ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - II
Crónica 3155 – 29.05.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha… Afinal, não o era e, poucos o sabiam…
Por T´Chingange, no Algharb do M´Puto
Cada um, chamado á razão, responde afirmativamente ao que pensa ser o certo, em uma terra que sempre pensou ser também a sua, Angola e, sem ter a certeza de nada nem do futuro, recorreu a N´Zambi - Deus, presumindo que a concórdia e a misericórdia seriam um factor a esperar mas, assim, o não foi. Tantos que foram para Angola, tantos que se situaram, se amigaram, enamoraram ou umbigaram, julgando que deveriam reinar sobre a dissensão e razoável desentendimento, harmonizar o essencial, perdoar nos pequenos costumes; eliminá-los, seria assim o futuro plausível.
Puro engano em nosso advir; aglutinar-se-iam raças, honrar-se-ia desta feita pais, avós, tetravós e, ene avôs mas, nada disto assim o foi. Já estamos longe daquele tempo, ano de 1958 de quando a PIDE se instalou em Angola. Esta, mereceu do arcebispo de Luanda, D. Manuel Nunes Gabriel, o seguinte comentário: “A PIDE estendeu agora sua actividade a todo o país, agindo de maneira arbitrária e demasiado severa, tornando-se temida, mas não respeitada”; tomar em conta a menção de país, englobando o Portugal Ultramarino numa mesma plataforma territorial.
Na Lisboa do M´Puto, pouca importância se dá ao aparecimento da UPNA, União dos Povos do Norte de Angola e, daquele manifesto de Viriato da Cruz, o tempo, o congeminou como sendo o primeiro evento de valia e, paulatinamente o foram atribuindo como afecto ao MPLA. Com dados aleatórios no tempo aqui se descrevem situações que agora nem interessa saber se foram antes ou depois. Aconteceram! Ainda no ano de 1958, no próprio dia em que concluiu o curso, Agostinho Neto casa com a portuguesa transmontana, Maria Eugénia.
Nada mais que a irmã de António Rosa Coutinho, um nome a destacar por ter sido o principal “pivot sinistro” no período da descolonização posterior, e figura preponderante por ter incitado à violência física e sexual contra mulheres e crianças portuguesas e angolanas - estratégia para obrigar os brancos a abandonar Angola. Agostinho Neto aceitava todos conselhos do cunhado como se fossem ordens.
Agostinho Neto sabia que seria Presidente de Angola com ajuda dos portugueses porque tinha um cunhado no seio da política Portuguesa! Rosa Coutinho nos momentos cruciais do futuro de Angola no após “Abril de 1974” veio a ter o papel de “mediador” falando com os Líderes do MPLA, FNLA e UNITA, mas dava ou vendia armas ao MPLA oferecendo a este, a logística de guerra suficiente na tomada ao poder à revelia de quase toda a sociedade angolana. Era um corrupto que envergonha todos políticos, e infelizmente, é mais um que não pagou pelos crimes cometidos.
A imunidade é a mãe da impunidade, e Rosa Coutinho, apesar de ter sido o autor moral de vários crimes cometidos em Angola nunca foi responsabilizado por nenhum governo dos PALOPS. Pelo que ocorreu de forma silenciosa, cumpre aqui alertar aos governos de Angola e Portugal que o “vosso silêncio”, para que conste, significa cumplicidade. O que aconteceu em Angola provocou distúrbios mentais a muita gente, e deixou cicatrizes nos corações de todos envolvidos, por isso e, assim demonstramos solidariedade com todos aqueles que o foi, directa ou indirectamente afectados; gente de todas as cores e credos.
Voltando a Neto, já casado com a irmã de Rosa Coutinho, ambos tomam o rumo de Luanda aonde chegam a 30 de Dezembro de 1959 já com um filho. Neto passa a ocupar a chefia do MPLA em Angola, numa altura em que os mentores do Movimento se encontravam exilados na República da Guiné-Conakry. 1958, foi também o ano em que, em Accra, capital do Gana, Holdn Roberto participa na 1ª Conferência dos Povos Africanos retirando à UPNA seu carácter regionalista, substituindo-a pela UPA, União dos Povos de Angola, supostamente de cariz nacional.
Em 1959, a PIDE inicia uma vaga repressiva no meio estudantil e intelectual luandense, no que ficou conhecido como por “Processo dos 50” e, alarga sua acção ao Sul, às Missões Protestantes, Baptistas e Metodistas. Era nestas Missões que os supostos nacionalistas beneficiavam de sua protecção. Apesar das prisões e perseguições, o fenómeno fermento da independência, leveda por todo o país de N´Gola. A partir da independência do Congo a 30 de Junho de 1960, os ânimos redobram com a realização da segunda Conferência dos Povos Africanos.
E, foi na Conferência dos Povos Africanos que Lúcio Lara, Viriato da Cruz e Holden Roberto apresentam o Movimento Anticolonial MAC e, em cuja formação, participam Agostinho Neto e Amílcar Cabral, este último, natural da Guiné-Bissau e, que foi um dos fundadores e Secretário-geral do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC. Amílcar Cabral e Agostinho Neto nutriam um pelo outro grande amizade, alicerçada nos tempos de estudantes em Portugal, onde foram entusiastas participantes na revitalização da “Casa dos Estudantes do Império”.
A Casa dos Estudantes do Império integrava membros de todas as colónias portuguesas, os agora chamados povos dos PALOPS, de fala portuguesa; organizações legais de jovens estudantes que em convívio fermentavam sonhos. Como uma república estudantil, albergava os vários estudantes das colónias portuguesas que vinham estudar na metrópole, M´Puto. Foi criada em 1944, pelo regime salazarista, para fortalecer a "mentalidade imperial e do sentimento da portugalidade entre os estudantes das colónias", respondendo igualmente a uma necessidade de congregar num único espaço de convivência os estudantes das até então colónias portuguesas, que não possuíam instituições de ensino superior ou para auxiliar àqueles que necessitavam complementar os créditos académicos em Portugal. Foi fechada pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) a 6 de setembro de 1965.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
ANGOLA – DA LIBERTAÇÃO À INDEPENDÊNCIA - I
Crónica 3154 – 27.05.2021 - Na libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha, as vicissitudes mostraram-me o quanto esta vida é tão cheia de falsidades.
Por T´Chingange, no Algharb do M´Puto
Hoje, 27 de Maio do ano 2021, envolto em alegrias do ar em meu pensamento, destapei pequenas e antigas raivas encarando a muita água dum mar chamado oceano em uma pequena praia do M´Puto e, num lugar chamado de barranquinho. Muito cheio de vícios desencontrados apezinhei os tornozelos na espraiada água, pororocas só feitas pequenas ondas, num prazer fofo de constante rebuliço. A água ainda não estava o suficientemente quente para me nadar por inteiro pois meu calcanhar arrepiou-se de frio.
E assim, sem inventar necessidades, recordo meus fados antigos revolvendo-me em rever estórias de libertação duma terra que cadavez mais se envelhece em meus suspiros. Angola, da libertação à independência, irão dar umas quantas crónicas esgadanhadas em um baú já muito coçado de suores frios e, sem o bastante orgulho na alegria duma falsa glória. A libertação e independência de uma terra que pensava também ser minha mas, cujas vicissitudes mostraram o quanto esta vida é tão cheia de ocultos rumos.
A estória contemporânea que levou Angola à independência, começa com a chegada a Portugal de António Agostinho Neto. É desta forma que os historiadores hodiernos nos forçam a acreditar! Estávamos em 1947, dois anos após o término da segunda Grande Guerra e também, do meu nascimento, uma inventação, supostamente a bordo do Vapor Niassa; Neto tinha neste então 25 anos, tendo-se matriculado na faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Aproveitando uma bolsa de estudos dos metodistas americanos, transferiu-se para a instituição congénere lisboeta. Enquanto universitário, é preso pela PIDE e, pela primeira vez, no ano de 1951 por andar a recolher assinaturas para a Conferência de Paz de Estocolmo. Tempos da chamada Guerra Fria, que em banho-maria cozinhavam informações e contra informações com espiões atropelando-se em Lisboa
A neutralidade da ditadura de António Salazar e uso do país como ponto de partida para a América atraíram para Portugal os melhores espiões da época, que conviveram com outros que se passavam por agentes secretos ou vendiam informações falsas a qualquer lado como o famoso Ian Fleming, funcionário da Inteligência Naval Britânica e director do escritório ibérico do serviço de espionagem inglês. Neste ambiente de novas alvissaras, e no decorrer de um comício do MUD Juvenil (Movimento de Unidade Democrática), a polícia de Salazar volta a prender Neto em 1955.
Em Abril desse ano, 1955 morre D. Pedro VIII, ultimo rei do Congo (Extinto em 1914), sem coroa nem domínio. Nascido como Pedro Buafu, era oriundo da região de Palabala no Congo Belga (Actual República Democrática do Congo). Ele estudou em sua juventude com baptistas americanos e britânicos tendo sido apontado por um conselho de chefes como o novo Manikongo em 1923 após a morte de Álvaro XV que assumiu converter-se ao catolicismo e abandonar a poligamia com suas oito esposas. Portugal também apostava na missionação seguindo as práticas dos países lideres estabelecendo M´Banza Congo (S. Salvador) como capital.
Tendo Portugal imposto um católico à sucessão do tal D. Pedro VIII, os protestantes reagem formando a União dos Povos do Norte de Angola - UPNA, liderada por Barros Necaca, da qual fazia parte Holden Roberto, seu sobrinho. Em Dezembro de 1956 a pacatez de Luanda é surpreendida com o aparecimento de um manifesto denunciando a opressão colonialista surgindo de um agrupamento de vários núcleos políticos clandestinos e, que tomam forma e estrutura a parti desta data tais como o MIA (Movimento para a Independência de Angola), o MLNA (Movimento de Libertação Nacional de Angola), o PLUA (Partido de Luta Unida dos Angolanos). Em Lisboa, Salazar do M´Puto ironiza: “São poucos, mas mudam constantemente de nomes para parecerem muitos”. Em Junho de 1957, Neto é libertado, por via da acção de solidariedade movida por Jean Paul Sartre, André Mauriac, Simone de Beauvoir, Diego Rivera, Louis Aragon entre outros intelectuais influentes na opinião pública internacional. A história do Manifesto de 1956 consta ter sido protagonizada por Viriato da Cruz que depois de alguns anos de militância político-cultural, decide “entrar a valer” e não continuar a luta apenas pela ponta da caneta, como dizia.
Em meados de 1955, Viriato da Cruz (VC) escreveu um estudo sobre “A industrialização de Angola e a situação da nova classe operária” que serviu de documento de trabalho para as duas reuniões preparatórias, anteriores da proclamação clandestina do Partido Comunista de Angola (PCA), a 12 de Novembro de 1955. As discussões havidas entre os fundadores do partido (VC, Ilídio Machado, Mário António e António Jacinto) foram feitas em torno da “necessidade e possibilidades de fundação de um Partido progressista”, ao mesmo tempo, de classe e nacionalista, “combatente pela causa da libertação das massas trabalhadoras e do povo angolano”
Não obstante isso, gerações do povo angolano vinham arrastando uma vida triste de miséria e ignorância, na perseguição com trabalho forçado com a inerente exploração de seu trabalho desagregando-lhes a família e morrendo prematuramente por escassez de meios e centros hospitalares ou farmacêuticos. Em um território rico e com três habitantes por quilómetro quadrado, a população indígena crescia a ritmo lento e com mortalidade elevada, principalmente infantil.
O Capitão Henrique Galvão descreveria a situação nestes termos: “Em Angola, aberta e deliberadamente, o Estado actua como agente recrutador e distribuidor do trabalho a favor dos colonos, os quais, como se fosse natural, escrevem ao departamento dos negócios nativos a pedir fornecimento de operários. Esta palavra, «fornecimento», tanto é usada para coisas como para homens”. Num total de 4 362 000 habitantes em 1960, existiam apenas 56 mil assimilados e 179 mil brancos entre os quais eu, um mazombo. Descrito por observadores de missões protestantes ou jornalistas estrangeiros, o sistema colonial português não podia merecer outra caracterização que não a de uma gigantesca máquina de exploração intensiva que pesava sobre quase toda a população africana.
Foi neste contexto que as ideias de “negritude” e independência começaram a ganhar popularidade e a estruturar-se desde os anos 30, através de associações como o Grémio e a Liga Africana, a revista Mensagem e movimentos culturais como “Vamos descobrir Angola”, onde sucessivas gerações foram agrupando e desenvolvendo um sentimento anticolonial que amadureceria no pós- primeira guerra Mundial para, nos anos 50, resultar na formação de sucessivos grupos e organizações independentistas.
O Soba T´Chingange
MULOLAS DA VIDA
Crónica 3153 - NÓS E OS GERENTES DE UM PLANETA CHAMADO TERRA... 25.05.2021
Por T´Chingange - no Algharb do M´Puto
E, pensar que Deus colocou o HOMEM no jardim do Éden para o cultivar e o guardar (Gênesis 2:15) - São recorrentes os avisos de que o descuido com o meio ambiente pode levar o nosso planeta ao caos. Eles, os avisos, são veiculados pela mídia, em campanhas educativas promovidas por instituições governamentais e não governamentais. Já nos anos 1960, livros e artigos em revistas advertiam contra os danos naturais causados pelo uso de pesticidas químicos.
No início do ano 2000, pesquisadores norte-americanos do Fundo Mundial para a Natureza, esboçaram um cenário caótico para o planeta até o ano 2100: extinção de espécimes de aves e animais, inundações, nevascas, furacões, ciclones e outros fenômenos como o actual vírus covidesco, ceifarão milhares de vidas. Há cerca de quatro anos, Stephen Hawking, falecido em 2018, falando a estudantes da Universidade de Oxford, fez previsões sombrias para a Terra também para os próximos 100 anos. Como solução, sugeriu que o ser humano precisa encontrar outro lugar no espaço para sobreviver.
Posso adivinhar poder estar daqui a 100 anos, a ser perturbado pelas cavadelas de um qualquer paleontologista ou arqueólogo a fim de medir a estrutura da minha tíbia e, não será por causa da engenhosidade humana que me considerarão primo da Luzia, um revolucionário zulu. E, pelas catanadas riscadas em seu, meu crâneo, dirão ter sido originadas na gruta de Cango Caves aonde saberemos que a partir das nervuras, “toda a criação, a um só tempo gemeu e suporta ainda angústias, até agora”... Somos muitos a gemer, infelizmente... Em meio a discursos sábios a favor da preservação ambiental, ouvidos com reservas por desenvolvimentistas, ou enfatizados com forte colorido ecumênico de grupos religiosos, precisamos relembrar nosso papel na qualidade de subordinados aos tais gerentes deste planeta.
O Senhor confiou ao ser humano a tarefa de cuidar da natureza e preservá-la, não agindo como destruidores dela em benefício próprio, noé!? Por isso, entre muitos, o filósofo Douglas Groothuis afirmou: “A visão cristã nem deifica a natureza nem denigre seu valor. A criação é divina e não deve ser cultuada. Porém, ela não é má nem ilusória devendo ser tratada com respeito”...
Felizmente, demorando muito ou o suficiente, virá o fim, e tudo o que foi estragado pela desobediência e rebeldia dos "maus gestores" tudo virá a ser renovado de acordo com o plano original. A plena harmonia entre seres humanos, animais e o restante da natureza será restaurada pela eternidade - dizem!; será?
Então, se me transladarem para Marte, ficarei assim nessa esperança de dar sentido à vida largado neste mundo, vítima do egoísmo humano. Pelo sim pelo não, já tirei senha para ir até Marte! Só falta tratar do meu passaporte verde das vacinas...
O Soba T'Chingange
Eu creio, tu crês, ele crê... Você crê realmente?
Crónica 3152 - O quê!? ... Atravessar as cataratas do Niágara nas costas do S. Cristóvão. Nem morto! - (02.05.2021 em Kizomba) - 24.05.2021 no KIMBO
Por T'Chingange no AlGharb do M'Puto
Acho que não sou o suficiente cristão para ter fé só átoa, pular no cangote dum qualquer santo para não o desmentir e entrar no vazio da crença atravessando num fio suspenso as cataratas do Niágara! Quem tem cu, tem medo! A provar isso, escrevo esta falsa parábola com gelo no meu mataco; posso explicar:
- Numa destas saídas matinais para espairecer a vida atrofiada do mukifo, depois da falésia da praia do mato, o meu subconsciente advertiu-me de uma cobra camuflada entre chinguiços e pedras e, vai daí, num aí de susto vim de retro e, despenquei nos paus ressequidos e pedras soltas da picada - cagaço puro!
Fiquei todo esfolado, sangrando nos braços e, com meus mais de cem quilogramas, despenquei-me feio; para meu espanto a cobra continuou lá. Porque fiquei na dúvida, no dia seguinte vou a propósito conferir se era mesmo cobra!
E, era sim senhor! Só que desta feita estava esticada com mais de metro e junto à estrada térrea bem junto ao largo aonde é permitido estacionar os carros. Alguém a matou, noé!? Bem! Como moro relativamente perto, faço o percurso a pé e, num total de 6 km para manter o esqueleto firme. Pois! Quanto ao mataco, permaneceu uma dor suave mas persistente.
Daí, estar agora a escrever esta, deitado e de lado, na cama e. com um saco de gel feito gelo num vira prá esquerda, ora prá direita. Vai daí, melhor daqui, vou recordar a estória dum tal Jean-Francois, um acrobata: - Em 1859, Jean-François Gravelet, famoso acrobata francês da corda bamba, mais conhecido como “Blondin”, atravessou as cataratas do Niágara sobre uma corda de 330 metros de extensão, suspensa a 48 metros de altura sobre as enormes e perigosas cachoeiras.
Ele fez a travessia sobre a corda de várias maneiras: carregando um carrinho de mão; sentando-se no meio do caminho para fritar e comer uma omelete; dentro de um saco; de olhos vendados e com pernas de pau! Aos milhares, o público saía de toda parte para assistir àquelas proezas de tirar o folego.
Depois dessas apresentações, a multidão aplaudia e gritava: “Blondin! Blondin! Blondin!” Certa ocasião, depois de terminar uma de suas famosas travessias, ele perguntou:
– Vocês acreditam que eu consigo carregar alguém sobre meus ombros?
– Sim! Sim! Sim! – Trovejou a multidão.
– Tudo bem – disse Blondin. – Se vocês acreditam, que se apresente alguém então para ser carregado.
A aclamação parou. Ninguém se mexia. Uma coisa era crer que Blondin pudesse carregar alguém na travessia; outra coisa era crer que “eu” pudesse ser carregado. Finalmente, um homem se apresentou – obviamente alguém sustentado pela coragem de suas convicções. Enquanto a multidão observava, Blondin carregou aquele homem para o outro lado, em segurança.
Há muitos hoje, que como aquela multidão que aclamava Blondin professam crer que meu tio Nosso Senhor, pode salvar – salvar os outros, mas não a “mim”! Uma fé como essa não tem valor! Já chega, tantos de nós andarmos tontos com as habilidades de Marcelo, o Presidente do M'Puto, de Costa, nosso primeiro, e até o Governador Centeno e seu 40 ladrões.
Bom dia. Afinal, Ele, Nosso Senhor, salvou o ladrão penitente em sua hora extrema, não foi? Noé!? Salvação significa dar o passo inicial de crer, mas inclui também confiar Nele a cada passo do caminho... Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não fizer obras? Pode por acaso, semelhante fé salvá-lo? Não creio que Marcelo possa atravessar todo o tempo mantendo às costas esta malta rufia... Juro mesmo - Ando descrente...
O Soba T'Chingange
Crónica 3151 - MISSOSSO DO EDU
DIVAGAÇÃO ANTIGA . Penso - logo... EXISTO! - 16.05.2021
Por Eduardo Torres
Estou a pensar, que se por qualquer motivo, acontecesse um acidente natural, que obrigasse, por causas improváveis e nem remotamente previstas, nós ficássemos neste nosso mundo real, apenas com a vida salvaguarda por circunstâncias favoráveis, mas que levassem a desaparecer todos os desenvolvimentos e a própria tecnologia em si, a ponto de voltarmos a uma fase da civilização, que nos obrigasse por falta de meios, a ter de começar tudo quase do principio.
Quem surgiria a comandar o mundo? Recordo-me, a propósito, ainda jovem, de ter visto um filme com uma história muito interessante: Baseava-se o seu argumento nas famílias de alta linhagem da época, formados alguns, todos eles especializados nas boas maneiras que uma alta sociedade impunha, e como não podia faltar, uma descendência de lindas jovens, todas elas preparadas, com uma educação esmerada, para não desmerecer das regras da alta fidalguia a que pertenciam. Não lhes faltava um séquito de servidores, todos eles escolhidos a dedo e segundo o padrão que a própria alta linhagem impunha como medida.
Entre os servidores, destacava-se um mordomo que, quer pela sua presença, pelo fino trato e toda a elegância que usava em cada movimento que fazia no seu serviço prestado, uma mostra que definia toda a sua eficiência. Sucedeu então, que várias dessas famílias baronesas, empreenderam uma viagem para poderem beneficiar das suas vantagens sociais, num chamado "vapor" numa volta praticamente ao mundo de então.
Com eles seguiu também o mordomo, pessoa imprescindível no relacionamento com todo o restante pessoal que fazia parte da tripulação de bordo. Após muitos dias de muito navegar, aconteceu uma grande tempestade, e o barco acabou por naufragar, tendo-se salvo quase todos os viajantes, incluindo naturalmente o mordomo.
Tiveram a sorte de tudo ter acontecido junto de uma ilha deserta, e todos eles em barcos a remos, conseguiram aportar à praia e assim, se instalaram na referida ilha. Foi então, que por falta de conhecimentos e experiência da vida, os tais personagens bem-falantes, formados e consagrados pela sua sabedoria na alta sociedade que ficava longe daquela ilha linda e selvagem, se aperceberam de toda a sua incapacidade de vencer todas as contrariedades surgidas.
Só o mordomo, pela sua sagacidade, pela sua experiência, ganha na luta diária que tivera de travar durante toda a sua vida, era o único homem capaz, naqueles momentos e naquele lugar, de tomar decisões, de improvisar processos, de utilizar a inteligência.
Para conseguir tirar partido de situações, de que só ele, com a sua capacidade de engenharia, improvisava e fazia com que resultassem; Foi por isso nomeado o chefe daquela "tribo"! E, passou assim a dar ordens a todos aqueles que haviam pertencido às famílias a quem tinha servido - a serem seus servidores por necessidade de sobrevivência. Tornou-se noivo da mais gentil senhorita a quem tinha servido; e, geralmente como acontece em tudo na vida, no dia em que se ia efectuar o casamento, aproximou-se um navio no horizonte. Todos foram unânimes em que se deveria assinalar a sua presença na ilha...
Foram salvos e, tudo voltou ao princípio. O mordomo voltou a ser mordomo; toda restante gente voltou a ser gente da alta sociedade - já não era possível haver um casamento entre duas pessoas de classes tão distintas, e as histórias de sobrevivência acontecidas na ilha passaram a ser protagonizadas pelos figurantes da alta sociedade. O mordomo continuou a ouvir, servindo aqueles desonestos, histórias que ele tinha sabido extrair de todo o seu manancial de conhecimentos, ganhos com experiência e inteligência.
Infelizmente o mundo ainda tem gente que sobrevive beneficiando do valor que os outros lhe dão mas, que não abdicam da aparência de se fazer parecer. *Felizmente também há muito boa gente que tem a humildade de contar os factos como realmente acontecem tal como Luís Filipe Vieira, noé? Ele há coisas!
Nota: A adição do LFV, Presidente do Benfica, é de minha autoria - (*blábláblá*) - T'Chingange
ECT
MULOLAS* DE TEMPOS DORMIDOS – A LINGUAGEM DAS LÁGRIMAS COM FALAS INVIESADAS. (14.05.2021 em Kizomba) – 16.05.2021 em KIMBO
Crónica 3150 – Em um tempo de cinzas, tendo em vista a tristeza... Paracuca é jinguba com açúcar torrado…
AR
Por T´Chingange – No AlGharb do M´Puto
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Tudo o que fazemos na vida tem como objectivo a felicidade. Podemos até chorar de alegria, mas o choro costuma expressar tristeza. Porque se diz então “Bem-aventurados os que choram?”
Pesquisadores de muitos lugares deste Mundo, têm estudado os efeitos do choro e descoberto que ele faz bem. O bioquímico William Frey, da Universidade de Minnesota, por exemplo, estudou com sua equipe o sistema imunológico de muitas pessoas, o grau de stresse e raiva, e o humor daqueles que choram muito.
AR - Eles, os pesquisadores, descobriram que o humor dessas pessoas melhorou em quase 90% após um período de pranto. As lágrimas derramadas por elas fortaleceram o organismo e reduziram o stresse. O sentimento de culpa causa dor e abatimento mas, haverá aquele momento de viragem em que a paz e a alegria são restauradas - o consolo é experimentado e, desse modo, a vida passa da tristeza ao prazer, do pesar à felicidade... O que tiver de ser, irá acontecer.
CA - Num qualquer momento ao se olhar para dentro de si mesmo, se deparará com um quadro que não é o ideal. Talvez se sinta o coração quebrantar-se pela consciência da própria fraqueza e se entristeça profundamente apesar de se saber que a alegria é um componente do fruto espiritual. Um dia virá em que na presença de um ser superior, a “plenitude de alegria surgirá, tirando até águas das mulolas* com um cesto de vime, assim se acredite nos milagres da vida. Entretanto, não é esse tipo de alívio que caracteriza a felicidade mencionada para que se possa consolar todo o tipo de pranto; efectivamente, o choro aqui referido não é causado pela dor física, perda humana ou material, despedidas ou outras situações comuns. Será sim, um pranto que abre um novo caminho, da escravidão para a plena liberdade espiritual…
P - Algo superior nos fará expressar sentimentos e emoções por meio da linguagem das lágrimas: por separação, luto, arrependimento, compaixão ou das lágrimas por insegurança, opressão política, solidão ou a aflição. Pensando nas condições prevalecentes no mundo, o teólogo e escritor alemão Heinz Zahrnt, falecido em 2003, expôs o paradoxo de se falar sobre mansidão na seguinte frase: “Ai dos mansos, porque eles serão colocados contra a parede!” E, de facto, estando o mundo tão engravidado de pessoas que tudo medem em termos de força, poderio e agressividade como meio de conquista, estaremos sim, encostados à parede… E, como diz a sombra esquerda do escritor Saramago, o tempo não é uma corda que se possa medir nó a nó; é uma superfície oblíqua e ondulante, dependente da memória.
AM - Na procura de um porquê, uma vida cheia de mulolas*, só posso dizer que tudo será fruto do acaso como um milagre que sobe a rampa dum misterioso milagre. Sempre seremos manobrados e levados a pagar pelos erros alheios… Este, é um mundo no qual a competitividade é desejada, incentivada e buscada a qualquer preço. Um mundo em que as coisas parecem funcionar segundo a lei do mais forte, do mais rico, do mais descarado e mentiroso. E, chamam a isto de diplomacia e, ou “Paraíso Fiscal” – mas, não foi sempre assim! De acordo com essa mentalidade, quanto mais alguém se defende e luta por fazer valer seus direitos, tanto mais possibilidade terá para se frustrar. Por isso, a afirmação soa, no mínimo, singular. Serão os mansos que conquistarão o mundo tomando posse do Universo?
Nota*: Mulola só é um rio, quando chove.
Ilustrações de Assunção Roxo, Costa Araújo , A. Monteiro e Pombinho
O Soba T'Chingange
DE KIGALI A IGUAÇU
Crónica 3149 – DO BAÚ DE MEMORIAS RETIREI FALAS RESSEQUIDAS NO TEMPO COM CREDÊNCIAIS DE CONTADOR DE ESTORIAS AVULSO - 12.05.2021
Por T'Chingange no AlGharb do M'Puto
Fui ao meu baú das memórias retirar coisas idas em minhas andanças pelo Brasil e, porque perdi o comboio fumaça das cinco, releio de novo e passo a limpo a já desbotada crónica escrita no ano de 2007 em vésperas de Páscoa. No hotel “Rafain Palace” de Iguaçu, pude ler nesse então na Gazeta do Paraná, o meu horóscopo; talvez pela primeira vez pude sentir algo que condizia com a minha pessoa: gémeos - simbolizam a mente jovial que busca a variedade do conhecimento; os gémeos, dão-se conta que não estão sós no mundo e que as trocas de conhecimento podem ser partilhadas.
Milhões de pessoas por este mundo, todos os dias se levantam atormentadas com problemas. Atónitas com a vida, entorpecem suas capacidades consumindo a rotina ou a seca de permanecer semanas trancafiado em seu mukifo T-um sem nunca, nunca golpearem a sua inteligência fazendo perguntas a si mesmas – nunca se chegam a descobrir envoltos em irrelevantes questões do quotidiano de arranhar os netos dos neurónios chamuscados nas periclitantes adversidades. Tinha visto no dia anterior um filme sobre a mortandade do “Rwanda” em que um gerente de hotel salva das mãos terroristas da tribo “Hutu”, a família de ascendência “Tutsi” e, um elevado número de cidadãos que tiveram o azar de nascer negros, da etnia tutsi e, num pais com o nome de Rwanda, uma antiga colónia belga.
Desde a independência de Burundi em 1962, houve dois eventos denominados genocídios no país. Os assassinatos em massa de hutus em 1972 pelo exército dominado pelos tutsis e os assassinatos em massa de tutsis em 1993 pela população de maioria hutu e, que são descritos como genocídio no relatório final da Comissão Internacional de Inquérito ao Burundi apresentado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2002.
Aquele administrador de hotel em Kigali foi, salvo as devidas proporções e por comparação, o Aristides de Sousa Mendes, um diplomata português que salvou milhares de famílias judias dos campos de concentração para a morte efectuada pelos nazis e, tendo como veiculador da horrenda guerra o paranóico Adolf Hitler. Aquela figura tão conhecida e pelas piores razões que levou a eugenia ao último grau de aniquilamento em seus laboratórios de morte, seguindo as ideias do pastor Thomas Malthus, um pastor anglicano de ideias patafúrdias…
O tratamento na higienização do povo levou o alemão Hitler que nasceu na Áustria, então parte do Império Austro-Húngaro e seus maníacos seguidores e assessores a eliminar gente que não tivesse o padrão “ariano”, gente com um qualquer defeito físico, ou com uma anatomia ou procedência não condizente com seus entendimentos, seguindo convicções secretas de indefinidos mistérios e seguindo uma trilha deplorável.
O rumor das quedas de Iguaçu logo numa primeira aparição, seguindo o trilho da mata confundia-se com uma pequena cachoeira correndo entre rochas da qual se desprendiam exuberantes ramadas de verde. Primeiro pude observar uma pequena cachoeira de nome Macuco, um fio de água soltando um pequeno choro feito murmúrio a comparar com a queda grande que pouco a pouco fui vendo nos passos do trilho sinuoso. Aos poucos, a grande queda, vai surgindo num espectáculo de dança cada vez mais deslumbrante de espuma branca, ora um véu de noiva ora espirrando roncos entre fragas medonhas...
As borboletas, umas mais bonitas que outras, vêm às centenas formar uma cortina multicolor entre a visão tumultuosa das águas, os arrifes, dos escapelados saltos de água no leito do rio e um nevoeiro de cacimbo permanente saindo da boca do diabo; da garganta “d´el diablo” saem golfadas de quilolitros de brancura engasgando-se em um desfiladeiro assombroso; Assim cuspindo espuma, a correnteza revela-nos com gritos, mistérios da natureza. Nada acontece por acaso! Assim penso empanzinado de agradecimento sentado naquela saliência de pedra musgosa, realizando um grande objectivo de imprimir em memória os sentidos externos. Gravar vida no espírito ideias trazidas ao cérebro por um brotar duma energia imensurável…
Aquele arco-íris, contornava com suas sete cores a minha existência esmagando-me em êxtase de crenças engalanadas e encavalgando-me em sonhos e fascínio de felicidade ou êxito estarrecido; fazendo esquecer todas aquelas agruras terrenas do seio daquela civilização supostamente mais avançada chamada de Alemanha ou lá do terceiro mundo em um longínquo país chamado de Rwanda e Burundi amolecendo nosso orgulho humano e engravidando-nos de vícios, ódios e muitas e variadas intrigas.
Nesta contemplação de espectáculo da vida e sensação, sente-se nossa pequenez como se o fôramos um minúsculo empréstimo da natureza. Ali, a gente entrega-se sem mendigar ao amor ou à dor das esperanças frustradas e até perdidas sem aquele aperto de mão, suspenso entre a consciência do conhecimento em espargir o bem ou o mal, tudo envolto em egoísmo ou até paixão de prazeres. Também aqui os índios “Caigangues”, sem conhecimento do resto do mundo, morrem de velhos na verdadeira liberdade como o pássaro quetzal, sem definirem com exactidão o temor indigno, num perfeito domínio de si mesmos entre sua paz suprema de viver num dia de cada vez e, no meio das maiores hodiernas privações…
Desconhecendo estes conceitos num paraíso tal como a borboleta com o número 88 que foi minha guia inseparável, esta visita foi talvez a maior lição de vida que recolhi e, sentir sim, esse amor pela natureza… Hoje, em companhia duma xícara de café fumegante, tento a maneira de enganar o tempo a fim de não sucumbir à solidão ao invés de passar o tempo em um passe-vite esgotando os nanosegundos dos meus obstinados e silenciosos abismos. Roçar assim as perspectivas ortorrômbicas para e, daí extrair ausentes sentimentos no intuito de mostrar o que ninguém viu antes, num secalhar e, porque quase sempre “só vemos o que queremos ver”.
O Soba T´Chingange
TELHAS OU CREPÚSCULOS - 10.05.2021
Crónica 3148 - A vida estende-se diante de nós como um glorioso quadro... Um esplêndido crepúsculo; uma Kúkia de deslumbramento...
Por T'Chingange - no M'Puto
Diariamente sempre haverá escolhas a fazer. Elas podem determinar nossa felicidade aqui e no futuro. As escolhas que você faz hoje são vitalmente importantes. Os amigos que escolhe terão muito a ver com sua vida tornando-a um esplêndido crepúsculo ou um velho celeiro sem graça.
Os amigos podem levá-lo a concentrar-se naquilo que é passageiro, ou conduzi-lo para mais perto de coisas vaidosas. Todos os dias você precisa escolher entre o celeiro e o pôr-do-sol - a KUKIA...
Eu que sou cota, entendo que a vida sempre se estende diante de nós como um glorioso quadro mas, temos de saber querer o que escolheremos pintar? Como e, em que focalizaremos a atenção? Em celeiros ou no crepúsculo? Posso explicar!
Teremos de ter noção nas coisas que realmente importam ou nas que são triviais! Isso! No bem ou no mal! Naquilo que é supremo ou no que é terreno; posso acreditar.
Em pé, no ondulante cafezal de uma roça/fazenda, Araújo meu Mano de brincadeira, sendo mais novo, esboçava a gloriosa paisagem que se estendia diante de seus olhos...
Com o pincel na mão, concentrava-se no quadro que emergia na tela. O sol punha-se, lançando uma cintilação dourada sobre as árvores dando a impressão de que a terra pegava fogo. Uma genuína Kúkia nas terras altas da Gabela, um sítio chamado de Boa Entrada da CADA. Lugar de Boa Lembrança...
Em primeiro plano, via-se um velho celeiro, em ruínas, o terreiro de secar as bagas do café Amboim, contra o fundo do crepúsculo. Araújo semicerrava os olhos contra a luz, ao esforçar-se para captar o padrão intrincado da disposição das telhas no telhado do celeiro. Homens de troncos nus andavam de um para outro lado com umas geringonças de madeira rolando os grãos. Araújo, só via que algumas telhas estavam faltando, e ele queria ter certeza de retratar tudo correctamente.
Eu, seu professor de arte, observei-o pintando o telhado do velho celeiro. Todo o céu poente estava em fogo. Ele, Zé Araújo, observou que as cores passavam de um brilhante carmesim para um dourado de tirar o fôlego.
Por fim, eu, seu professor disse-lhe em voz baixa: – Se gastares muito tempo nesse telhado, não conseguirás pintar o pôr-do-sol, pois as cores mudam rapidamente. Em pouco tempo, estará escuro. Tu, terás de escolher entre as telhas, a azáfama do terreiro ou o pôr-do-sol. Qual é a tua escolha?
Zé Augusto tirou os olhos da paleta, engoliu em seco, ao ver a beleza que se espraiava diante dele. Seu rosto reflectia as cores do entardecer; enquanto tomava o pincel e repentinamente disse: - O pôr-do-sol, meu Mano Corvo (que era eu) - Escolho o pôr do sol!
Pode não haver êxtase de sentimentos neste relacionamento de candengues, mas deve existir uma confiança constante e tranquila. E, houve, enquanto houve... Havia nele motivação e sabedoria para tomar decisões relacionadas com a eternidade. Ele virou mestre do pincel florescendo naquele coração, até que uma grave enfermidade o acometeu. Eu, assim fiquei feito feiticeiro, inventando missossos da Luua, no caminho de fé...
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Ilustrações de Costa Araújo
O Soba T'Chingange
NÃO É FÁCIL VIVER-SE EM TEMPOS FALACIOSOS
Crónica 3147 – (07.05.2021 em KIZOMBA DO FB) – 09.05.2021 no KIMBO
O CONHECIMENTO DA VERDADE... Malamba é a palavra no boligrafar de nossas vidas
Por T'Chingange no M'Puto
Para se ser sábio, é necessário antes de mais ser-se humilde na justa medida. Alguns se embasam em tradições culturais, no senso comum ou em sua intuição. A existência de conhecimento por meio de dados sensoriais não pode ser negada, contudo, o perigo de abraçar estas abordagens é que os dados obtidos a partir dos sentidos humanos não são completos e incontestáveis. Há milhares de maus exemplos entre nós... Óh, se há...
Há quem afirme que o verdadeiro conhecimento deriva daquilo que pode ser comprovado por meio da observação. Sim! Mas, como é que as pessoas reconhecem algo verdadeiro? Todos reconhecemos que existem várias fontes de conhecimento disponíveis. Uma delas é o mundo ao redor, que revela as digitais do Universo, ainda que estejamos em uma realidade de pecado pela já vulgar mentira. Outra razão, nos convida a sermos racionais e mantermo-nos dentro da lógica da experiência. As fontes, porém, devem ser analisadas sob as lentes do bom senso, um bem escasso no Mundo actual...
Os cristãos procuram seguir os ensinamentos das Sagradas Escrituras, seu centro de busca pelo conhecimento do verdadeiro. Isso! Pois compreender a realidade sempre será uma premissa básica considerando a existência do mal; coisa comum no nosso meio originando um constante conflito narrado entre Cristo e Satanás!
Pois é! Talqualmente como aquela cowboiada "o mau, o bom, e o vilão" que atinge odiernamente a todas as pessoas deste mundo periclitante, noé!? Esta controvérsia é apresentada na Gênesis e Apocalipse do qual depende nossa salvação, segundo Paulo. Esse tal de apóstolo...
Ele, Paulo, escreveu assim: “Toda a Escritura é inspirada por Ele e útil para, nosso ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem seja apto no suficiente e plenamente preparado para toda a boa obra” - Mas, poucos são os que traçam rumo por esta via. Muito menos os políticos militantes do M'Puto e dos ditos PALOPS.
Se você tem dificuldade em compreender o que lê, siga o conselho inspirado: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a, que a todos será dada livremente, de boa vontade e com fé; e lhe será concedida” - Quando se quer ser sábio, noé!? Você gostaria de crescer no conhecimento que conduz à vida eterna; então porque não acreditar? Abra o coração à sensatez usando-o um dia de cada vez, para não saturar...
Claro! O amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviam da fé e a si mesmos se atormentam com muitas dores. Pois ouçam: - Um banqueiro riquíssimo disse a Alexandre Dumas:
– Todos os escritores deviam viver na miséria, pois a pobreza aguça a inteligência.
– Bem se vê que o senhor tem muito dinheiro – respondeu Dumas, tranquilamente...
Não podemos condenar o dinheiro, mas adverte-se sobre o apego aos bens materiais, tão em moda. Um trato tão vulgar entre nossos políticos, nossos banqueiros, nossos gestores. Sobre isto, Ame Gorborg escreveu: - “O dinheiro por si só não tem o valor absoluto que lhe atribuem, mas é coisa boa para quem o usa bem"! Com dinheiro pode-se conseguir tudo, assim se diz.
Isso, porém, não o é totalmente verdade. Com dinheiro pode-se comprar comida, mas não o apetite; medicamentos, mas não a saúde; almofadas fofas, mas não um sono reparador; paz com a sociedade, mas não a paz da consciência; distrações, mas não a alegria; ostentação e luxo, mas não a felicidade... Resumindo: Dinheiro e sapiência convém serem condimentadas com a suficiente honestidade....
Há mais: - Podes ter conhecidos interesseiros, mas não amigos desinteressados; empregados, mas não fidelidade; alegria, mas não tranquilidade de espírito. A casca de todas as coisas pode ser comprada com dinheiro, mas não a medula, a ALMA.
Hoje deu-me para aqui...
Ilustrações de Assunção Roxo
O Soba T'Chingange
MAIO GRAVADO NAS MÃOS...
Crónica 3146 - As credenciais da faxineira, estavam riscadas em suas mãos - nesse ido tempo nem havia o tal Um de MAIO * 04.04.2021
Por T'Chingange no AlGharb do M'Puto
Sabe-se que a homenagem ao trabalhador, remonta ao dia Um de Maio de 1886 há cento e trinta e cinco anos, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago. O objectivo era conquistar melhores condições de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas, para oito horas.
Tolstói, o grande escritor russo, contou, certa vez, a história do Czar e da Czarina que desejaram honrar os membros de sua corte com um banquete. Eles enviaram os convites e avisaram que os hóspedes deveriam vir com eles.
Quando chegaram ao banquete, os hóspedes ficaram surpresos ao ver que os guardas não examinaram os convites, e sim suas mãos. Os convidados tentaram imaginar o que significaria aquilo, mas também estavam curiosos para ver quem o Czar e a Czarina escolheriam como hóspede de honra, para sentar-se entre eles no banquete. Todos ficaram espantados quando viram que a pessoa escolhida foi uma idosa faxineira, que durante muitos anos trabalhou arduamente para manter limpo o palácio... Ao examinar as mãos dela, os guardas declararam: “A senhora tem as credenciais adequadas para ser a hóspede de honra. Podemos ver amor e lealdade em suas mãos.”
Conta-se uma história semelhante de um tal missionário chamado de Adoniram Judson, na antiga Birmânia, actual Myanmar - uma nação do sudeste asiático com mais de 100 grupos étnicos e que, faz fronteira com Índia, Bangladesh, China, Laos e Tailândia. Judson dirigiu-se ao rei da Birmânia a fim de pedir permissão para ir a determinada cidade e pregar. O rei, pagão, mas muito inteligente, respondeu: “Eu estaria disposto a deixar uma dúzia de pregadores ir lá, mas não o senhor, com essas mãos. O meu povo não é tolo para se importar com sua pregação, mas eles notariam suas mãos calejadas pelo trabalho.”
Também a crucifixão de Cristo deixou os discípulos muito desorientados. Chegara-lhes a informação de que Jesus havia ressuscitado, porém hesitavam em crer e não se achavam psicologicamente preparados. Com medo dos judeus, reuniram-se no Cenáculo. Com um estado de tensão emocional e, ficaram apavorados quando o Messias apareceu entre eles. Pensaram que fosse um fantasma; uma kianda... Foi preciso que Jesus mostrasse as mãos e os pés, dando-lhes uma prova visual, auditiva e tácita de que Ele realmente havia ressuscitado.
Possuídos dessa certeza, os discípulos, antes temerosos e cheios de dúvidas, tornaram-se apóstolos de grande coragem e abnegação porque viram a marca dos cravos em Suas mãos e pés, tal como muito mais tarde o fariam os mandantes do Czar, reconhecendo aquela faxineira, eleita pelas mãos calejadas...
Hoje, e aqui numa avenida de Lisboa do M'Puto, chamada de Liberdade festejam o Um de Maio vendo a bandeira que um qualquer leva, o símbolo na lapela ou os dísticos tendo sempre uma foice e um martelo! Mesmo que o seja só para figurar... A maior parte finge que trabalha mas, o que eles querem é mesmo um bem bom de salário para comprar bejecas e caracóis... Na ética dos TAXOS e das CUNHAS
O Soba T'Chingange
ESTÓRIAS EQUECIDAS – 01.05.2021
Crónica 3144 - CHE GUEVARA NO CONGO BRAZZA - "A estória de um fracasso". Eu Furriel MIKE, estava ali tão perto de Dolisie, no lugar de Miconge Velho a comer javali com os TE´s a comer macaco… Dolisie, também conhecida como Loubomo, é uma cidade da República do Congo, capital da região de Niari QUE FICA PERTO DA FRONTEIRA Norte de Cabinda…
Por T´Chingange no AlGharb do M´Puto
O General cubano Victor Dreke que acabou parceiro de Che Guevara na frustrada guerrilha do Congo, ainda em vida recordou: O guerrilheiro Ché, continuou a ter fãs na agora República Democrática do Congo Brazzaville. Dreke passou pelos quartéis da região; no mesmo dia da chegada, foi levado a uma casa onde estavam José María Tamayo, o "Papi", e o novo chefe da missão “Ramón” que era Che Guevara. Dreke, até ali, servia no Exército Central, na cidade de Santa Clara.
E, foi em Santa Clara de Cuba que recebeu uma proposta que o levaria a África. Aceitou participar sem saber do que se tratava. O pedido veio directamente de Fidel Castro: comandar uma missão especial recrutando 100 jovens soldados que seguiriam para um destino ainda desconhecido. O veterano Greke frisa que a adesão à guerrilha era voluntária. Quem aceitava deveria dizer à família que iria para um treino na União Soviética. Durante algumas semanas, os cem homens prepararam-se numa zona de mata sem acesso a energia eléctrica recebendo visitas frequentes de Fidel.
Naquele primeiro encontro, ele, o Ché "usava um corte de cabelo muito conservador, um grande bigode negro e um fato de tecido escuro, com uma gola dura de banqueiro e uma gravata de cores fortes", assim descreveu o escritor colombiano Gabriel García Márquez na revista Algarabía, num raro relato sobre o disfarce de Ché na ocasião”.
Sentado em um tronco feito banco, Dreke tentava entender o que se passava, enquanto "Ramón" remexia papéis na companhia de Osmany Cienfuegos, irmão de Camilo – terceiro maior nome da Revolução Cubana. O irmão de Camilo insistiu que o novo comandante não era um estranho. "Você conhece-o, “coño", exclamou! - "Companheiro, eu nunca o vi", respondeu Dreke. Foi então que Guevara se apresentou e chamou o subordinado pelo sobrenome…
Sem perceber, o futuro General passara por um teste imposto por Fidel aos homens que melhor conheciam Guevara. Era importante que nem eles conseguissem reconhecê-lo no disfarce. Com o ex-ministro prestes a entrar na clandestinidade, o regime temia que ele fosse capturado, executado e a sua morte atribuída ao Governo.
A 1 de abril de 1965, o trio formado por Ramón, Dreke e Tamayo iniciou o périplo rumo ao Congo em voos comerciais. Com passaportes falsos, passaram por Moscovo, capitais da Europa Oriental, Argel, Cairo e Nairóbi, até chegar a Dar-es-Salam, então capital da Tanzânia. De lá, seguiram para o Lago Tanganica, rota de travessia para o Congo. Com onze combatentes que se juntaram ao grupo ainda na Tanzânia, desembarcando no sudeste do Congo, a 24 de abril de 1965. O chefe, Guevara seria o "Doutor TATU", médico e tradutor.
Não foi uma escolha gratuita. Era ao contrário, confortável para Che. "Ele não ficou famoso ali como guerrilheiro, mas como médico. Como fazem os nossos na ilha e outros países, saía pela manhã visitando os lugares e distribuía os poucos medicamentos que tínhamos", relata Dreke. Nas primeiras reuniões, ele traduzia o que eu dizia. Sem entender o idioma, eu pensava: não falei tudo isso", conta Dreke, aos risos - "Ché falava francês e um pouco de outros dialectos.
Depois de sete meses, após constatar a pouca unidade dos soldados africanos e a perda de apoio internacional, Ché decidiu, contrariado, encerrar a primeira missão internacional do regime cubano. Mandou uma carta a Fidel Castro dizendo que Victor Dreke "era um dos pilares em que confiava". É assim que Che Guevara, inicia o seu relato sobre o movimento guerrilheiro que ajudou a organizar na República Democrática do Congo, em 1965, dois anos antes de ser morto na selva boliviana.
O Soba T´Chingange
MONAMGAMBA - TEMPO CREPUSCULAR COM FRINCHAS
Nós, também produzimos fruto na estação apropriada, pois afinal, para isso fomos plantados...
Crónica 3145 – (30.04.2021 em Kizomba) – 01.05.2021 no KIMBO
– Hoje, ninguém parece ter consciência de nada; por usucapião, estamos feitos ao bife
Por T'Chingange no AlGharb do M'Puto
As árvores que conheço desde sempre, são variadas pois que, aqueci nos trópicos como as acácias do Calahári e por vezes tentei até abraçar o imbondeiro mas, desconsegui fazê-lo sozinho. Também consegui aqui no M'Puto ter um imbondeiro que subiu protegido mas, por descuido meu, veio o frio de Nosso Senhor dando-lhe fim.
Meu vizinho alemão da Alemanha tem uma nespereira que este ano carregou de frutas. Já saltei o muro para lhe roubar uns quantos balaios como indemnização pela sugeira que seu choupo do Canadá faz no meu quintal virado a Sul. Costumo conversar com o loureiro mas, para além de dois rebentos nascidos do meu lado, assim sobranceiro, nada me diz nem contesta.
Cada espécie, daqui ou oriundas de outros lados, são distintas e admiráveis à sua própria maneira. Os luendros que fazem fronteira entre mim e o carcamano, têm várias cores mas o vermelho é o de que mais gosto. Na minha concepção o altaneiro choupo tem uma linhagem nobre, mas excede a todos em altura retirando-me o sol de inverno por ter crescido de forma desmedida. Se a expressão “crescer em graça” se aplicasse a árvores, este choupo o exemplificaria melhor, só que não é árvore para um quintal citadino. Como pode alguém, nem mesmo sendo um especial amante da natureza, olhar firme e refletidamente a uma árvore assim e, deixar de apreciar a mesma por não estar no sitio apropriado...
As sequoias da Califórnia são também um espetáculo inspirador mas só são sustentáveis numa floresta. E, se o choupo do carcamano já me causa transtorno pelo avanço das raízes no largar de folhas e sementes pelo meu património, posso imaginar como seria se o fosse, uma Sequoia.
Bom! Algumas oliveiras já existiam havia muito tempo quando Davi escreveu seu texto bíblico; eram mais antigas ainda quando Jesus andou pela Galileia. Nem se fala de outras espécimes quando Colombo descobriu o Novo Mundo! Nações e impérios vão e vêm; contudo, muitas destas arrojadas árvores ainda vivem e crescem, sequoias, oliveiras e, o imbondeiro com mais algumas variantes de acácias.
Bem! Diz-se que um cristão deve ser como uma árvore plantada junto a correntes de águas ou mulola, sempre a crescer. Pois então, esta figurada linguagem representará de certa forma aquela sequoia ou imbondeiro, que indiferente ao tempo marcado no relógio, continua crescendo...
Apesar de muita gente afirmar que os imbondeiros podem viver milhares de anos, tal não pode ser comprovado, pois que o seu crescimento não leva à formação de anéis anuais. Suas flores são de cor brancas, muito grandes e pesadas. São vistosos pedúnculos com um grande número de estames com um cheiro peculiar a carniça...
Há quem diga que a flor de imbondeiro (baobá) surge a cada 40 anos, mas das controvérsias ficam-nos as lendas bordadas a múcua, seu fruto. Sua flor dura pouco; murcha e cai em um ou dois dias depois de desabrochar. O crescimento de uma árvore e sua estabilidade simbolizam a vida dum cristão submisso; podemos comparar assim noé!? Desde a minúscula plantinha até uma árvore espantosamente gigantesca, que quase toca o céu, seu crescimento sempre o é, um contínuo processo de receber e crescer.
Em resumo, nós todos so mos recipientes de nutrientes temporários e espirituais não obtidos por nossos esforços. Sem a fonte de força e poder rapidamente murcharíamos e morreríamos. Contudo, com o auxílio da Natureza, nossa alma pode ser semelhante à força duradoura de uma árvore. Podemos produzir fruto na estação apropriada, pois, afinal, para isso fomos plantados mas, os homens andam a querer tudo mudar e, nisto, as regras não podem ser alteradas...
Muxoxo é uma espécie de estalo que se dá com a língua aplicada ao palato, em sinal de desdém ou contrariedade. No M´puto costumam chamar de "xoxo", com o sentido de beijo; Monamgamba é trabalhador desclassificado (perjurativo) - por vezes traduz-se em asneira ofensiva
O Soba T'Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
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