Cónica 3096 - PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS - 29.12.2020
NINGUÉM É SANTO - A VAIDADE é uma luz externa que imprime brilhos fantasiosos, atractivos e bonitos; mas não passa disso...
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T'Chingange - no M'Puto (Algarve)
Alguns de nossos líderes, tal como outros espalhados pelo Globo chamado de Mundo, buscam impressionar-nos pelas aparências e pelo autoritarismo; recursos vulgarizados por eles e afins da nomenclatura do poder. Para além do mero barulho que fazem, ficam muito semelhantes ao de uma lata vazia repetindo estridências vaidosas. Daí, recordar a propósito, o termo “vaidade” que tem origem nas palavras latinas vanitas - vanitatis. E, isto significa vacuidade, vazio - tal como um Big Brother que tudo indica, distrai muita gente…
Como espuma de sabão, quando circula pelo ar, mostra-se preciosa, a luz externa que imprime brilhos fantasiosos, atractivos e bonitos; mas dentro, nada tem. Entre a dissimulada aparência de piedade e a escancarada vaidade ostentada, nada mais resta para além de sua própria complacência... Isso! Que satisfaz a vontade de alguém com intuito de se sentir elevado... Uma contramão ao genuíno modo de ser-se humilde na suficiente ética contida em um sensato coração.
No início de nossa era DC, dizia-se: Guardai-vos dos jornalistas (escribas e politicos), que gostam de andar com "paramentos subservientes" ao poder, enaltecendo seus adjectivos nas saudações das praças, nos banquetes e casas de pasto... E, daqueles que usam as primeiras filas, cadeiras nos congressos, nas circunstâncias de lhes trazer mais-valias, devorando casos como quem devora as casas das viúvas, vasculhando cantos mofados para justificar mostrar aquela vaidade que traduz votos e, ou audiência benévola escondida do fundamental.
Entre a dissimulada aparência de piedade e a escancarada vaidade de nossos líderes, dá para notar a ostentação sem aquele contraponto de brilho de autenticidade. Num ávido desejo de conquistar a simpatia do povo e mantê-lo submisso às suas ambições... Seu balão de sabão… Balão que em um instante, faz "PLAF", arrebenta, desaparece. Converte-se no que era: "NADA. Promovendo gente que deseja ocupar os primeiros lugares em eventos honoríficos. Que querem receber saudações para além dos sonoros títulos de "ministro”, “secretário”, “comendador” e até de "presidente"...
Contudo, tão enganoso é o coração, que precisamos atentar para os reais motivos de nossos actos, de modo que não escorram por entre os dedos motivações secretas, impróprias, que tentamos esconder. Vem aí tempos ruins! "Utopia é muito bonita, nos contos de fadas e no imaginário”. Na ilusão do "homem bom" e na "santificação dos heróis"... Recordo que quando o gado começa a ser dizimado por lobos e leões e, ninguém tenta ensinar as ovelhas a correrem mais rápido fico encafifado. Bem! Depois, criam cães tão fortes e tão violentos quanto os predadores e os usam para os combater… Na vida real, é assim que o mundo funciona. E, a menos que nos perdoem a dívida estamos lixados; DÍ-VIDA...
O Soba T'Chingange
MOKANDAS XINGUILADAS NO TEMPO
Crónica 3095 – Cada vez mais o enterro do amanhã começa no dia de ontem…
Estamos na era do medo, na meia curva da esperança divina – 27.12.2020
Kalunga: Mar; divindade secundária de culto banto; a imagem ou fetiche dessa divindade. Calunga seria a Lunga ou Malunga, que é plural em quimbundo da palavra "lunga"…
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T´Chingange – No Algarve do M´Puto
Agora e, aqui em Sábado de pós Natal do ano 2020, pensando em um montão de coisas ou actos que parecem normais ou superficiais, repenicando meu manjerico em flor, penso nas excrescências sociais que se vão tornando um pouco por todo o lado, armas de desarmonia na resiliência, pelo medo da suposição e, fechando-nos voluntariamente na nossa prisão. Prisão orgulhosamente chamada de nossa casa!
No decorrer do tempo entre periclitãncias involuntárias, a maturidade do cidadão acompanha os comportamentos sociais que, perante tantas e tantas contrariedades, é obrigado a defender-se com evasivas distantes e distanciadas, antes que suceda algo de mal, faz-se a previsão a tudo o que eventualmente poderá suceder se… e, o “se” torna-se um martírio na antevisão de hipóteses e fuga em alternativas.
Quando a oferta é grande de farta, o povo desconfia; esta prática que quase sempre arrasta suspeitas sub-reptícias, leva a sociedade a ser desconfiada. Por ter-se sofrido tantas frustrações entrelaçadas em injustiça, em roubos, desperdício e má gestão da cousa pública ninguém ou, uma minoria de nós acredita nos políticos, nas conspurcadas instituições muito impregnadas de corruptela e compadrio.
Quem mente gratuitamente, de uma forma permanente, ou é demasiado fantasioso, astucioso ou político ambicioso no condão de sempre raiar desvarios ou a seu tempo, prejudicarem-nos por via de nos exaurir o património na forma de impostos e taxas directas ou enviesadas e até por vezes encavalitadas no nosso modo de vida.
Com lisura desmesurada fundamentam tudo tornando-nos inocentes crianças perdidas dos pais… Assim atolado numa pandemia feita pântano revivo com desagrado coisas que nunca deveriam ter sucedido atiçando-me a vontade de fugir a um qualquer longínquo sítio e assim me revejo numa vasta anhara…
Vestido de vermelho, tecido pindérico e seminu guardando meus bois, feito guerreiro e saltitando de lança em riste defendendo meu gado das feras, dum leão onça ou mabeco. Lugar aonde nem se sabe que era foi essa de AC ou DC… Lugar onde não se sabe o que é uma falácia e aonde nossas silhuetas furam o sol ondulante, uma kúkia grande formatando o horizonte em uma barra vermelha.
Nota: Publicado em KIOMBA do FB em 26.12.2020
O Soba T´Chingange
“CONSOLADOR” EM GREGO, DIZ-SE PARAKLĒTOS ... 24.12.2020
- Cronica 3094 - Controlando minha missão de aguentar a austeridade, disponho-me a gozar mais um dia de sol no M´Puto, nesta beirada sul dum país que já foi metrópole dum Império.
Por
T'Chingange - no Algarve do M'Puto...
Nesta quadra natalícia do ano de 2020, aproveito falar um pouco do entrelaçado de malambas (palavras) já faladas entre nós a fim de arrumar os eventos vindouros para que se compreenda o desfecho de nossa estória; nosso futuro mussendo (estória longa). A palavra aqui traduzida como “Consolador” vem do termo grego Paraklētos, relacionando-se ao verbo PARAKALEŌ e, cujo significado é “chamado para estar ao lado de alguém”. Em latim, a palavra correspondente é ADVOCATUS (advogado) - Tudo a condizer...
E, na qualidade de Primeiro Ministro do M´Puto, António Costa deu as alvíssaras de Bom Natal ao lado do Presidente Marcelo como se fosse um ET, talqualmente como um Espírito Santo, PARACLÊTUS, vindo duma galáxia distante numa nave "COVID" ... Veio que nem um pirilampo como suposto defensor, conselheiro, consolador, intercessor e mediador das manigâncias em tamanho natural e, metido numa caixa de TV delgada de fina... Que nem um Flash Gordon feito astronauta aterrissa no Palácio de Belém como se estivera no planeta Mongo e, de onde um déspota vírus, ataca a Terra por puro tédio. Com a ajuda de alienígenas, Flash e seus pares, lutam para salvar seu país atacanhado no planeta Terra…
Assim como numa das passagens do Evangelho de João em que Jesus fez referência ao Espírito Santo, este “Consolador” Primeiro-ministro, parece surgir como o “Espírito da Verdade”. Embora haja textos bíblicos referentes ao Espírito como agente divino de transformação, a ideia de “Consolador” neste evento de diplomacia, trâmites da cortesia portuguesa, nos remete a outros aspectos da função de ADVOCATUS em nosso suposto favor ou desfavor, na vertente de político...
Mesmo com sua ausência física, nós não estaremos entregues à própria sorte porque nos momentos mais difíceis de nossa experiência covidesca sempre surgirá o Marcelo feito Cristo, o homem estrela STAR, Senhor-mor das t´xipalas “selfie”. E, assim o PM-PARACLETO sofredor com seus discípulos se disporá a desafios incontáveis com o beneplácito dele - o Presidente. Isso! Também este, uma entidade, agente de PARACLETO, que veio como como se fora JESUS super STAR.
Se a consciência me acusar, eles, os dois PARACLETOS, terão de me convencer de algum pecado, para assim me guiar rumo à confissão, arrependimento e, ou perdão! Cá para mim, com estes, estaremos feitos ao bife...
Tenham um Bom Natal!
Publicado em KIZOMBA (Versão I) do FB a 23.12.2020
O Soba T'Chingange
FALAS NATALÍCIAS - 19.12.2020
Crónica 3093 - LENDA OU NÃO, TUDO SE TERÁ PASSADO NUMA CERTA FORMA, NOÉ!?
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T'Chingange - No Algarve do M'Puto
De acordo com uma "lenda", quando Jesus ascendeu ao Céu, alguns anjos se mostraram curiosos para saber algo mais a respeito da experiência Dele na Terra e, foram interrogá-Lo a respeito. Podemos até imaginar como sendo um conjunto de jornalistas dos dias de hoje e, no M'Puto desde a Rádio Katekero, ao sempre presente Correio da Manhã, entre outros - enfim, um batalhão de gente licenciada e cusca para eventualmente nos elucidar ao seu jeito jeitoso…
E, as perguntas começam: “O Senhor fundou um grande movimento? Quantos seguidores deixaram?” A isto, Jesus teria respondido: “Geralmente Eu atraía grandes multidões, mas deixei apenas 11 discípulos, alguns poucos amigos e, outros dedicados seguidores.” E, na ordem conferencista vêm as periclitãncias dos jornalistas feitos anjos: “Bem”! Muxoxos de interrogações na sala, “sendo tão poucos, certamente devem ter sido seres humanos excepcionais, com excelente carácter, pessoas influentes e competentes em suas comunidades e também de sucesso profissional!? ”
Caso fosse hoje e, aqui no cantinho, fim da Ibéria os “anjornalistas”, interrogá-lo-iam acerca de algo que faz bulir nossos neurónios como a SAÚDE, o SEF e a morte dum cidadão, da TAP e seu/nosso afunilamento, as virtudes de se ter um presidente popular e vedeta vulgarizado no selfie, com ou sem vassoura a faze de pau e, a economia com muitos outros edecéteras; algo de que em um momento todos falam com palpites e palpitações...
A resposta de Jesus teria sido: “Realmente, eram fora do comum; alguns pescadores, um colector de impostos, pessoas simples.” Os anjos repórteres radialistas e anjos da TV continuaram: “Nesse caso, formavam um grupo extremamente leal e confiável”!?. Sempre perguntas de sacar astúcias... Jesus fala: “Eles tinham uma vontade imensa de ser leais, mas, no momento mais crítico, um deles Me traiu, outro Me negou, e quase todos os outros fugiram.” Na sala apinhada um Óhóóóó gigante no alarido. Alguém levantou as mãos e disse: - Deixai ouvir!...
Dum sindicalista “anjornalista”, representando os fazedores de cruzes e pregos artesanais saiu a pergunta: “E o Senhor ainda espera que esse grupo continue Seu trabalho? Tem algum plano alternativo?”. Jesus teria respondido: “Não, não tenho plano alternativo. Esse é o grupo com que posso contar.” À parte da "lenda", o facto é o de que os discípulos aos quais o Mestre incumbiu a tarefa de pregar o evangelho e estabelecer Sua Igreja, à semelhança dum "partido" hodierno, eram repletos de limitações. Não tinham bancos centrais nem rede de frio, ministérios da consciência, Serviços Sociais, nem verbas governamentais ou Procuradores duma réspublica acomodados no poder...
Só que não foram limitados na esperança de que Ele cumpriria a promessa de enviar o "Espírito Santo" que os capacitaria com poderes para engrandecer e testemunhar. Esperaram conforme a ordem, “unânimes em oração”, em profundas e sentidas confissões, conscientes de sua incapacidade, até que, num dia especial de Pentecostes, foram cheios dum Espírito... (Nesta estória, o Salgado, um tal dos DDT – Donos Disto Tudo, ainda não existia mas, iria aparecer sim!)
O livro de Actas que no antigamente eram Atos está cheio de factos reveladores da ousadia com que pregavam, do poder com que realizavam milagres e da pureza de vida que os caracterizava (naquele tempo zero...). Somente no poder do Espírito e n Pentecostes, foram capazes de cumprir seu papel missionário, apesar da oposição (direita e esquerda – tudojunto…). Para alguns, nem a vida era tão preciosa que não pudesse ser deposta no altar do sacrifício como povo feito cordeiro, borrego ou carneiro. A transformação foi radical. A Igreja, digo partido, débil se tornou invencível segundo as actas da Assembleia.
Em conclusão: No início dos tempos, Jesus com aquele grupo, iniciou o trabalho de fazer uma nova Época. Com o grupo do qual fazemos parte ou descendemos, Ele planeja concluí-lo. Não há plano B. A promessa contínua a mesma: “receberão poder”- Quem! Os Socialistas, pois quem!? A busca desse poder é uma experiência diária. Podemos sim, sentir isto – Porque o Espírito Santo não será derramado sobre papéis, cofres, computadores, câmaras, edifícios, mas sobre pessoas como nós – Você e eu…
ESTÁ na cara!
Nota: Crónica já publicada em KIZOMBA do FB a 17.12.2020
O Soba T'Chingange
FUI Á RUA DIREITA NESTE DOMINGO – PARECE UM HOLOCAUSTO
Crónica 3092 - Janelas para A VIDA – 13.12.2020
Por
T'Chingange - No Barlavento Algarvio do M'Puto
Confinado na minha casa, ouvindo as ondas batendo na rocha da falésia quando o mar fica bravio, telefonei para o take away a Cozinha a encomendar um frango assado com jindungo e outro sem jindungo. A moça que me atendeu, de sotaque brasileiro, riu da forma como falei e daí, ter-lhe dado o meu nome para registar no livro. Sucede que por via da pandemia, vão fechar às três da tarde e a minha encomenda que era para as sete da tarde terá de ser embalada de forma diferente.
Disse à moça que me atendeu que era o T´Chingange de Maceió e ela riu. Fala da rua Direita! Pois! Não é a casa do senhor Álvaro que cacareja? Óh, agora, riu ainda mais pois que seu patrão de nome Álvaro Faustino, em realidade ri duma forma especial ao jeito de guinchos solavancados. Uma forma de rir única e espacial. Assim foi! Antes das três horas da tarde, lá fui até Portimão, para lá do outro lado do rio Arade e, lá chegado, tudo estava embalado; era só pagar.
Este senhor Álvaro estabeleceu-se há mais de quarenta anos em Portimão a assar churrasco bem à maneira de Angola e, sempre que lá vou sou contemplado com uma simpatia única tal como seu riso que enlaça qualquer tipo de empatia. Ele chegou com uma mão atrás e outra a fazer pala para adstringir o brilho do vinticinco, entalaram-no em um hotel da região assim como tantos outros e, logologo começou a fazer contas à vida. Não era gente de coçar preguiça e aconteceu montar seu ximbeco assando frangos com piripiri à maneira dos trópicos.
Meu nome da lista teve de ficar o “senhor das sete” porque a moça de Minas Gerais não soube escrever tão difícil feitiçaria de T´Chingange. Sucede que como cliente especial tive de dar meu nome do M´Puto e número de telefone, tudo em uma senha azul, numerada para ficar habilitado a um faisão feito capota a distinguir o Natal de 2020. Não sei bem o que seja mas deve ser qualquer coisa assim; a menos que seja uma trotinete automática.
P - Regressando a casa do outro lado do rio Arade, pude ver lá no alto dos candeeiros eléctricos das rotundas e chaminés de extintas fábricas de enlatar sardinhas, atuns e cavalas, as cegonhas agraciando-nos de forma permanente com sua beleza. Com a chegada dos expatriados, refugiados, desalojados e retornados das ex-colónias, estas, parece terem feito um pacto de por aqui permanecer a fim de alegrar nossas vistas, nossas vidas também entre mistérios feitos kitukos de colono, xi-coronho, chicoronho, caluandas e outros até, vindos de Xi-Língwine ou antigo Maputo do Oceano Índico.
Um homem sem a liberdade de ser e agir, por mais que conheça ou possua, não é nada. O amigo Álvaro deu-se conta disto como milhares de outos pensando no mesmo jeito e, meteu mãos à obra. O destino da humanidade repousa irremediavelmente e, cada vez mais que nunca, sobre as forças morais de ser-se homem. Se se quiser uma vida livre e feliz, forçosamente haverá necessidade de se restringir ao essencial e renunciar a muitas tentações; daqui dizer-se estar sempre limitado ao tempo que surge, às manigâncias dos governos e gente que comanda os sem-eira-nem-beira…
P - Hoje o destino da humanidade repousa sobre os valores morais que consegue suscitar em si mesma. Todos, ou quase, percebemos que o livre jogo das forças económicas, o esforço desordenado e sem freios dos indivíduos para dominar e adquirir a qualquer custo, nos conduzirão mais e de forma automática a uma solução insuportável deste problema: tanto roubo, tanta hipocrisia e corruptela - Vou dizer mais o quê?
P - Hoje mesmo, vou-me ensinando a ser gente tomando aqui e acolá, por onde calha, o saber dos mais sábios para ficar esperto. Nem sempre homem, nem sempre jovem, já mais velho, nos intervalos, aprendo a aprender a ser grande como o Álvaro das capotas vindo de Porto Alexandre. Esmiúço os tempos para saber a verdadeira razão dos paradoxos e dos fúteis caprichos de poder. Sim! Tal como estando num mato de capim tombado pelo vento tiro aqui e ali umas fotos sem pau de selfie, surfando a vida… Quase a chegar a casa, dei-me conta do holocausto Covide 19. As ruas, desertas! Um ou outro ciclista colorido a dizer adeus, talvez por necessidade, assim, tal como o fiz acenando às gaivotas e cegonhas…
Ilustrações: P - Pombinho
O Soba T´Chingange
T'Chingange - No M'Puto
AR - Recebidas as tuas palavras, logo as comi; elas, as malambas, tuas palavras, são a alegria para meu coração. Devemos ter em mente, que a beleza e a força da Palavra não estão apenas nas profecias, nas doutrinas, ensinamentos éticos ou mandamentos...
Posso garantir a vocês que escrever esta meditação feita malamba foi uma experiência excepcionalmente rica! Redescobri o prazer de estar em contato com a Natureza e, chegada a noite fui para a cama levando-a na mente. Estava bem à beira do rio Okavango (Cubango)
Se você que me lê, imaginar que isso representava cansaço, garanto-lhe o contrário, só que, obviamente, não tenho poder para criar um “Ministério da Felicidade” mas, só assim, já é uma grande bênção. Que maravilha é a Palavra! Não vou meter Deus na matéria porque creio ser inerente ou evidente mas, o que vi e, com quem estive, foi tão só o imbondeiro...
AR - A diferença de sentimentos foi gritante. Pareceu-me ter estado voando anteriormente sobre nuvens e, em seguida, aterrizado num lixão feito terra, globo ou o que quer que o seja... Mas, em verdade, qualquer pessoa que se expressa, corre perigos vários.
Por isso, a malamba feita palavra, é tão bem-vinda como o alimento é para qualquer faminto. E, assim, falando com o imbondeiro, alegremente, pude entender suas mãos feitas ramos secos, elevadas ao céu a implorar o remédio que me iria tratar - a múcua.
Crónica 3090 - TENHAM RESPEITO COM OS KOTAS
Do meu kamba Keller Austriaco... 09.12.2020
Por
T'Chingange - No M'Puto
Não seja difícil com os idosos, eles passaram a vida inteira aprendendo a habilidade de resolver as adversidades da vida. Começo assim, pela moral da história... "Uma senhora entregou seu cartão bancário ao balcão do banco e disse: — Por favor, quero levantar 50,00 €". O caixa disse à senhora : -"Para levantamentos inferiores a 100,00 €, por favor, use a caixa multibanco”...
Ora esta! A senhora queria saber do porquê...
O empregado do banco devolveu-lhe o cartão bancário dizendo: —"Essas são as regras! Por favor, saia, se não houver mais nada a tratar... Há uma fila de clientes atrás de si".
A senhora ficou em silêncio por alguns segundos, devolveu o cartão ao caixa e disse: - "Por favor, me ajude a retirar todo o dinheiro que eu tenho na minha conta". O caixa ficou surpreso, quando verificou o saldo da conta. O empregado acenou com a cabeça, inclinou-se e respeitosamente disse à senhora: - "A senhora tem 1.300.000,00 €uros em sua conta, mas o banco não dispõe de tanto dinheiro no momento. A senhora, pode marcar uma hora para amanhã?” Então, ela perguntou: Quanto posso retirar agora? O caixa disse a ela que podia levantar qualquer quantia até ao montante de 5.000,00 €uros.
-"Bem! Por favor, faça um levantamento de 3.000,00 em notas de 50,00 €, agora". 0 caixa gentilmente entregou os 3.000,00 € em notas de 50,00, de forma amigável e com um sorriso amarelo claro!
A senhora guardou 50,00 € em sua bolsa e pediu ao caixa para depositar os restantes 2.950,00 €uros, de volta, em sua conta.
A moral deste missosso é: - "Seja compreensível com os idosos; porque eles passaram a vida inteira aprendendo a habilidade de resolver as adversidades da vida."
Ilustrações de Costa Aaújo
O Soba T'Chingange
Crónica 3089 - VEM AÍ UMA BAZUKA - “Vivendo e aprendendo"… 07.12.2020
FUI BOM NISTO NO TEMPO DA GUERRA DO TUNDAMUNJILA... Bazuca "bazooka", é uma arma de tiro em curva, tal como o morteiro. É o nome popularizado para o "lança-foguetes" uma arma portátil antitanque em forma de tubo. Bom! Esta outra Europeia, é uma outra bazuca: que lança kumbú…
Por
T'Chingange - No M'Puto
Lembre-se dos dias da sua juventude e, antes que venham os dias difíceis e, se aproximem os anos em que você dirá: “Não tenho satisfação neles.” Tudo uma questão de tempo. Os homens quase não se interessam por esse assunto do tempo. As mulheres chegam a mudar a data se tiverem que falar nele, no tempo, nas rugas. As crianças estão longe de se preocupar com ele, o tempo. Os jovens quase nunca se preocupam com esse assunto.
Os mais idosos são os que geralmente falam sobre isso, mas quase sempre para se queixar. No geral, o jovem pensa que é eterno. Mas a verdade é que todos caminham para um fim. Logo chegarão os dias das longas orações, das noites mal dormidas, da voz e das mãos trémulas, dos joelhos fracos e cansados.
Logo chegará o tempo da velhice. Ela vem para todos com ou sem bazuka! Bazuca é um tubo de metal com uma pilha; quando neste tubo se coloca uma granada e se liga os fios à tal pilha, ela dispara como se isto fosse o detonador e sai para fazer estragos algures.
Nos meus tempos de guerrilheiro, voluntário para a guerra da Guiné, destruí um casebre com uma bazucacada. Eram treinos intensivos a fim de estar pronto à guerra de tiro vivo e real mas, acabei por não ir porque os planos mudaram, nunca soube do porquê!
Aqui no M'Puto fiquei a saber que há outro tipo de bazuka, um tubo que deita dinheiro por via das carências e, para acudir à debilidade económica dos vários países que compõem a Europa. Países que ficaram de "tanga" pela paralisação do trabalho tal como o M'Puto e por via do Covid19
Há um ano atrás, não acreditaria se me contassem o que estamos hoje a viver! Diria ser uma ficção grosseira e, afinal, estamos nela sem nunca sermos mobilizados para tal, ao invés daquela guerra de Tundamunjila em várias frentes do império do M'Puto, Luso.
A Bíblia ensina que somos inquilinos temporários neste planeta mas, ninguém dá bola para isso e, num repentemente a brevidade da vida torna-se um dos conceitos mais importantes. O sábio fala da velhice fazendo poesia. Num repente falam dum "kituko" um tal de milagre ou mistério feito arma de guerra com notas de esperança e, com nome de bazuca... E, ninguém ou muito poucos falam no texto bíblico descrito em Eclesiastes. Esse texto é considerado na Bíblia, como o Estatuto do Idoso. Ele começa com um recado para os jovens: “Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude”.
É interessante que temos cursos para quase tudo na vida: para noivos, pais, liderança, etc. No entanto, não se ouve falar ainda de um curso que nos ensine a envelhecer. No entanto, as sementes que plantamos no decorrer da vida indicarão o fruto que colheremos ao final...
Conta-se que, quando Luís de Camões, o maior poeta português, estava morrendo, alguém quis cumprir um costume romano de acender velas aos moribundos e, na falta de castiçal, puseram na mão do poeta um punhado de areia colocando ali a vela acesa. Diante do facto, Camões teria dito: “Morrendo e aprendendo". Isto da bazuca talvez seja somente um supositório... Verdade ou lenda, pouco importa. Foi daí que nasceu a frase: “Vivendo e aprendendo".
FELIZ SEMANA – FELIZ DEZEMBRO…
O Soba T'Chingange
NOVOS AMIGOS - Ando encafifado com uma máquina de fazer “alegria” chamada de Ximbica*
Crónica 3088 – 04.12.2020
Por
T´Chingange - No M´Puto
“Tudo é tudo, nada é nada”; “quatro ou quatro e meio, não chega a cinco” tal como o vinticinco de Abril não foi como o vinticinco de Novembro do M´Puto. É difícil haver consenso do que fazemos individualmente tal como o é para um Estado ser decente. Se não houver transparência, a corrupção superará as normas de bom entendimento e neste mistério de encobrir o nevoeiro com cacimbo, os socialistas têm-se revelado muito bons na matéria.
Mas, se a politica nos separa, não se fala mais nisso, melhor será passarmos ao futebol do Benfica ou falamos de Madre Tereza de Calcutá porque entre piadas e amuos sempre iremos revigorar os percursos no sentido ou ao contrário dos ponteiros do relógio. Pois assim terá que o ser porque é impossível dar uma definição da alma, pois que esta, não é uma entidade concreta mas, abstracta.
Não é matéria, é energia - mas também não é energia física. É energia divina, um pedacinho de um qualquer deus dentro de nós. Sufragando os doces reis e rainhas dum ano que quase finda, próximo das passas dum ano novo que chega, é sempre emocionante ler as mokandas de amigos mesmo que tenham nomes estranhos como Lusakidilu e, de falas genuínas, kamba duma Luua com um Rio Seco a que eu chamo de “mulola” porque só ali passa água quando chove!
Dum Rio que só o é na lembrança antiga que se quer sem fungos nem cacos velhos ou águas saponáceas a fazer desenhos entre as mais escuras, saídas dos tubos ladrões. Posso acrescentar que o último protótipo dessa máquina é parecido com uma foice a sobrepor uma catana! No fundo vermelho e roda dentada, pode ler-se a marca dela: Ximbica…
E ximbicar é assim: - Tu pegas no bordão, atiras canoa na água, entras e encostas a ponta do pau no fundo do mar kalunga, fazes força e, a canoa anda. Depois continua - Ah! Quersedizer, tu remas - Ué! Remas!? Essa palavra ainda não sei? Não me disseste dela! Eu, ximbico a canoa. T´aprendeste, munanga?
Aprendi, sim, ando ximbicando pela vida muito no lentamente, trabalhando músculos desconhecidos, que não fazem parte da anatomia, Eu e Lusakidilu ficamos amigos, trocando bordões por novas palavras. O mar, gentil, a calunga, pôs jeito no nosso ximbicar; aprendi, sim, ando ximbicando pela vida disse-me ele na última mokanda via Facebook. Um amigo tem sempre missangas para enviar, assim o queira, por apitos ou estalidos ou mesmo muxoxos com ou sem cacimbo ou trovoada de chuva grossa! A tal máquina…
Notas: Ximbica*: Rema; Luua: Luanda; M´Puto: Portugal; Kamba: Amigo; Kalunga, mar e seus mistérios ou kitucus…
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
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KIMANGOLA
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KITANDA
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