa, porque obedecia a normas urbanísticas e de projecção de expansão futura; o que encontrei nesse então foi uma cidade desmesuradamente grande e suja, com um crescimento atabalhoado e sem disciplina. Compreende-se, devido ao acolhimento de quem fugira a uma guerra incontrolada, como incontrolada era a construção de casotas feitas a qualquer preço, em qualquer espaço vago e sem regras urbanísticas.
Uma cidade que deixei com cerca de 100.000 habitantes, e que fui encontrar, segundo informação, com quase um milhão. Uma cidade envolvida por uma outra envolvente que se formara em seu redor, tornando-a grande. Manifestamente muito pouco ou nada já tinha a ver com a outra que deixara às pressas. Hoje não sei como funciona, mas penso que uma integração harmoniosa o quanto baste, não será fácil de conseguir.
Sei agora, pelos documentos fotográficos que tenho recebido, estar com um aspecto diferente para melhor do quando a visitei à sete anos (2013), Noto estar a ser recuperada, crescendo de forma mais ordenada com bairros novos bem integrados e, que o governador tem feito um trabalho merecedor da minha gratidão.
E, porque no meu corpo continua a correr o sangue da terceira geração da descendência da primeira colónia madeirense, relembro o suor com dor, lágrimas e amor com que se abriu os caboucos que delinearam a cidade que viria a ser o Lubango, cidade aonde nasci. Aos velhos será cruel deixá-los privados de respostas e será de bom senso até, não se lhes fazer perguntas de passados não amistosos porque dos muitos dias, das muitas noites, das muitas injustiças pode sem se o querer, saírem à luz do tempo a mostrar às gigantescas presenças de gente que foi ferida.
E, daí abrirem-se gavetas com choros, ou mesmo gavetões, com ossários feitos pó. Que importância terá, saber-se agora se a mulher de Lot, em Sodoma, ao olhar para trás se transformou em sal-gema ou sal marinho ou, até saber se a embriaguez de Noé, foi de vinho branco ou de vinho tinto se neste agora, sabemos nada poder mudar. Agora temos alternativas e até podemos ajudar sem rancor, os vindouros sem nunca esquecer os obreiros que tudo começaram a partir de singelos barracões cobertos a colmo…
ECT
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