RECIFE – A SAGA DO AÇÚCAR
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA
Crónica nº 3289 de 23.04.2022 na Pajuçara de Maceió, de Alagoas, Brasil
– Republicação a 08-11.2022 em Lago do M´puto
Por T´Chingange (Ochingandji)
O governo do Brasil Holandês (Mafulos*) capitulou a 26 de Janeiro de 1654 tendo sido então o mais importante registo da História Militar de toda a América do Sul; depois deste acontecimento há a salientar de relevante saga, a libertação dos cinco países americanos por Simon Boliver. Após a capitulação de Recife, os moradores aclamaram a liberdade contra a dominação holandesa e, a 7 de Outubro de 1645, os homens de guerra de Pernambuco lavraram certidão de aclamação a João Fernandes Vieira como Governador da liberdade.
Chegado aqui, terei de retroceder no tempo a fim de conhecer a saga do açúcar nas então capitanias, nomeadamente a de Pernambuco. Em 2009, numa das celas da prisão para políticos, em Recife do Brasil, “A praça das cinco pontas”, agora transformada em casa da cultura, comprei um livro que fala da saga do açúcar - como tudo começou na relação histórica entre as ilhas da Madeira, Açores e o Brasil. O açúcar vingou no Nordeste Brasileiro por força da intervenção madeirense tendo, entre outros pioneiros o nome destacado de João Fernandes Vieira, um mestiço que em 1645, já era o maior proprietário de engenho do açúcar em Pernambuco.
Deve-se principalmente a ele, Vieira, a restauração de Pernambuco com a retirada do Conde de Nassau, o governador Holandês que a partir de Olinda geria o império da Companhia das Índias Ocidentais. Vieira assumiu o Brasil como terra sua e as suas atitudes tomaram foros do que se veio a designar “o nascimento do conceito brasileiro”. Antes de continuar a descrição da Saga, convém dizer que O Mafulo Maurício de Nassau foi em verdade muito importante na história do Brasil de então pois que introduziu novos processos de gestão de uma visão mais avançada para a época. O mercantilismo e o atributo de subsidiar o investimento, fez crescer vários negócios no Nordeste brasileiro.
A Madeira, foi o início - As ilhas da Madeira e Açores tiveram na introdução do açúcar no Brasil e, a implícita emancipação pelo conceito em se ser brasileiro. Esta gesta de gente que lutou pela liberdade contra os Holandeses por alturas de 1640, enfrentou do outro lado do Atlântico – Angola, os mesmos Mafulos* que em paralelo com a rapina de Olinda, se apoderaram da cidade de Loanda. Esses intervenientes salientaram-se como heróis que a história quis esquecer; muitos morreram em prol de terras que escolheram para ser suas; supostamente, uns em Brasil, outros, no reino de N´Gola, uma esquina nesse então, esquecida do mundo.
A descoberta da Madeira aconteceu em 1420 e, a 8 de Maio de 1440 o infante D. Henrique lançou a base de estrutura no conceito de posse, dando a Tristão Vaz carta de Capitão de Machico. Esta foi a primeira capitânia a ser atribuída a gente que por feitos se tornou de “linhagem Lusa” defendendo-se assim um sistema institucional que deu corpo a novas terras. A formação do Brasil colonial, foi à semelhança de Machico, também, partindo da atribuição da capitânia, a de S. Vicente, ”a Nova Madeira” na costa Atlântica das terras de Vera Cruz. Aqui nasceu a grande metrópole que é hoje, São Paulo com mais de vinte milhões de almas.
Na capitânia de S. Vicente foram construídos os primeiros engenhos açucareiros; mestres madeirenses às ordens dum senhor governador de nome António Pedro Leme, terá sido o pioneiro no plantio das primeiras socas de cana oriundas da Madeira. Com aquelas primeiras mudas de cana-de-açúcar, se formaram os primeiros canaviais dando-se início à saga do açúcar na faixa litorânea Paulista. Os Madeirenses, foram assim, os primeiros colonizadores e, isto, foi só o início. No decorrer dos anos, foram até às imensas regiões do Sul aonde se situa agora o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; mais tarde e com maior impacto tomaram raízes mais afincadas no Nordeste Brasileiro…
O facto de a Madeira ter sido modelo de referência para o espaço global da Lusofonia Atlântica, não tem sido reconhecido ou, divulgado. Esta migração humana que arrastou consigo um universo de conceitos, tecnologia, usos, costumes, cultura e novos conhecimentos e até pesquisa no campo da flora, silvicultura em geral, teve um impacto de evidente progresso. Não é sem razão atribuir-se a Portugal o início do conceito de globalidade; em verdade este mérito tem tudo a ver com os genes Lusa.
Nesta primeira pedra da gesta Lusa em terras mais além de Sagres, houve impactos negativos mas, os de mais-valias para o Mundo valorizaram o arco-íris final. A pequenez da Ilha Atlântica e sucessivas crises naquela tão difícil empinada topografia levou os ilhéus a buscar outros destinos menos trabalhosos e mais auspiciosos; primeiro foram para os Açores e Canárias mas, mais tarde, em precárias embarcações quinhentistas sulcaram com gentes continentais terras longínquas como Curaçau, Venezuela, Brasil, Angola e África do Sul, levando consigo um modelo de virtude social, político e económico.
GLOSÁRIO: Mafulo: - Holandês em dialecto kimbundo de Angola
O Soba T´Chingange (Ochingandji)
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA