NAS FRINCHAS DO TEMPO – NO REINO XHOBA - (HOODIA)
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3479 – 03.09.2023
- Escritos boligrafados da minha mochila - Em Maun Rest Camp, cidade de Maun no Delta do Okavango…
Por T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
À entrada da fronteira do Botswana em Popavalle ou Popa Falls, um posto fronteiriço, deparamos com o aprumo de agentes aduaneiros que nos atenderam duma forma surpreendentemente civilizada ao invés de outras anárquicas fronteiras aonde tudo se resolve com uns quantos dólares de gasosa.
Com os restos de murmúrios falsos, tinhamos a ideia formada de que o Botswana era um país esquecido com muitos burros mortos na estrada e desordenadas lixeiras, a comparar com outros países aonde impreparados chefes exibem arrogância impregnada de devaneios mal curtidos mas, foi um total engano.
Conhecer a terra é em verdade um laboratório de vida constante porque nos purifica e regenera. O corpo é em verdade o pára-choques das emoções recolhidas da terra. Estes kimbos, na forma de quilombos com paliça em circulo e, a contornar palhotas redondas, rondáveis feitas a barro com bosta de boi chapados à mão nos entrelaçados chinguiços amarrados a mateba (casca de àrvore ou arbusto) - a taipa; numa vastidão de capim ralo, formavam conjuntos harmoniosos.
Algumas cubatas, ficam circunscritas com cercas de paus, chinguiços duros dispostos em ciculo e, com uma só entrada, enterrados e afiados nas pontas viradas ao céu, com o fim de proteger das feras a quem ali vive. As lembranças de coisas passadas podem confundir-se com o hodierno numa amalgama de engravidadas verdades e no exacto momento de sobrevoar o kimbo grande de Maun, feito cidade de paliças no Botswana, desfrisei essas visões à mistura com os horizontes verdes de água silenciosamente parada deste Delta do Okavango.
Falo na qualidade de gente feita zebra, nem preto, nem mulato, nem branco de verdade porque o tempo desclassificou-me no quente vento da saudade. Saudade desnorteada no sonho encardido, juntando umas lágrimas ao Delta do Okavango e, lembrando a Angola da Lua da minha infância suburbana, amulatada do bairro da Maianga, inícios do Catambor…
No Delta do Okavango, cidade de Maun instalámo-nos em duas tendas do tipo campanha militar no Maun Rest Camp. O Motsentsela Tree Lodge tinha melhores acomodações mas nós preferimos sentir a natureza mais próxima através duma lona esverdeada ao jeito daquelas vistas em filme do Tarzan e, assentes em um estrado de madeira; os banheiros eram uns caniços esparsos instalados a meio do Rest Camp, sem qualquer cobertura o que, para alguns utlizadores, os inibia em usar, principalmente durante o dia destapado do escuro.
Maun é uma das cidades mais caracteristicas de África mantendo a tradição de construção redonda feitas em taipa de barro e paus cruzados, sendo cobertas a capim de canudo grosso caracterisico das margens do rio Okavango. No dia seguinte alugamos uma avionete e sobrevoamos o Delta a duzentos metros de altura vendo do ar, todo o tipo de animais desde o hipopótamo ao elefante, distribuidos em grupos naquela enorme extenção de charcos serpenteados por verdura, ora rasteira, ora de árvores de grande porte.
O explendor da biodiversidade estava ali espalmado ao redor fazendo-nos imensamente pequenos num pantanal maravilhoso (opântano do Okavango). Vivendo os dias no limite, queriamos que as coisas perdurassem assim seduzidas. Já distantes do Sul de Angola, linha de Calai, Dirico ao Mucusso, extravasando a face oculta do meu personagem "espia", mantinha-me fiel aos princípios éticos recolhendo vivências dos povos circundantes a Angola.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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