NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3476 – 30.08.2023
- Escritos boligrafados da minha mochila - no “Estado Livre de Fiume” em Grootfontein – No Otjozondjupa da Namíbia…
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Aconteceu em paz, divorciar-me de mim, dando a chave do cofre ao mestre da charrua da vida, pensei assim aqui e, neste lugar preciso aonde judas perdeu as botas. Às vezes fico meio periclitante com Ele, o Nosso Senhor. Mas, adicionando casos e acasos, coisas miúdas, estendo minhas quinambas, mexo os dedos grande e o pequeno do pé revendo-me no equilíbrio da realidade tão bem fabricada: com a destreza bóher de fugir intuitivamente aos espinhos das acácias dum tamanho quilométrico, um exagero de 99,999%! Isso, de uns bons 10 cm…
Até já estou ganhando olhos nos pés, talqualmente como o homem que teimou em plantar batatas no deserto e, que por via dum sonho, teve-as – um milagre feito em toneladas de tubérculos a que os cientistas não têm a devida competência opinativa para o subtrair – o milagre.
E, porque foi que viemos aqui, se não era necessário afastarmo-nos tanto, a um lugar tendo por testemunho absoluto o céu que nos cobre, para onde quer que se vá. Para provar, que o que tiver que acontecer acontece, haverá sempre o lema: um milagre em que as pessoas, não escolhem os sonhos que têm; foi em duas noites passadas em Windhoek seguindo um destino dormido na Guest House Willtotop de Vanda Potgieter, esperando assim seguir o rumo ainda por escrever.
E, numa singular legitimidade, partilho só um pouco de um reino emprestado, aonde todos são presumíveis herdeiros e arrendatários. Quem não acreditar que assim o é, que se lixe! Pois! Reino, aonde o tempo, também passa igual para todos - Segui na direcção de Okahandja, Otjivarongo, Otavi, Grootfontein com paragem neste Fiume Rust Camp de Otjikango com o rumo do Rundu no Okavango.
Pois foi a Vanda Kikas Miranda que amavelmente marcou minha reserva de estada no Rest Camp Fiume, o lugar que aqui descrevo com a surpresa de reavivar uma estória desconhecida. Bem! Aqui estou neste estado LIVRE de FAZ-DE-CONTA em África, em um lugar longe de tudo, Fiume Rust Camp situada na área administrativa de Otjikango.
Pesquisando a Wikipédia pude assimilar: Os cidadãos de Fiume lá da Croácia actual, de etnia italiana, um grande número emigrou por motivos étnicos ou razões ideológicas, fundando aqui, como em outros lados, "Comunas Livres de Fiume no Exílio". Numerosos fiumanos e, não sómente italianos, surgiram aqui e, desta forma, montaram bivaque após a Segunda Guerra Mundial
Tenho a dizer que a todas as perguntas que me possam fazer, não poderei dar todas as respostas porque nem sempre as estórias e lendas, conservam alguma relação com os factos, transformando-se até em puras fábulas. Será o caso de uma “Croácia de 14 km 2” em pleno mato da terra do nada, para satisfazer um sonho de alguém. As guerras provocam estas diásporas; alguns estabelecem-se algures, outros procuram algo que nunca irão encontrar, como no meu caso… Eu, que saí de Angola também tive este sonho: acampar-me na foz do Amazonas…
E, assim ungido de guerra "tunda munjila" (branco, vai embora), agora era o tempo de me ver no principio do nada, nada que resvalou num sempre. Tomamos o breakfast às sete horas do seguinte dia confirmando o legitimo cuidado de Jorn Gresssmann, o zelador-mor do Free State, uma simbólica herança, um perfeito sonho de um primogénito em terra de nome bizarros como Omatako, Okavarumendu, Otjssondu, Okakamara, ou Otjinoko. Já só restavam 440 km para chegar à Andara do Okavango. Mas antes, terei de descrever pela via da cábula Wikipédia, essa terra de Fiume, lá na Europa, no Mar Adriático…
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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