ANGOLA DOS MWENE-PUTO
MAIANGA - Tempos de FANTASMA - Crónica 3384 – 06.05.2023
Por:T´Chingange (Otchingandji) – Na Pajuçara de Maceió - Brasil
Marianita e Pombinha - Com um jeito de riso mole, Pombinha, com sua preguiçosa lealdade, pedia a Marianita algo que despertou em mim uma total curiosidade. Quero que você me dê um feitiço para prender meu homem! Disse ela. Com um saco de sisal cheio de capim seco fazendo de travesseiro que, esperava a quitandeira que sabia ir passar por ali a vender maças-da-índia enquanto lia achaparrado nos refolhos dos loandos, mesmo ao lado da venda do Senhor Cruz as comiquitas de Mandrake e seu auxiliar gigante, o negro Lohtar.
Ali estava eu, dissimulado e despercebido ouvindo com curiosidade as falas das duas amigas. Aquelas mulatas sacudidas em assanhamento, fumegavam num cheiro de suas roupas, prazer de fogo fervente refogado de mocotó fresco. Pelas frestas das aduelas, podia ver seus torneados pés morenos enfiados em chinelos coloridos que quase iguais, só diferiam nas flores; uma era nitidamente uma hortense e a outra quase jurava ser uma flor-de-lis.
Espevitado na curiosidade, espreitando mais acima nas frestas das aduelas de barril do vinho do m´puto, pude ver melhor o perfil de Pombinha. Tinha um farto cabelo, tipo juba de leoa, crespo com um molho de manjericão seguro de lado por um gancho a imitar uma joaninha; aquilo deu-me uma sensação e odor sensual de trevos verdes e caxinde com outras plantas aromáticas.
Pela conversa entendi que Marianita não queria cativeiro prolongado com homem nenhum porque a dada altura protestou! Casar, eu? Para quê? Um marido é pior que o diabo! Pensa logo em escravizar a gente! Deu para entender que a cafuza Marianita no delírio de enriquecer, adornou-se de todo à labutação de amigar com homem; homem que dispusesse de algum pecúlio ou patrimónios de baús de couros trabalhados com tachas de ouro ou até prata.
Pombinha, babada de amores anotou como fazer um chá de pulgas saltitantes à mistura com brututo e urtigas apanhadas na kúkia do sol nascente num dia de intenso cacimbo e, após uma noite com lua de quarto crescente. Comprometido pelos ouvidos, eu, que por ali estava lendo um livro de bolso de cowboyadas no remanso da solidão, como sombra, esgueirei-me quase rastejando para o capinzal dos fundos da venda. Por algum tempo, ali me mantive dissimulado em um tufo de bananeiras e, foi quando um meu vizinho de nome Alex, o travesti do choupal, amaneirando-se, dirigiu um bom dia àquelas damas e, lá foi botando cheiro de madressilvas na direcção da paragem do maximbombo número três, na rua da Maianga.
As duas, pelo adiantado da hora, ficaram comentando o tardio cumprimento, do porte de bichinha, louro e esbelto homem. Um desperdício! Remata a assanhada Marianita. Era normal encontrar-me ali com Rente, filho do senhor Cruz, Braga, Chiquito, Zorba, Guerra, Necas e o Almeida, mulato do cortiço das Vacas bem perto da oficina de tornos do Paulino Branco, um futura meu cunhado.
Era ali que desfolhávamos avidamente os livros de quadradinhos do homem de borracha, do Fantasma, do Tarzam e Lampião mas, nem eles nem a quitandeira das maças-da-índia surgiram naquela biblioteca de aduelas, ao ar-livre do Rente Cruz. É sempre emocionante ler as mokandas de amigos mesmo que tenham nomes estranhos como N`dapandúla, nas falas genuínas dum kamba dum Rio Seco! Dum Rio que só o é na lembrança antiga que até tinha areia sem cacos velhos.
E, um amigo sempre tem missangas para enviar, por apitos ou estalidos ou mesmo muxoxos com uma máquina de fazer “alegria” para comemorar os kambas que cada qual tem; essa máquina é capaz de produzir arco-íris pra deslumbrar cazumbis mas, também duplos e triplos, e até alguns invertidos ou enrolados nas pontas para animar banga ninita. Até posso desvendar que o último protótipo é parecido com uma foice! Quero sim venerar meu culto crente, sem coisas desatinadas dos dias comuns do Malhoas antigo pois, sempre haverá um amigo que me vai tentar convencer que sushi é a melhor comida do mundo!
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA