FALANDO COM UM CHARNECO
Crónica 3087 - Charneco é um pássaro - 30.11.2020
Por
T´Chingange - no M'Puto
Taciturnado no meu ovo feito casa, sentei-me bem a modos de ver esse pássaro de nome charneco para lá da janela. Assim sentado, podia vê-lo chiscando na terra humedecida, vacilando-me entre estar num sítio ou num estado de sítio.
Na veracidade dum estado perturbadamente vergonhoso, sinto que vivemos em um estranho tempo de vitimização sem aquele espaço próprio de também me poder chiscar, tal como este pássaro da família dos corvídeos.
Assim, estando como que entalado entre a ideologia e o manto da ciência, vejo-me enroscado nos zingarelhos covardes da melancolia ciscando no chiscar do charneco egoísta. Todos nos encontramos mergulhados na banalidade quotidiana dos gestos e das frases repetindo aquelas ansiosas falas de todos os tempos e, de todos os lugares. O Mundo está uma ervilha! E falam, falam pelos cotovelos. Assentes numa mesa quadrada todos explicam assuntos bicudos, periclitantemente covidesco…
Às vezes pagamos caro pela tentativa de resolver situações complicadas agindo sob o calor das emoções, especialmente negativas. Mas, neste estado catatónico deveremos utilizar todos os recursos disponíveis na solução de problemas, com a perspectiva de êxito.
Mas, existem circunstâncias diante das quais tudo o que temos a fazer é esperar. Convém lembrarmo-nos de que, é “na quietude e na confiança que está nosso vigor". Sempre que nos deparamos com grandes desafios ameaçadores, é natural que o medo se imponha a nós.
Entretanto, não devemos permitir que ele assuma o controlo. O medo enerva-nos, deixa-nos ansiosos, mas deve ser vencido com fervente e confiante oração. Quem sabe se movidos no medo, assim sairemos do mundo zumbi...
Os negócios da economia estão sendo sacrificados num altar do suposto, aqui no M'Puto e, em muitos lados. No evidente estabelecimento de regras, assim é. Leis canibalizadoras de prosperidade causadas talvez pelo abuso de poder.
A situação é dificultada pelo cerco do mando e a ideologia mantendo a nomenclatura no controlo e, considerando os demais como um exército inimigo. Nada nos resta, senão a expectativa de destruição ou a operação de um milagre, supostamente.
Estamos perdendo o nosso capital, nossa prosperidade por via de decretos arbitrários que a seu tempo nos escravizarão ao subsídio.
Aqui e, no resto do Mundo, o abandono de milhões de empresas e sequente desemprego, são uma realidade. A ética do medo desune-nos sem uma verdadeira certeza de assim ser, pelo melhor! Resta - me falar com o charneco...
O Soba. T'Chingange
MUXOXO DO T'CHING
LIXO ELECTRÓNICO... Nem o Espírito Santo escapa.
Crónica 3086 - Portugal e os bafos dos desabafos… 24-11.2020
Por
T´Chingange – no Algarve do M´Puto
Fiquei vários dias sem ler meus e-mails, por via da jardinagem e leituras para fazer. Meus amigos reclamam meus cazumbis, missossos e muxoxos com ou sem chuva no meio deste mau tempo pandémico. Hoje, tive um tempinho e, acedi à internet acabando por ficar irritado com a quantidade de lixo; bagunça que havia em minha geringonça, uma chatice...
Bom! Este é um tipo diferente de lixo! Não cheira mal, mas recebe o nome de "lixo electrónico" pois são mais que muitos e enleados assuntos de banha da cobra ou do dragão que fuma. Todos sabem que estas mensagens indesejáveis, conteúdos electrónicos, incomodam e atrapalham nossos afazeres ou lazer de até dar dores de dentes mesmo a quem nem os tem…
E, surgem os famosos Spams - mensagens comerciais enviadas para muitos endereços ao mesmo tempo que para além de congestionarem nossos computadores saturam até os provedores...
A única defesa de nós, usuários, será os antivírus. Eles são capazes de filtrar a maioria das mensagens indesejáveis embora por vezes até estes fiquem fora do ar por incompatibilidade. Quem usa a internet, não pode dar-se ao luxo de não ter antivírus em sua máquina! Meu Kaspersky resolve quase tudo mas até ele, por vezes, tem de recorrer ao Espírito Santo...
Tudo isto, porque existe muita gente má recorrendo à inteligência artificial para separar o trigo do joio e a quem a usa, só no intuito de prejudicar os outros fazendo disso um prazer. Sua mente é como o HD de um computador com um “sistema operacional” que distingue você dos animais irracionais. Para além desses dados que fazem de você um ser único, existe espaço para muitas outras informações conforme os programas, o software que escolheu instalar.
Nós temos o direito de usar a máquina do jeito que se quiser; pode programar sua mente para ser uma bênção ou uma maldição - uma lixeira ou um local onde são guardadas informações úteis. Você é quem decide!
Meu “quase” vizinho que é evangélico, diz ter instalado o mais poderoso e gratuito antivírus do Universo: o Espírito Santo (palavras muito repetidas dele...), pode!? Bem! Acho que isso será uma forma de suprir carências intransponíveis (só ele saberá dos tractos que tem com o paralém...). Bem me parece estar ligada a uma parabólica celestial…
Pelo que sei, hardware são os componentes físicos de um computador, como o monitor, a placa-mãe, disco rígido (HD) e teclado, enquanto o software, é um termo técnico que foi traduzido para a língua portuguesa como sendo o suporte lógico. Uma sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redireccionamento ou modificação de um dado ou acontecimento, noé!?
Pois! Meu “quase” vizinho, evangélico militante, chato como a potassa, teima em afirmar que é “Ele” que nos guiará e ajudará a filtrar as informações recebidas. O "Ele", é o mesmo meu tio Nosso Senhor que tanto tenho aqui referido (só que não o sabe...). Ainda hoje me disse: Não deixe o diabo destruir seu HD...
Nota1: Publicado em Página Kizomba do Facebook a 19.11.2020; Nota 2: o “quase” do vizinho, tem a ver com o seu malfadado feitio de fazer chinfrim por tudo e por nada e pensar ser um ser mais relevante por falar francês de França…
O Soba T'Chingange
MALAMBA É A PALAVRA...
Crónica 3085 - Apaziguando rijezas adversas - 23.11.2020
Por
T'Chingange – No M´Puto
De acordo com um dito popular, há três coisas que são irrecuperáveis: a flecha atirada, a oportunidade perdida e a palavra falada. Pascal, filósofo e matemático francês, afirmava que “a maior parte dos problemas do ser humano é decorrente da incapacidade que tem de ficar calado"...
E, como cada qual tem no corpo um pecado de qualquer crime por pagar, de facto, uma verdade incómoda para todos nós é de que, muitas vezes, sabemos exactamente o que precisa ser dito em diversas situações, mas não dedicamos tempo suficiente para pensar na maneira acertada em como as coisas devem ser ditas, noé!?
Quando se trata de controvérsias, ou quando há necessidade de falar contra algum erro, sabemos o que deve ser dito, mas falhamos por vezes na forma como o dizemos... E, por isso, apresentamos o que nos parecerá plausível; porém, a palavra muitas vezes, sai desprovida, sem intenção ou sem o esforço de uma conversinha adulta na suficiência...
Dizemos o que precisa ser dito, mas com aquela ponta de arrogância que causa agressão verbal nas malambas precipitadas ou até avermelhando os olhos por só se falar pedacinhos de palavras constipadas de angústia.
Muitas relações fracassam por via de agressões verbais ou palavras precipitadas. Sabe-se que, durante a infância, algumas, muitas pessoas desenvolveram uma personalidade complexada ao ser estigmatizada com termos pejorativos.
Quantos amigos já foram separados por causa de palavras inoportunas. Conflitos teriam sido pacificados, caso fossem usadas palavras brandas por uma das partes. Transgressores poderiam ter sido recuperados, caso a verdade lhes tivesse sido dita com palavras menos graves...
Não haveria tantas reputações destruídas e caracteres manchados se a palavra maledicente não fosse dita. Há tanta gente que poderia ser curada de suas feridas emocionais e espirituais se tivesse encontrado alguém que lhe dissesse a palavra sem abelhudice!
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” foi o que li e até retive que “A morte e a vida estão no poder da língua” - reli algures... Na ânsia de sempre arrumar alguma coisa, solicito-me mnemónicas próprias de antigos responsos: Por São Brás! Por São Jesus, passo aqui sem levar a cruz! Com mil outros assuntos vagos e sem interesse, entre muita tolice, tenho em mãos uma fútil preocupação espantando a visão de ver bolos-reis deitados ao lixo, tendo tanta gente passando fome!
Amanhã! Amanhã! Calculo eu, saberei tudo; nada de desanimar! Sem saber porquê reconheço-me muito mais depois das resistências postas ao meu futuro; mas que futuro? Qual a medida verdadeira do meu apreço às notícias que correm, das intrigas internas e externas, das guerras sem apreço e sem medida, tolas quanto baste a somar aos muitos sacrifícios com desmandos…
Feliz semana...
Nota: Esta Crónica sai também publicada em Facebook na página Kizomba...
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O Soba T'Chingange
NUM TEMPO COM CINSAS - AZUCRINADOS - Portugal e os bafos dos desabafos… Crónica 3084
Meu futuro é amanhã! Ontem, foi meu prefácio… Termos de acreditar que algum visitante do futuro nos traga toneladas de esperança para se acabar com a crise… 21-11.2020
Por
T´Chingange – no Algarve do M´Puto
Despairecendo meu espírito, olhei-o escondido com medo do fogo e do capeta feito diabo que sai por toda a parte lambendo os beiços. Com modos sortidos, nas entrelinhas, esbarra em lugares de kotas mais velhos e, assim átoa feito peste, quebra a renitência da idade. E, porque não posso tomar medidas energéticas providenciais, requebro-me nas charadas alcoviteiras para enfeitar penicheiras provocatórias, estendendo a crítica a vulgares patifarias de caixeiros feitos doutores e, até políticos…
Engomando, cozinhando, ou limpando-nos o pó como se fôramos trastes dum estado só deles, precisamos de algo a que nos apegarmos para que a fé não vacile para além do suficiente. Na vontade de fugir espantado, remoçado, muito inchado de iguarias macabras, algumas idiotas, meus espíritos passeiam-se-me no cérebro às apalpadelas azucrinando-me.
Sem a preocupação gramatical, com o sujeito cutucando o verbo mais o predicado…, sem a métrica do fado, uma emergência confusa deste tempo, sem uma rima versejada por poeta que se preze, esganiço-me a fazer conversa sem sobejar esforços de conversinhas, na fé da promessa e até, sem a vergonha de estar esmolando metáforas antiquíssimas. Ninguém ainda sabe, só umas raríssimas pessoas de olhos rasgados…
Jogando búzios na zuela do feitiço, com algum esforço intelectual, remexo panelas de caldeirada muito me convencendo da inutilidade das bagatelas que nos preenchem o dia, refugiando-me atrás do balcão de minha modesta venda de vaidades. Metendo num pão que vai ao forno os trocadilhos e chouriço e enquanto espero, vejo os estudos feitos pela OMS que apontam uma estatística mundial como havendo 300 milhões de pessoas, de todas as idades, com depressão, considerando ser este o mal do século…
Algum tempo atrás, desconhecia que podíamos fechar o tempo dentro de casa, atazanado comecei a beber dez gotas de cannabis para truncar as vicissitudes misturando o gosto estranho com kefir, um pouco de café pilão e um pouco de mel. E assim, meto também num pão tipo croissant os trocadilhos com chouriço, por vezes morcela, no fim de sentir algum prazer de viver…
Escrevo isto olhando para a árvore gigante que meu vizinho alemão da Alemanha construiu no seu quintal, a mesma que me tira o sol de inverno porque baixou demasiado no varão, agora ensombrado; lá estão as duas máscaras que foram lavadas com sabão macaco mas, ainda não sei quanto tempo o capeta pode ficar naquela superfície de pano.
Menos mal que o meu outro vizinho que veio de França e, que tudo indica ser evangélico está com o Espirito Santo. Deste modo lá serei abrangido nessa coisa do wifi… O tal padrão Wi-Fi que opera em faixas de frequências que não necessitam de licença para instalação. Acho que também serei apanhado no leque de ondas embora o tipo, tenha subido o muro até aos limites da minha altura só para não ver sua filhinha vinda das arábias a fumar por aqueles esquisitos cântaros com uns tubos de fazer borbulhar o Alibabá...
Ainda que eu falasse a linguagem dos santos, para além de me ser exigida a fé suficiente, teria de me posicionar diante da minha intuição; os meus olhos teriam de me fitar, de me desafiar a enrolar silêncios nas pretensões, sem me sentir temeroso e, quanto a isto, enfeito-me de liberdade com a suficiente e possível humanidade sabendo de antemão que viver, mesmo, é um descuido prosseguido…
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO M´PUPO – 16.11.2020
Crónica 3083 - Apaziguando rijezas adversas, perfilando anjos com a singularidade do mundo
Por
T´Chingange – no M´Puto
Manter a alegria acima de um certo limite, hoje, é quase crime porque dentro de quadrados ou círculos até a criança de forma precoce aprendem a geometria do mundo da peste. Teremos até de esquecer o natal que se aproxima, mantendo no topo o lema: “O corajoso escolhe o caminho certo”.
Euclides que foi o pai da geometria, um centro de excelência em cultura e conhecimento de sua época, convidado pessoalmente pelo próprio Ptolomeu I no largo período de A.C. hoje ficaria exuberante pelo uso de suas figuras como medida profiláctica. Ter coragem é prescindir da bússola porque o sentido de orientação virou e, caso tenhas pela frente um cruzamento, será bom rezar três pais-nossos e duas avé-marias porque os problemas podem surgir.
E, para completar nossa coragem, vem a OMS – Organização Mundial de Saúde, dizer que os humanos podem ter de conviver com a Covid-19 para sempre, tal como já se vive com o AIV e outras malazengas. Isto passa-se connosco afastando mesas e cadeiras para o meio da rua e, fazendo dos escritórios dormitórios.
E, é triste! A máquina da alegria abaixo de certa quantidade pára! Mas, basta dois dedos em funcionamento tenso para e num solavanco respiratório, colocar a liberdade no tremor do outro. Teremos forçosamente de modificar nosso caracter de existência para aprender esta permanente transitoriedade.
Por vezes as coisas mudam e, os vistos de trânsito caducam, quersedizer invalidam-se. Agora lá terei de esperar mais de três meses para revalidar meu passaporte; depois atestar que nas 72 horas antes, o bicho que ninguém vê, não pegou! Estamos forçosamente ligados por breves períodos na sucessão de objectivos que se suplantam. Coisas vindas do nada, viram para tudo.
Com um apagão brusco na possibilidade de movimento, subitamente o tudo, expira! O repleto ar cheio de informação, torna-se demasiado chato, teimoso. Demasiado concreto. Não obstante a curva não achata. De novo e com agrado, relembro aquela senhora a percorrer a praia de ponta a ponta de marcha-à-ré - andando para tráz para rejuvenescer-se, pode!?
As informações são variadas mas, sem brutalidade na delicadeza vão afirmando que o ar existente entre nós dois, seres humanos e, esse vazio de festa para manter cada qual, festivalando no seu círculo, no seu quadrado. A alegria fica assim verticalmente desenhada no vazio que permite abrir os braços na prumada do céu.
Só de pensar que o rádio 226 colado na minha mochila pode ficar activamente maldoso por 1600 anos, já me dá um certo alívio. O futuro desabriu depois de umas semanas trancado. Num qualquer destes dias viro pirilampo. Com tantos avanços tecnológicos, melhor seria que nos dessem um comprimido de seis meses de sonolência, enfiarem-nos num tubo de hibernação e despertar na hora certa de desembarque no lugar aprazado…
Ilustrações de Costa Araujo
O Soba T´Chingange
MEDITAÇÃO DO T'CHING
Crónica 3082 – Kiçondeando o OLHAR DA FÉ - 13.11.2020
Por
T'Chingange - no M'Puto
O que não fazem os seres vivos, mesmos os irracionais, pela própria sobrevivência? Com o passar do tempo, cabras que habitam áreas desérticas de Marrocos tiveram que aprender a subir em grupos na árvore de argan, em busca do fruto para sua alimentação. Na Itália, cabras selvagens foram vistas tentando subir 50 metros de um paredão em busca de alimento. Como seres humanos, também não nos renderemos à possibilidade de morte. Enquanto houver hipótese de viver, não a descartaremos!
Kissondeando* sobre muitas picadas percorridas, revejo-me nas vivências porque não o sou, só ossos dispersos. Pensando em kimbundo da Luua recordo falas da terra que afinal não era minha; repeti assim: “ki tuexile tu ngó ifuba iatujunkura” - ainda não somos só ossos dispersos, “ifuba yetu iokune kala jimbuta” - Nossos ossos serão semeados como sementes…
Em 2003, Fernando Ivan Ostrowski tinha 18 anos e estudava na Rússia. Em certa madrugada de Novembro, ele foi acordado pelo som da sirene e, pelos gritos que anunciavam um incêndio no residencial da universidade aonde morava.
Foi o último a acordar, mas, com muita serenidade e acalmando os demais, ele não hesitou em pular do quinto andar. Tendo a queda amortecida pela neve, mesmo assim sofreu alguns ferimentos. Com essa atitude, escapou da morte, que ceifou 36 estudantes nessa ocasião...
E, foi em um barco prestes a ser tragado pela tempestade que John Newton se libertou da vida imoral em que havia mergulhado. Na ocasião, clamou por socorro e foi ouvido. A força da fé tem milagres inexplicáveis; decerto, cada um de nós tem passagens desconcertantes em sua vida...
Mas, a incerteza faz parte de nossa natureza! "Senhor, se és Tu, manda-me ir ter Contigo, por sobre as águas!” Era este o clamor de Pedro, o pescador, discípulo de primeira linha de Jesus, o Nazareno.
Assim está escrito na Bíblia e, não se tratava de um teste! Ao convite de Jesus, Pedro começou a andar como em terra firme, até que o erro de desviar o olhar para a força do vento por pouco não o destruía. Eu, que já tive muitos kixibus, entendo que as dificuldades de meus, nossos ancestrais também kubasularam lumbus mal explicados e, conhecendo bem a ciência dos calundus, espantaram maus olhados desses defuntos espíritos da Yanda.
Sem o olhar de fé, morreremos afogados no mar do medo e da dúvida. Claro que ao longo dos anos, as falas e os desafios mudaram; uma grande parte de nós não quer seguir estas parábolas e, todos se julgando sábios ou descrentes, atiram por terra ensinamentos úteis...
Podemos assim rever isto para e, como aquele ditado popular que diz: "querendo, os homens movem montanhas". É certo que Pedro, o pescador, corria o risco de naufrágio no caminho proposto mas, ao convite de Jesus, começou a andar como em terra firme...
Repito: Sem o olhar da fé posto em nossa vida, morreremos afogados, não na água mas num mar do medo; medo da dúvida, medo de tudo... Creia ou não num qualquer Deus em que acredite, faça a sua parte e, não ponha em dúvida que o que tiver que acontecer vai acontecer... Mas e, sobretudo, não coloque outros em risco... Senão o bicho pega!
Glossário
Kiçondeando: andar como a formiga quiçonde; kixibus:- cacimbos, estação fria; kubasular:- passar bassula, dar a volta por cima; lumbu:- descendente por parte do pai; kalundu / kilundu: cerimónia de chamar os espíritos ao culto; Yanda: lugar especial, região pambun´jíla
O Soba T'Chingange
MEDITAÇÃO DO T'CHING
Crónica 3081 - VIVA A VIDA! - 09.11.2020
Por
T'Chingange - no Barlavento algarvio do M´Puto
Normalmente a morte, não é um assunto sobre o qual escolhemos conversar. Ela é repulsiva, triste e pavorosa. Entretanto, à semelhança de alguém indiferente ao que se pensa e diz a seu respeito, a morte continua sua marcha, apagando sorrisos, silenciando vozes, interrompendo sonhos...
Em seu trilho, separa amigos e familiares. Ela escolhe suas vítimas sem levar em consideração a idade, a raça ou a condição social. Às vezes, é previsível; outras vezes, não! Na prevalecente banalização da violência, ela chega pelos caminhos mais estranhos. Mas seu reinado cruel não o será para sempre.
Ela, foi enfatizada nessa certeza em sua primeira carta aos cristãos de Corinto. Faz falta sentir a segurança na continuidade. Sem isso, nossa esperança futura perde seu significado....
Assim, virá o dia em que “por entre as oscilações da terra, o clarão do relâmpago e o estrondo do trovão", a voz da Natureza nos chamará. Uns ouvirão mas, nem todos seguirão revestidos das glórias obtidas em vida, penso eu... Se o for, ficarei desiludido lá no paralém...
O sono eterno chegará inexoravelmente a todos sem distinguir nação, tribo, kimbo ou língua de falar. É sim, o conflito dum cárcere que ninguém ousa decidir ou até clamar: ‘Onde estás ó morte, qual é a tua vitória? Ou, onde está, o teu aguilhão? Aí acabará nossa ilusão...
É assim que a morte deixa de significar uma tragédia absoluta. Um dia, será cumprida “a palavra que está escrita”. A realidade da vida futura requer que a vida no presente seja digna dela. Se te portares mal, estarás lixado...
Longe de nós a ideia de que tudo o que cremos, pregamos, cantamos, ensinamos e fazemos venha a ser desperdício por causa da morte! Em vista dessa confortadora verdade, não precisamos deixar de planear e executar, sonhar e realizar... Sem desvarios, claro! Pela graça da Natureza ou de Deus, como o queiras, continuemos firmes, estáveis e dedicados. Celebremos a vida, não a morte! Ela não nos tornará seus prisioneiros para sempre.
Nossas acções farão subsistir a certeza de que o não trabalharmos inutilmente, pressupõe a existência do galardão que receberemos quando o merecermos... Claro que nem todos irão conhecer meu tio "O nosso Senhor". Em vida chamava-se José...
O Soba T'Chingange
MEDITAÇÃO DO T'CHING - Janelas para a VIDA
Crónica 3080 - EVITE DISCURSOS TOLOS - 11.11.2020
Por
T'Chingange - no Barlavento Algarvio do M'Puto
Gosto da versão hodierna feita verso: “É mais difícil ganhar de novo a amizade de um amigo ofendido do que conquistar uma fortaleza; as discussões estragam as amizades.” E, é a conversar que as pessoas se desentendem!
A vida pode ser fácil. Nós, seres humanos, é que a complicamos. Se você fizer um levantamento e análise das últimas 30 discussões que teve no trabalho, em casa, na escola, na rua, no twiter ou Facebook, verá que a maioria poderia ter sido evitada.
O conselho é: não discuta por motivos banais, não perca amizades valiosas por dizer palavras agressivas num momento de ira. Controle sua mente, seu coração e sua boca e você será assim mais feliz. Você pode destruir a amizade de toda uma vida num instante. Recuperá-la será difícil. Tenho perdido gente aproximada porque tem outro conceito no estar e, como não posso mentir-me, afronto o desaire e, por vezes remeto-me ao silêncio...
O livro de Provérbios é uma espécie de código moral de conduta mas, em verdade eles, quase sempre são ambíguos, dão para justificar uma coisa e o inverso disso ou fora do contexto. Por vezes até, ajustando-se numa qualquer metáfora ou impregada de sofismo...
Fora do contexto, poderia ser visto desse modo. Se analisar na perspectiva do todo, Provérbios são apenas a descrição da maneira como se conduzem as pessoas sábias. Já ouvi música com dois fios espetados numa batata porque virou transístor...
Os princípios de vida apresentados por um tal de Salomão não eram para serem vividos na base da obrigação. Nada na Bíblia é obrigatório mas, tenho amigos que instigam medo, dizendo que iremos para o inferno se assim e mais assado, como se já lá tivessem estado... O modo sábio de viver que os Provérbios apresentam é o resultado natural de algo que acontece dentro de você. Quando reconhece as suas limitações de criatura e vai em atitude humilde com o desejo de aprender, você ganha.
Você é livre mas, tem responsabilidades. A escolha é sua - ser verdadeiro e prudente no que fala sem radicalizar. Faça de hoje um dia de decisões sábias e acções produtivas. Cuide de sua mente, de seu coração e cuide também de suas palavras.
Valorize as amizades, não as desperdice por causa de discussões tolas. Se por algum motivo você se sentir derrotado, levante a cabeça e, use seus argumentos usando o contraditório. Só é realmente derrotado quem pára de lutar. Ah, e não se esqueça: “O irmão ofendido resiste mais que uma fortaleza; suas contendas são ferrolhos de um castelo.”
O Soba T'Chingange
NA DIÁSPORA - MEDITAÇÃO DE VUMBY
Crónica 3079 – Angola ainda vive em mim, como tatuagem de alma... 11.11.2020
- REFLEXÃO & ADVERTÊNCIA - 45 anos depois
Por
Fernando Vumby – Algures na Diáspora
As escolha de T´Chingange – No Barlavento Algarvio do M`Puto
11 de Novembro de 1975 - Um dia como este de há 45 anos. Eu estava na porta de entrada principal da delegação do MPLA em Cabinda de arma em punho em serviço de guarnição enquanto se comemorava por toda a Angola uma independência. Independência que trouxe sofrimento e mais de tudo um pouco de mau para os angolanos. Não era previsível assim o ser!
Embora e, logo de início os dados já estivessem viciados, sinceramente nunca imaginei que seria essa a Angola que ofereceríamos aos nossos filhos, netos e bisnetos que constituem hoje a maioria dos angolanos.
Com este, texto quero aconselhar os angolanos amantes da paz - gente de bem, a fazerem uma séria reflexão pois que, tudo indica que os jovens continuam na mira do regime. E, assim seja para os corromper como para descarregar sua fúria assassina, contra estes se fará sentir. E, tudo por desejarem um país mais justo para todos; anseio mais que necessário e justificado!
Mas, atenção, isto pode ser perigoso, porque este excesso de violência policial, julgamentos sumários encomendados, condenações injustas, controlo de mentes pensantes, falta de sentido de vida e perspectivas causarão dor e sofrimento. E. cada vez mais, poder aconselhar aos jovens a escolherem outras formas de resistência e se constituírem, ir ao osso, ainda mais duro de roer, será ir ao tutano. O herói dum amanhã diga-se, justamente.
CÉLULAS CLANDESTINAS COMO OPÇÃO DE RESISTÊNCIA - Já se imaginou se os jovens se organizarem em células clandestinas como forma de se esquivarem da repressão policial. Fazerem a sua actividade no escuro, desenvolver acções de grande envergadura como forma de resistência contra a opressão de que são vítimas? Cuidado, manos! É hora de se optar e de estabelecer estratégias para a resolução dos problemas sem violência incontrolável, nem os cães polícias, pois o sangue se nota hoje, mais do que antes… Estes jovens dão sinais de muita maturidade no saberem o que querem.
Por isso, aconselho aos senhores governantes e toda a sociedade angolana a reflectirem todos juntos para bem de Angola e dos angolanos. O regime sob gestão do MPLA que deixe quanto antes, em optar pelo confronto agressivo para esconder a sua incompetência. E, que deixe de olhar a luta política existente entre adversários como se fossem inimigos, assim como uma competição em que um ganha a outra parte. Angola é um todo!
A isto, se poderá acreditar no diálogo, que é a única via em que todos os angolanos podem ganhar e ficarem satisfeitos; acabar com a estratégia do ganhar por ganhar. O governo tem de ceder! Isto implica dar atenção e receber atenção (não só dar nem só receber a atenção em exclusivo). Que deixe de fabricar culpados pela sua incompetência, falta de visão e preocupação gananciosa excessiva pelos assaltos aos cofres públicos, rotina de todos os dias num trilho com 45 anos; muito longo, diga-se…
Fórum Livre Opinião & Justiça
Fernando Vumby
MOKANDA DO EDU - Nós e os bichos - Crónica nº 3078
Eles, os Leões, não sabem o que é isso de “paradigmas”
HISTÓRIAS DE VIDA - SELVA - 08.11.2020
As escolhas do Kimbo
Por: Eduardo Carvalho Torres – No Barlavento Algarvio do M´Puto
Estou a pensar no ser humano, no animal selvagem e na inteligência. E do animal selvagem, vou falar do leão, o rei da selva, e da leoa, sua companheira; das semelhanças e diferenças de procedimento entre um, o animal selvagem, e o outro, o ser humano.
Este, é dotado de inteligência, pensa, cria condições de vida, vive em sociedade organizada, estabelece um padrão de vida que evolui de acordo com o avanço da tecnologia, muda sistemas, cria interesses que muitas vezes se sobrepõem à vida para determinar a morte, tão depressa é um salvador como se torna num assassino!
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O homem tanto pode ser egoísta, como solidário, julga poder salvar o nosso planeta sendo que na maior parte dos casos está a destruí-lo. Fabrica guerras para conseguir a paz, e muitas vezes, arranja guerras porque não consegue viver em paz. E o animal selvagem? Como procede ele? Cuida do ambiente, do seu "habitat ", sabe que tem de preservar para poder sobreviver, destrói o indispensável, não polui o ambiente e procura viver de acordo com as suas conveniências.
Pratica sexo nos períodos indicados para o efeito, não é egoísta relativamente à fêmea e respeita os principios da sua própria criação. Será que ele pensa? Eu acredito que sim. O leão, mais a leoa que é verdadeiramente a caçadora, quando estendida à sombra duns arbustos, com os olhos semicerrados, de boca entreaberta, que o calor abrasa, não estará ela a pensar porque deixou escapar a presa, no cerco prudentemente efectuado e que resulta quase sempre? Porque terá falhado então?
Será precisa uma nova estratégia? O animal que escapou, esse pensará decerto que foi um golpe de mestre, que conseguiu enganar a companheira do rei, por que foi mais esperto, usou a rapidez como o trunfo forte para combater a força e a técnica da opositora. É a lei sobrevivência. O leão, ou leoa, matam apenas para saciar a fome.
Não destroem indistintamente a vida, pelo prazer ou necessidade de destruí-la. Apenas por necessidade de comer. Respeitam as leis da selva, a leoa ensina as crias a caçar, para quando adultas, seguirem o seu caminho, defende-as enquanto sob a sua protecção; o leão cumpre uma das suas funções, procriando, num ambiente da liberdade e de respeito. E o ser humano, com a sua inteligência, a sua capacidade de criar e de inovar, quem será que vive verdadeiramente na selva?
Basta olhar em nosso redor, perceber de que é capaz o ser humano para atingir os seus objectivos, matar se para isso acontecer desimpedir o caminho que o leve a atingir determinada finalidade, e quantas vezes sem a certeza de o conseguir.
A nível individual ou colectivo pode ser solidário, criar associações humanitárias, mas pode matar, criar guerras por questões politicas ou comerciais, e destruir nações em nome de uma paz inventada. Não sei mesmo onde se situará a verdadeira selva de procedimentos.
ECT
MEDITAÇÃO DE T'CHING
Cronica 3077 - Nós e, o deserto... 06.11.2020
Por
T'Chingange, no Algarve do M'Puto
É na escola do deserto que aprendemos as mais profundas lições de vida. Já tive oportunidade de atravessar o Calahári e senti a profundidade dessa vastidão; senti um milagre acontecer quando o carro que conduzia foi deslocado não sei como para o lado certo, evitando um acidente de morte e, éramos cinco - a família mais um...
A palavra hebraica para deserto é midbar e tem a mesma raiz da palavra dabar, que é “falar”. Isso é muito interessante, porque o deserto é um lugar em que a Natureza fala... Não vem mal ao mundo, dizer que a Natureza é Deus...
Revendo o tempo antigo, Moisés sabia bem do que estava falando, porque passou muito tempo no deserto. Não sei explicar direito mas, meditando nas distâncias sem vivalma, um qualquer de nós se sentirá confuso feito um pequeno grão de areia, um nada na imensidão, uma ilusão...
Você já deve ter escutado falar que a vida de Moisés foi dividida em dois períodos de 40 anos. Ele passou 40 anos aprendendo com os homens no Egipto: 40 "desaprendendo" no deserto e aprendendo com a Natureza; 40 conduzindo um povo difícil e obstinado pelo deserto. Portanto, ele passou 80 anos no deserto. Eu, pouco mais que 8 X 8 dias...
O Eterno nos leva ao deserto para nos humilhar, nos provar e nos dar entendimento tal como a Moisés que sabia bem do que estava falando... No deserto, o silêncio é tão profundo que somos capazes de ouvir a própria respiração. Ali, a Natureza consegue cativar nossa atenção para as coisas mais simples. Lá você aprende a calar-se e, ficar a sós esperando para ouvir o que ela lhe quer dizer.
Eu, ia a uns 180 kms em contramão, estrada de areia com terra quase feita pó e, naquela recta a perder de vista surge outro carro. Terra solta de difícil manobra de direcção e, inexplicavelmente sou levado para a esquerda, lugar certo na condução. Não sei como - aconteceu!
Agora, tantos anos passados, relembro o deserto como sendo o lugar da acção de Deus na vida de Seus filhos; assim leio e, assim recordo! Para Moisés, o propósito é nos deixar humildes. Algumas vezes, a Natureza tem que passar a rasteira em uma pessoa a fim de que ela seja capaz de olhar para cima.
0 destino põe-nos no deserto para nos refinar e não para nos destruir. Será este o Deus a que chamo de Natureza? No deserto, Moisés teve que aprender que não era ninguém. E, a partir daí também eu, senti isso mesmo. No Egipto , Moisés achava que era alguém importante, respeitado, admirado.
Ele passava, e todos se inclinavam diante dele. Ovelhas não fazem isso; diz-se até que elas são animais pouco inteligentes. No deserto, ele teve que aprender a viver com pouco. Suas roupas luxuosas que usava nas cidades não combinavam com a simplicidade de seu novo trabalho de pastorear.
Se você está passando hoje por um deserto, provavelmente também pensarará “Não aguento mais isso!” - Entretanto, será bom não perder de vista a principal lição do deserto: *0 destino põe-nos no deserto para nos refinar e não para nos destruir*
Foto: Angola - Revista 'NOTÍCIA', n. º 381, de 25 de Março de 1967 (A morte de João Charrula de Azevedo)
Nota: O título destas crónicas começaram faz muito tempo pela mão de Charulla de Azevedo na revista Notícia da Luua – a Luanda doutros velhos tempos, Mu Ukulu esquecido no tempo...
O Soba T'Chingange
ANDO ENKAFIFADO – OPÇÕES DE VIDA
Crónica 3076 – VIVÊNCIAS DE CANHOTO – 03.11.2020
As escolhas do Kimbo
Por: António José Canhoto
Uma traça invisível corrói a minha mente fazendo-me perguntas às quais não sei responder porque para as respostas às verdades com as quais sou questionado não as tenho, e as poucas que conheço são relativas. O paraíso celestial não existe é uma ilusão, e quando alguém o atinge é sempre na terra e por breves momentos, e não depois de morto. O eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas que nos violenta com tal intensidade que se petrifica, e nenhuma força jamais resgata esse eterno da nossa mente ou coração que pode ser conseguido a solo ou partilhado. Se eu pudesse ter aprisionado em cativeiro os momentos mágicos e inesquecíveis que vivi para os reviver seria pura magia. Morrer é comoventemente difícil, mas a ideia de ter de morrer sem ter vivido deve ser insuportável.
Há alturas em que não me importo que me roubem o mundo desde que me deixem saborear e viver o momento. Atingi um estatuto na minha vida que já não me preocupam os grandes atractivos e sedutores corpos, mas sim as grandes mentes. Como a palavra é muda para quem não quer ouvir, não perco o meu tempo a dialogar com quem pensa já tudo saber. Muitos me criticam por ser diferente, mas eu gozo com isso por estes serem todos iguais. Loucos como eu vivem pouco mas vivem intensamente como não houvesse amanhã, pois eu apenas herdei a vida e não a eternidade.
De repente tudo na vida vai ficando simples quando atingimos um determinado estágio mental. A gente vai perdendo grande parte das nossas qualidades e necessidades e ter apenas saúde, paz de espírito, independência e liberdade já me deixa feliz e contente. Reduzimos a bagagem, as opiniões dos outros tornam-se irrelevantes. Vamos abrindo a mão de certas certezas, pois já não temos a certeza de nada, bem como de certas verdades que depois de uma vida constatamos serem mentiras. Paramos de julgar, pois já não existe certo e errado, cada um escolhe o seu caminho desde que o percorra sorrindo e feliz. Por fim acabamos por concluir que o mais importante na vida é, vivê-la sem medos em independência física e mental fazendo apenas aquilo que nos dá gozo e prazer.
O sistema educacional religioso e académico foi inventado por esta sociedade medievalista e apodrecida para servir os seus próprios propósitos de cumplicidade entre ambos. O sistema perpetua-se não para nos ajudar, e esclarecer, mas sim, para nos manter na servitude humana. Sejam quais forem a origem dos mitos e lendas cujas raízes remontem á antiguidade, ou ao aparecimento de humanos programados com fins obscuros, manipulativos e com dons oratórios de persuasão e o poder populista de influenciar os nossos sentimentos, emoções, pensamentos e actos, explorando as nossas fraquezas é assustador.
A linguagem política e religiosa destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e os crimes e assassinatos cometidos se tornem respeitáveis. Aconteceu com o catolicismo na época da inquisição e acontece hoje com os radicais Islâmicos. Aceitar opiniões e teorias sem evidências é o mesmo que entrar num táxi conduzido por um cego e dizer-lhe que o destino é a verdade. Todos nós nascemos, puros, livres e imaculados, aquilo que nos deixa nódoas para a vida inteira são as escolhas que terceiros fizeram sem a nossa permissão e nos manchou o cadastro.
A impermeabilidade da estupidez humana e da ignorância que com ela viaja atrelada, leva-nos a pensar que estes deficientes mentais, sofrem de uma patologia de não conseguirem viver com a realidade, enquanto que, a ilusão se agiganta dentro das suas mentes levando-os a conceberem realizar actos inconsequentes morrendo com eles como mártires. Só podemos prometer acções, mas não sentimentos pois estes são involuntários. Quem faz promessas de amar, odiar ou ser fiel para a vida inteira mente descaradamente pois promete algo que não está no seu poder controlar. Nunca brinque, hostilize ou ignore o tempo; com ele nós amadurecemos mas também apodrecemos bem depressa e quando caímos da árvore tornamo-nos em lixo descartável. Na solidão só existe um risco: é nos apaixonar por ela e tornarmo-nos celibatários ou misantropos. A grande maioria das pessoas tem um preço para se vender por notoriedade, amor, carinho, respeito, sucesso ou dinheiro, olhe para si e veja qual o seu preço de mercado se é que pensa ter algum que interesse a terceiros.
Há uns anos que fugi refugiando-me na solidão, pois comecei a sentir-me uma ilha por estar rodeado de tantos idiotas e estúpidos que me cercavam por todo o lado picando-me com as ferroadas da sua ignorância e dependências mentais que os escravizavam a mitos demasiado pequenos e anões para o meu gosto. Seres superiores exigem muito de si, enquanto seres medíocres exigem muito dos outros. Pessoalmente não gostaria de me sentar numa sala e ver o filme de tudo o que fiz ao longo da minha vida, muito possivelmente vomitaria ou sairia a meio do filme nauseado, especialmente durante o período dos 25 até aos 50 anos. Sempre desvalorizei as críticas ou argumentos sobre determinados temas especialmente os religiosos que desqualificam as pessoas por não terem um conhecimento profundo sobre o assunto em debate.
Invariavelmente a grande maioria das pessoas formam as suas crenças não baseadas em evidências mas sim como resultado da sua doutrinação. Daí todas elas não passarem de marionetes puxados pelos cordelinhos da religião, ideologia política ou fanatismo clubista. Pense que na vida quem não é verbo, não tem sujeito, passando a ser objecto do verbo alheio. Em crianças engolimos de uma vez inteira a mentira religiosa disfarçada de verdade que nos acompanha até ao caixão, enquanto durante a vida as gotas da verdade se tornam amargas e difíceis de engolir. E para terminar o texto de hoje aqui vos deixo para meditação o seguinte: Nós todos somos luz e escuridão em maior ou menor escala, e quem não compreender esta dualidade, desconhece-se a si mesmo.
António José Canhoto. - 20-8-2020
MEDITAÇÃO DE T'CHING
Cronica 3075 - PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS - 31.10.2020
Por
T´Chingange – No Algarve dp M´Puto
Hó gente - guardai-vos dos que gostam de andar com vestes escapulárias nos lugares de banquetes e, devorando a palavra para justificar seus princípios. Isso! Da malamba (palavra) de dissimulada aparência de piedade sem lógica plausível. Daqueles que para seu "ego" buscam impressionar pessoas pelas aparências. Falácias políticas - de quem tem o poder ou, de outros com recursos a o poder ter.
Pois! Também das pessoas que nada têm com que chamar a atenção, para além do mero barulho que fazem, semelhante ao de uma lata vazia que só raspam sons, que fazem barulho...
Sons que rolam na contramão da vontade daqueles que, supostamente, apenas ensejam conquistarem a simpatia do povo. Povo que só quer ficar submisso às suas tradições.
É aqui que nos deparamos com a "vaidade" - vaidade ostentada até por líderes religiosos contraponto o brilho da autenticidade do escrito: “Aprendam de Mim, porque sou manso e humilde de coração”...
A propósito, o termo “vaidade” tem origem nas palavras latinas vanitas, vanitatis, significando vacuidade, vazio. “Como espuma de sabão” que, “quando circula pelo ar, se mostra preciosa'.
Vaidade - a luz externa que imprime brilhos fantasiosos, atractivos e bonitos mas que dentro, nada contém. Em um instante, “plaf”, rebenta, desaparece. Converte-se no que sempre foi: - “nada”.
E, há infelizmente, muita gente assim. Gente que ocupa os primeiros lugares em eventos honoríficos; gente condecorada, que recebem saudações como se o fossem: ilustres. Não! Não sigam aqueles que adoptam esses comportamentos...
Tão enganoso é o coração, que precisamos atentar para os reais motivos de nossos actos, de modo que não escorram por entre os dedos motivações secretas, impróprias, que normalmente, até tentamos esconder...
O Soba T'Chingange
A VIDA É UM DESAFIO - Força M'PUTO!
MEDITAÇÃO DO T'CHING... Crónica 3074 - 29.10.2020
Por
T´Chingange – No Sotavento Algarvio – M´Puto
Hoje há desafios a enfrentar; sempre os houve e haverá como o foram em idos tempos na travessia do Jordão, nas muralhas de Jericó, na instabilidade do próprio povo com os inimigos ao seu redor. Nas muitas pestes, negras ou brancas entre e fora de muros para conter ímpetos...
Por isso, era preciso ter coragem, confiança e fé tal como nos dias que correm. Os recursos serão outros mas, as angústias serão inexoravelmente muito parecidas. Os holocaustos sucedem por causas nem sempre decifráveis. A natureza confirma-nos sua superioridade...
A Fonte da virtude, estará bem ao teu lado como esteve com Josué e os peregrinos há muitos anos atrás no seu percurso rumo a uma pátria. Além das provas comuns do dia-a-dia, há os desafios para se viver a vida, num mundo no qual parecemos por vezes, transitar na contramão.
Nós também precisamos de coragem, pois em nossa peregrinação rumo ao Futuro, há obstáculos incontáveis, conhecidos e desconhecidos. Ao estabelecermos objectivos elevados ou sermos chamados a desempenhar uma grande tarefa, precisamos estar dispostos a pagar o preço. Isso requer coragem!
Sempre haverá situações, ou mesmo pessoas e governos que tentarão fazer-nos fugir ao dever porque tal coisa, tal procedimento, não nos parece justo! Permanecer firmes no posto e cumprir nosso dever até o fim é uma atitude que também exige coragem.
A alegria das conquistas e a paz da consciência da missão estão reservadas somente aos corajosos. Precisamos dela para contrapor com o “assim diz o Senhor Ministro” ou "assim fala o Presidente", na onda de descaso aos princípios que cada qual ache.
A "Natureza" é nossa fonte de coragem, afinal, a coragem que não resulta da certeza da presença dum qualquer Deus em que se acredite. No fundo sempre apelamos a Ele mas, o Ele estar connosco não passa de atrevimento e presunção! Pode esvai-se como o ar de uma bexiga tocada com um alfinete. M'Puto, aiué, diria minha empregada Mary, natural de Kampala...
Se pararmos para considerar nossas limitações diante dos adversários e obstáculos grandes ou minúsculos, certamente entraremos em desvantagem na luta. Nós só temos de fazer a nossa parte - ter o medo necessário, que se torna um aliado nesta dependência que por vezes, muitas vezes, nos leva a buscar a ajuda do meu tio, "O Nosso Senhor" - FORÇA!
O Soba T'Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
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