RECIFE – A SAGA DO AÇÚCAR
FÁBRICA DE LETRAS DA KIZOMBA - O bodo dos pobres na “Folia do Divino” - ILHA DE SANTA MARIA nos AÇORES
Crónica nº 3293 de 03.05.2022 – Republicação na Lagoa do M´Puto a 12.11.2022
Por T´Chingange (Ochingandji)
Saíram deles MADEIRENSES, os canaviais com seus canais de rega, engenhos e rodas motrizes. O seu contributo na feitura do Brasil teve início com a libertação do Maranhão (S. Luís) que se deu no ano de 1642 tendo António Teixeira de Mello como libertador enquanto em Pernambuco e, pelo ano de 1645, João Fernandes Vieira organizava resistência armada aos Holandeses (Mafulos); para tal, em 1646, recebeu do rei D. João IV a carta de patente de mestre-de-campo para chefiar um terço da Infantaria formada nas Ilhas.
Ficaram a seu comando, 500 homens recrutados na Madeira, Ilha do Pico, S. Miguel, Faial e Graciosa no Arquipélago dos Açores. Este terço era constituído por quatro companhias de 125 homens. Os combatentes Madeirenses que se bateram nas campanhas de Bahia e Pernambuco contra os Mafulos, receberam tenças ou cargos administrativos como recompensa pelos serviços prestados; assim, se alicerçou as instituições régias de soberania local defendendo-a de corsários franceses, castelhanos e os aqui referidos Mafulos.
Por via do novo Tratado de Madrid que substituiu o já desusado trato de Tordesilhas, constituiu-se como primordial, a efectiva ocupação do território por gente Lusa. Em 1746 foram enviados casais Açorianos para terras do Sul; estava em curso o estancar de gente de Castela que ao longo dos anos se tinha instalado na foz do Rio Prata, actual Uruguai, uma parte da grande Cisplatina.
Florianópolis passou a ser nesta corrente migratória a 10ª ilha dos Açores em terras do Brasil. É curioso dizer-se agora, ano de 2022, estarem as evidências culturais de sua origem mais vivas do que em sua terra mãe através das festas do Espirito Santo e os mistérios em honra do “Divino”, festa de Pentecostes que no calendário católico têm lugar cinquenta dias após a celebração da Pascoa. A tradição foi difundida nas ilhas por influência da Rainha D. Isabel (1276 a 1336).
Tive oportunidade de assistir anos atrás à coroação de um Imperador na Ilha de santa Maria dos Açores e, nesse dia fui ao bodo dos pobres; ”folia do divino” que ocorre em toda a Ilha e que foi transposta para Santa Catarina do Brasil. Em S. Vicente, persiste a tradição do bodo, mesa farta no dia do Divino Espírito Santo aonde ninguém paga e ainda leva merenda ou bolo para suas casas.
Na ilha de Santa Maria comprovo porque vi, em Santa Barbara e Vila do Porto, aos fins-de-semana andarem uns mordomos com vestimentas brancas como as das irmandades, fazendo peditório para esta época de quermesse. Por vezes gente vinda da diáspora da globália saudosa desses costumes dá alvissaras ofertando tudo para esta festa e, são inúmeros os voluntários a ajudar nas muitas actividades.
Neste triângulo Europa (Portugal), África (Angola) e Américas (Brasil), no que concerne ao conjunto de países dos PALOP´s (Países ou estados autónomos de língua oficial portuguesa), a Madeira e os Açores, estão no princípio de singularidade dos usos como um laboratório experimental da sociedade Atlântica. Há neste conjunto de tradições laivos de cultura Guanche levadas das ilhas Canárias de Tenerife e Gomera tais como bordados e trabalhos manuais com uso de madeira… Convém aqui lembrar que no mundo Mediterrânico, crescente fértil e em África em geral existia de há muito tempo a escravidão entre tribos como coisa natural, mão-de-obra barata entre etnias branca e preta.
Isto aqui referido está descrito nos testamentos da Bíblia, no livro do Géneses em que os vencidos eram tornados à condição de escravos, em troca de suas vidas; gente da tribo de Canã; este gesto era tomado como “humanitário” e, fez parte de todos os códigos da antiguidade como o de Hamorábi, e o direito Romano que serviu de referência ao mundo Português, mas não só, até o século XIX. Entender-se assim a forma de servilidade tão característica nestes grupos de gente Lusa ancestral com origens diversificadas. Tudo isto para concluir que a escravidão foi introduzida na América em 1492 pelo próprio Colombo e conquistadores que se lhe seguiram pois que, em suas naus já levavam escravos. Foi, no entanto, a partir de 1501 que os introduziram em São Domingos. No Brasil, só se comprova a existência de escravos a partir de 1531, na Capitânia de São Vicente.
GLOSÁRIO: Mafulo: - Holandês em dialecto kimbundo de Angola
NOTA: A reconquista de Angola virá logo a seguir à Saga do Açúcar pois que foi do Recife que saiu Salvador Correia de Sá e Benevides com uma frota de naus, que libertou Loanda do jugo Mafulo
O Soba T´Chingange (Ochingandji)
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA