NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3563 – 28.03.2024
“A LONGA MARCHA DE SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Hodiernamente, não sei se voltarei a passar nas ruas da Luua que me viram crescer numa mulola chamada de Rio Seco da Maianga porque, também minha passada irá entristecer-se na recordação, do que foi e, já o não é. A sombra que preside aos tempos de agora (2024) e, que por dá cá aquela palha, se ateia a mente, queimando os fusíveis dos coiros, sempre lembrará o tempo em que o fui, feliz, na compreensão muda e queda, das muitas e, alheias infelicidades circunscritas.
Em 1975, embarquei para o M´Puto sem o querer, pela inquieta, medonha ou desolada guerra do tundamunjila. A terra do futuro ficou tardia, sarando-me das pústulas feitas vulcões na diáspora, comendo sandes na “Tendinha” de Lisboa do Rossio do M´puto, um panado ou posta de bacalhau regada com um penalti. Mais tarde comendo arepas com carne mechada na Venezuela, biltong na África do Sul e coxinhas de galinha no Brasil. Agora, recordo a odisseia da “Grande Marcha de Savimbi”, como uma prometida vontade a mim mesmo: sentir com a UNITA, essa nova era da mudança para Angola.
Algures na mata. «Estávamos preocupados com medo de que algum helicóptero pudesse sobrevoar-nos», disse Savimbi. «Disse-lhes que esta não era a maneira de conduzir uma guerra de guerrilha; não queremos riscos. O povo, porém, disse que não nos preocupássemos, que não fora ainda molestado naquele lugar. Numa aldeia, apenas a dois dias de caminho da base, estavam milhares de pessoas a dançar e a cantar. Disseram que nos acompanhariam até à base.
Respondi ao soba que isto não seria bom, que se a população se portasse assim, não teríamos segurança. Um dia eles seriam descobertos e atacados pelo MPLA e pelos cubanos. Afirmei ao soba que não queria o povo atrás de mim. Chamá-los-ia dentro de uma semana, para um grande comício, já na base. Falhei porém, seguiram-nos sempre, a cantar durante todo o caminho.
Desisti e afirmei, vamos correr o risco. Por isso, eles vieram connosco até o Cuelei e foi este o fim da longa marcha. A base do Cuelei ficava a cerca de 150 quilómetros para sudeste do Huambo. Estava sob o comando do major Katali, que reunira nesse acampamento cerca de oitocentos guerrilheiros e, duzentas mulheres com crianças.
A “Longa Marcha” terminou com a entrada de Savimbi no Cuelei a vinte e oito de Agosto de 1976, cerca de sete meses, com três mil quilómetros percorridos após a sua fuga do Luso, seguido por dois mil adeptos. Destes, apenas setenta e nove, incluindo 9 mulheres, estavam com ele, tendo os demais morrido, sido separados para outros locais ou, simplesmente, ficando para trás.
Foram alguns meses trágicos; porém contra todas as probabilidades e contra todas as espectativas dos estranhos, Jonas Malheiro Savimbi, sobrevivera. A guerra que muitos comentadores anunciaram ter terminado com a victória cubana, em Fevereiro de 1976, iria continuar. Seguem-se agora entre estórias recolhida do baú de lata cravadas com ripas de pau kibaba, o desenrolar da odisseia de sobrevivência de um punhado de gente resiliente com o espirito sempre presente da UNITA…
E, porque já em tempos disse de quem pensa que sabe tudo, um dia vem a saber mais um pouco, de novo o digo. E, para não ficar só no espírito, volto à carga com a estória que me liga a uma felicidade estrangulada. Foi assim que arrumando meus cacifos de memória, achei ser justo neste espírito de letras e valores, passado que é meio século após o ano de setentaecinco, retroceder aos itens de dignidade que persistem passeando um galo de cerâmica na lapela do terno diplomático…
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3562 – 27.03.2024
“A LONGA MARCHA DE SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Pude ler recentemente - ano de 2024, que já estamos a viver no FUTURO. Que este VÍRUS MUTANTE, pode ser ALIANIGENA, um mecanismo preliminar de nosso salto genético espacial. Partir a gente feitos pedras parideiras algoritmos, que exige especial atenção para descortinar os pensamentos de querer fazer rebelião como algo inerente às "torpes" eficácias cientificas e também duma covarde gravidade vinda de GOVERNOS formatados por gente igual a nós. Não podemos condescender com aqueles que bestializam um passado que já o foi PRESENTE…
Li também que, somos um projecto de bioengenharia e, que tudo começou algures há 75 mil anos atrás, muito antes de Cristo surgir e, muito antes de quando saímos das algas como micróbios alienígenas. A cultura e o conhecimento, elevando-a de parvidades nem consentir com tolices ou pecados, por assim andarmos cativados numa burlesca depravação e, também enfrascados numas quantas hipóteses de vontade libertadora...
Posto isto, relembro o passado, continuando a descrição da saga do Mwata chamado de Jonas – “A grande Marcha de Savimbi”… Naquele dia, já em finais de Agosto de 1976, Savimbi queria dissipar qualquer ideia de que viria a ter ajuda do exterior, antes de o povo se ajudar a si próprio. Afirmou: «Teremos de lutar primeiro e, só depois, vocês verão que as pessoas do exterior quererão entrar de novo em contacto connosco».
O Presidente também afirmou que os cubanos detinham uma vantagem evidente, em termos de qualidade das suas armas e, da crueldade com que estavam habituados a actuar. E, acrescentou «Porém, estavam em total desvantagem em termos de conhecimento do território, da população e da língua».
Savimbi despediu-se do soba e dos mais-velhos duas horas antes do romper do dia vinte e quatro de Agosto. Durante algum tempo, ainda, a coluna caminhou em direcção ao Norte, através da mata que ficava paralela e à vista da estrada. Às nove horas da manhã um comboio de blindados e camiões, transportando tropas cubanas e do MPLA, começou a passar rumo ao Sul.
Ao longo da estrada e à vista dos homens de Savimbi, era perceptível ouvirem o inimigo a cantar de forma descontraída. Os guias da aldeia disseram à coluna que continuasse a avançar, assegurando a Savimbi que os seus homens não podiam ser vistos da estrada. Savimbi tencionava progredir rápidamente em direcção à zona da nova base. Ele sabia que avançava por entre uma cadeia de camponeses pró UNITA.
Savimbi afirmou-se, nessa aldeia, com um perfil bastante mais elevado do que pensava. As patrulhas de guerrilheiros oriundos da área para onde se dirigia, a cerca de 120 quilómetros para oeste da estrada principal, vinham estabelecendo contactos com a coluna e espalhando a notícia, à medida que avançavam, da sua chegada iminente. As pessoas vinham ao seu encontro, em plena luz do dia, com bandeiras, cantando e dançando.
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3561 – 21.03.2024
“A LONGA MARCHA DE SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
(…) Cada um de nós tem uma lenda! A minha foi preterida por ser o que ainda estava para ser, uma inventação lançada para fugir às realidades da Luua. Para encobrir eventos desonrosos, coisas sem heroicidade, um quarto de hora antes da meia-noite do dia 11 de Novembro de 1975, minha “nação”, meu barco, levantou âncoras ao largo da Luua – Niassa...
A bandeira do M´Puto era embrulhada num baú dum velho carcamano de colono aonde tiveram de caber todas as ilusões. Foi assim que me tornei Niassalês. A bandeira verde-vermelha, tornada num trapo vulgar, estava condenada a criar bolor. Minha nação Niassa fez-se ao alto mar vendo-se de longe os festejos celebrando de forma dantesca o nascimento dum país. Eram tiros e rajadas a fingir de fogo-de-artifício.
Agora que passam já 48 anos desse tempo, relembro a odisseia da “Grande Marcha de Savimbi”, um ano depois de eu já ter saído de Angola, a terra que me viu crescer - A terra que nunca saiu de mim. Estávamos a 23 de Agosto de 1976… O caminho a partir da mata, levou a coluna da UNITA através da estrada do aglomerado central de cubatas e, das demais espalhadas ao longo da estrada, para Norte.
Se tivessem atravessado mais para o extremo Norte, para além dos limites do aglomerado de cubatas, teriam feito com que os cães uivassem e, isso teria atraído a atenção dos cubanos; qualquer movimento na aldeia, por parte dos homens da milícia local, armados apenas com arcos e flechas, não provocaria nos cães qualquer reacção invulgar.
Uma vez do outro lado da estrada, no sentido oeste, os grupos de homens da UNITA caminharam entre o aglomerado principal do kimbo e as trincheiras vazias para um ponto de encontro na mata, a cerca de um quilómetro para sudeste dos limites da aldeia. Completada a travessia, um grupo de vinte aldeões, o soba, os mais-velhos e suas mulheres, reúnem-se a Savimbi na mata.
A coluna e os aldeões caminharam durante mais dois ou três quilómetros para o interior, de maneira a que Savimbi pudesse discutir com os sobas e os mais-velhos, explicando-lhes os seus planos para o futuro e, de que forma os aldeões podiam ajudá-lo. «O presidente argumentou que a UNITA não teria quaisquer probabilidades de sucesso a não ser que o povo estivesse do lado do Movimento».
Fizeram perguntas embaraçosas e, não haveria maneira de essas perguntas poderem ser evitadas. Perguntavam por exemplo se a guerra acabaria em breve ou se seria longa. Era evidente que nenhuma vitória seria rápida; a situação era por demais incerta e periclitante e, só a destreza, a astúcia e a sorte, poderia mudar os acontecimentos. Savimbi, afirmou ao soba que um dia, o inimigo iria descobrir que esta aldeia estava a ajuda a UNITA e, consequentemente, ela seria atacada.
«Aquele povo, deveria sem demora, iniciar a armazenar alimentos na mata, para quando chegasse o dia em que tivessem de fugir», frisou Savimbi. Disse que não podia esconder que todos os amigos da UNITA pensassem que nós não eramos capazes de resistir, que estávamos liquidados. O Presidente disse que a UNITA já não tinha quaisquer aliados efectivos. Teríamos de confiar nos nossos próprios esforços, no apoio da população, nas armas que estavam escondidas e, nas que viessem a ser capturadas…
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3560 – 17.03.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Algum tempo atrás, desconhecia que podíamos fechar o tempo dentro de casa e, atazanado, comecei a beber dez gotas de cannabis para truncar as vicissitudes, misturando o gosto estranho com kefir, um pouco de café pilão e um pouco de mel com um ou dois croissants para entulhar a malga. E assim, lá pela tarde, na kúkia do sol, meto também num pão tipo da avô os trocadilhos com chouriço e, por vezes pão rust do Calahári…
Intercalando este intróito antes da continuação na descrição da “Grande Marcha de Savimbi com seu povo” e, porque o tempo esvoaçou desperdiçado, a fim de sentir algum prazer de viver matabichando resiliências e, outros desmandos de tantas maleitas sociais, descrevo isto olhando para as roupas manchadas do tempo a abanar no quintal com os pássaros chamados de charnecos e melros a alegrar-me com seus voos e seus cantares.
Continuando a epopeia da UNITA, um dia depois, Savimbi ordenou a cerca de vinte soldados, que tinham rápidamente perdido as forças, que voltassem para trás e se juntassem ao povo, que se ia dispersando da coluna, até convalescerem. Ao fim de mais de um dia, avistaram uma aldeia amiga, na estrada principal. Durante a noite, o soba e os mais-velhos trouxeram comida, reunindo-se a Savimbi na mata.
O soba disse-lhe para descansar ali durante o dia e mudar-se depois, para a aldeia, quando as condições lhe fossem mais favoráveis. Ali ficaram durante dois dias, sendo informados acerca de potenciais pontos e passagem ao longo da estrada fortemente patrulhada. A travessia teria de ser feita aonde os cubanos menos esperassem e, aonde fosse menos provável estarem os seus pisteiros e batedores em acção,
Tomou-se a decisão de atravessar directamente através da berma da estrada da aldeia com cerca de quinhentos habitantes, protegida por uma paliçada e um posto defendido por dez cubanos e, com alguns soldados do MPLA, colocados nas imediações. «conseguimos ver os cubanos e os soldados do MPLA a movimentarem-se à volta da paliçada, empunhando suas armas», disse Savimbi.
«O soba, porém, disse que eles eram tolos. Nunca se dirigiam à mata a pé e, não supeditariam de nada, desde que não fizéssemos barulho. Confiamos nele porque era um antigo membro do nosso partido». Cerca de uma hora antes do anoitecer, no dia da travessia, dia 22 de Agosto, o soba regressou e disse ter organizado um espectáculo na aldeia nessa mesma noite, para os cubanos da guarnição e, também para o professor da escola, um activista do MPLA que fora nomeado pelo governo.
Oito deles, estariam a beber nas cubatas para leste da estrada e, os outros três nas cubatas situadas a oeste. Os homens de Savimbi deveriam atravessar em grupos de quatro ou cinco, guiados por homens das Milicias da aldeia, cujos piquetes dariam o alarme se os cubanos alterassem suas posições. O soba, embora os cubanos não o soubessem, era presidente do Comité civil da UNITA.na aldeia.
A partir do centro da aldeia, as cubatas estavam dispersas e isoladas, numa área de cerca de dois quilómetros ao longo da estrada principal. A vinte e dois de Agosto, á coluna de Savimbi foi reunir-se um grupo de cinquenta soldados, comandados pelo major Bandeira, que fugira do Lobito em Fevereiro e, tomara o rumo do Vale Lungué-Bungo. Com Bandeira, estava Jorge Valentim, um notável da UNITA.
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3559 – 15.03.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Como parte de um rosário feito de búzios e ao jeito de missangas, continuo a descrever realidades passadas quase-quase como se o fossem de um imaginário tempo, dias de graça com desgraça do já distante ano de 1976, com a “Grande Marcha de Savimbi”. Fazendo fintas ao instinto, driblando premonições entremeadas de medo na busca sobrevivente, olhando o céu para além das copas a conferir os aviões migues feitos urubus pretos.
E, ouvidos à escuta dos abutres camuflados com rotativas e tubos de estrias de fazer tiro tenso procurando dar fim a gente; fugir das abertas clareiras é a condição de sobrevivência. Em sua reactividade humana, a esta estória recordo a frase do espírita pensador Chico Xavier: -Você não pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas você pode começar agora e fazer um novo fim! Desconseguiu-se levar adiante este conselho…
Aquela aldeia estava bastante isolada. Nenhuma patrulha cubana ou do MPLA tinha lá chegado, ainda, mas, ao fim de cinco dias, quando a maioria das pessoas já se alimentava com comida sólida, um helicóptero cubano sobrevoou a zona. «Foi apenas pouca sorte», recorda Savimbi. «Embora os cubanos não pudessem saber que lá estávamos, decerto, assinalaram a aldeia em seu mapas e, eventualmente, regressariam.
Em face disto, ordenei aos camponeses que se dispersassem e, encontrassem um novo local para se instalarem». A sua intuição dizia-lhe que os cubanos e o MPLA tentariam cobrir tantas aldeias quanto lhes fosse possível, para o forçar a confinar-se inteiramente às matas. Mais de metade do grupo de Savimbi ainda sofria muito pela exaustão, envenenamento pelos cogumelos e generalizada fraqueza.
Os mais frágeis, teriam assim de permanecer com os camponeses. Quanto aos restantes, Savimbi ordenou uma marcha rápida em direcção à estrada do Bié, que serve Serpa Pinto e, em seguida, prosseguir paralelo a ela, para a área aonde planeara instalar o acampamento de carácter mais definitivo. Os aldeões cederam dois guias a Savimbi para os conduzirem a um acampamento de guerrilheiros da UNITA, a cerca de trinta e seis horas de marcha.
Uma marcha pedestre pode ir de quatro a sete horas; a lenta pode considerar-se em quatro quilómetros, a rápida com seis e, a muito rápida com sete quilómetros. Isto dará uma ideia das distâncias, pelo que, 36 horas em terreno limpo significa um dia de marcha rápida. Esta marcha seria feita ao longo de um afluente do rio Cuanza. Pela logica seguir para montante era caminhar para sul e, o inverso, seria caminhar para norte, no sentido em que as águas correm.
É muito importante a um guerrilheiro ser conhecedor da topografia da região, saber dos ventos dominantes vendo a inclinação de árvores ou arbustos, o musgo que se acumula nos troncos das mesmas e a ideia correcta de onde nasce e se põe o sol. Neste caso, se o Cuanza corre para norte, em direcção a Luanda, o caminho do afluente seria nessa mesma direcção pelo que neste caso, seguiriam o sentido sul, contrário da correnteza, o rumo à fuga.
O objectivo, era recrutar no acampamento, guias que ainda não estivessem cansados para efectuarem a passagem da estrada. A cerca de trinta minutos de marcha do acampamento, viram dois helicópteros cubanos a metralhar o local e a desembarcar tropas. Savimbi, mudou imediatamente de direcção, cortando a direito para a estrada: mais tarde chegaram até ele notícias, de que mais de trinta pessoas, principalmente mulheres, tinham sido mortas durante aquele ataque.
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3558 – 11.03.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
A maioria de nós já não é capaz de compreender hoje, os grandes problemas morais do Mundo no passado. Já lá vai o tempo em que era só separar o joio do trigo, rezar um pai-nosso ou uma ave-maria para suspender as preocupações circunscritas, porque o longe era-o em demasia e no cercano, o senhor padre ou o kimbanda, comunicava na missa avisos de alvissaras com umas quantas defuntações, pois que sabia de tudo e até sabia encobrir o que era para não ser sabido.
E, afinal não existe "pedra" em nosso caminho que não possa ser aproveitada para nosso próprio uso em crescimento. Muita sabedoria, luz e prudência, é necessária ter para saber o que fazer com cada pedra que se encontre, tornando-as alicerces de nossas vidas. Observe-se que a diferença não está na pedra mas, na atitude das pessoas perante as inerentes coisas! Desta feita a estória da “Grande Marcha com Savimbi” de 48 anos atrás, em Angola reaviva-se aqui numa permanente angustia, surpresa e penosa admiração :
As peles das bagas eram fervidas de novo, juntando a elas folhas de uma outra árvore. A sopa liquida que daqui resultava parecia óleo vegetal queimado e, ao fim de meia hora, deixava os convivas enfraquecidos, muito mais fracos e inchados. Porém, era uma forma de se alimentarem. Um dos guerrilheiros sabia como colher mel silvestre e, trouxe consigo uma pequena quantidade. Vinoma Savimbi, perita em cogumelos silvestres, conseguir seleccionar alguns.
Porém, cinco soldados morreram envenenados, depois de comerem míscaros, apanhados sem terem consultado Vinoma… Savimbi fez um discurso encorajador exortando os soldados a não se deixarem render perante a morte, porque o povo estava à espera que combatessem. «Esse foi realmente um momento chocante e assustador porque alguns dos soldados não tinham sequer a capacidade física necessária para responder ao seu apelo, embora pudesse ver-se que o desejavam».
« … Muitos conseguiram manter-se de pé e dizer que continuariam a combater mas, alguns instantes mais tarde, caíram por terra». Apesar de tudo isto, o grupo de Savimbi foi ficando mais fraco, por falta de alimentação. Estavam deitados no chão e, ao sexto dia, a maioria, era incapaz de se arrastar pelos seu próprios meios; porém, nesse mesmo dia, uma patrulha chegou com notícias animadoras.
Tinham descoberto uma aldeia a quinze quilómetros de distância, e os seus habitantes eram de há muito, apoiantes da UNITA. A notícia sobre a existência da aldeia actuou como uma injecção vivificante. O soldados estavam anciosos por estabelecerem de novo, contactos com a população comum. Embora tivessem encontrado em si mesmos, forças desconhecidas, a jornada de quinze quilómetros, que teria demorado apenas duas horas em situação normal, legou doze horas.
Os camponeses vieram ao encontro de Savimbi e ajudaram a levar a coluna para suas cubatas. Afirmavam ter sido visitados por comandantes de guerrilha da UNITA, que os tinham informado que Savimbi estava a ser perseguido pelos cubanos e pelo MPLA. O chefe da aldeia desenhou diagramas no pó do chão para mostrar a Savimbi como enviar patrulhas, em direcções diversas, para ajudar a desencontrar a coluna do Presidente.
Os camponeses não tinham grande quantidade de alimento armazenados, mas forneceram milho, mandioca e carne de antílope. Savimbi, valendo-se de seus conhecimentos de medicina adquiridos em Portugal, reuniu os oficiais e, explicou-lhes os perigos que corriam ao comer alimentos sólidos, depois de tão grande período de fome… Em seguida Savimbi ordenou aos seus oficiais que repetissem o conselho à população, pelo qual eram responsáveis, utilizando os mesmos pretextos de subsistência.
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3557 – 08.03.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Na percepção parcial das vitais contingências de que a vida é feita, encontraremos o rigoroso sentido do passado, por fortuitos efeitos que determinam o futuro próximo ou distante. Cada um de nós foi o que foi por uma coisa pequena, que sem se lembrar do primeiro choro, outros choros se lhe seguiram e, como um risco feito no chão, nem sempre se escolheu dedo ou arado, nem por onde fazer o rego que influiu na mudança de nossas vidas. E, lembrando esse passado difícil de Jonas Savimbi e seu povo, algures nas matas do Moxico, relembra-se:
Nas margens do rio Cuíto, Savimbi enviou uma patrulha de batedores constituída por três homens, através da escuridão, para o local da travessia da noite anterior. Nenhuma das três emboscadas armadas pelo inimigo se situava ali, mas, apesar disso, Savimbi estava preocupado com o facto de o resto da coluna poder cumprir estritamente as ordens dadas na noite anterior, de começarem a atravessar o rio, e de que fossem descobertos .
Uma patrulha de dois homens vindos do outro lado, tinha atravessado o rio e estavam à espera um pouco mais a norte do local da travessia. A estes, foram-lhes transmitidas novas ordens no sentido de ser abandonada a ideia de atravessarem em massa: a coluna oriental deveria, em vez disso, tomar o rumo do norte, ao longo do rio Cuíto, em direcção à região do Bié e, reunir-se a quaisquer guerrilheiros da UNITA.
Que espalhassem a notícia entre a população de que Savimbi estava vivo e, organizassem a resistência. Todavia, se Mulato fosse encontrado, ele deveria tentar atravessar juntamente com mais vinte homens reunindo-se a Savimbi. Mulato acabou por ser encontrado por um grupo de buscas. Perdera-se ao seguir o rasto de antílopes que ele pensava serem os do grupo de Vanguarda.
Mulato, atravessou o rio e conseguiu juntar-se a Savimbi 24 horas depois. «Quando Mulato se reuniu a nós, elevou-se a moral dos homens», disse Savimbi. «Ele era o nosso companheiro de armas e, gostávamos muito dele. O facto de ele estar a salvo, permitia mantermos os nossos planos inalterados». O grupo era agora formado por 250 homens.
Eram em sua maioria soldados, mas também havia quinze mulheres e dez homens civis, em grande parte, administradores experimentados. O tamanho reduzido da coluna do próprio Savimbi proporcionava certas vantagens. O grupo poderia assim, ser mais facilmente controlado, deixando rastos menos pronunciados e poderia movimentar-se mais habilmente para longe das zonas de maior perigo.
A carne proporcionada pelo gado abatido depressa acabou e, a velocidade da marcha abrandou transformando-se numa caminhada muito lenta. Ao fim de uma semana estavam todos tão fracos que Savimbi foi obrigado a fazer uma paragem. Em defesa da moral dos guerrilheiros, o contacto com os camponeses teria de ser restabelecido para se conseguir comida: o contacto era também necessário por razões politicas.
Foram por isso, enviadas patrulhas desde o local em que descansavam, bivacados na mata, para tentar estabelecer os contactos com as aldeias. Todavia, esta área era esparsamente povoada e, porque os homens estavam muito debilitados, não o podiam por isso, patrulhar a zona a fundo e, não conseguindo encontrar povoados tão rápido como o seria desejável.
Havia pouca caça acessível mas, os guerrilheiros Tchokwes, que eram exímios caçadores há gerações, conseguiram matar um javali. A coluna, esfomeada, comeram não só a carne mas, também os ossos; estes foram fervidos proporcionando uma sopa rala com folhas comestíveis. Sopa de ossos que depois de amolecidos e esmagados o fora bebida, com sofreguidão. A outra fonte de sustento eram bagas silvestres de cor vermelha que após o serem apanhadas, eram cozidas, tirando-se-lhe a pele e seu interior que ere venenoso.
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3556 – 04.03.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Recordando a “Longa Marcha” no ano de 1976, terei de relembrar que tive e continuo a ter com orgulho de exibir, um galo em cerâmica que sempre ficou agarrado à lapela do meu terno de azul diplomático, oferta como se assim o fosse: um louvor medalhado, por essa gentil pessoa, diplomata e guerrilheiro da UNITA com o nome de Alcides Sakala que anos depois, representaria a UNITA em Portugal, sendo eu coordenador da Zona Sul do M´Puto por ele indigitado…
Nesta descrição, andarei um pouco à frente e atrás para inserir o essencial dos problemas que afectavam milhares de seres como eu e, em iguais circunstâncias; gente que quis esquecer e, que acabou mesmo por assim o ser… Perturbado com os punhos no ar e assembleias a toda a hora, em terra de Otelo Saraiva, zarpei, bazei, fugi de licença ilimitada rumando para a Venezuela de Andrés Peres até ao ano de 1982 …
Mas, lá longe, a “Grande Marcha” em terras do Moxico, em Agosto de 1976, já quase no fim, tinha sua continuidade. A causa pela qual Savimbi combatera durante mais de uma década, parecia perdida. Durante seis meses, ele fora perseguido e incessantemente acossado través destas vastas matas e savanas de Angola pelas tropas cubanas, por aviões e helicópteros: O inimigo aproximava-se ao entardecer, enquanto ele confortava o soldado moribundo.
Savimbi perdera o contacto com os demais grupos do seu fragmentado exército. Os seus aliados do exterior, em África e noutros continentes, tinham-no abandonado… Savimbi parou de confortar o soldado doente para verificar o estado do resto de seu exército. Uma hora depois de ele ter partido, um oficial de ordens, deu-lhe a notícia de que o jovem guerrilheiro morrera. Pouco depois morreram mais dois guerrilheiros.
A travessia dos quatrocentos metros do canal principal do rio, fora muito má. Os hipopótamos, que reclamavam mais vidas humanas do que qualquer outro animal da selva, tinham ameaçado voltar a única canoa que fazia a travessia em vai-e-vem: apesar do risco de as explosões poderem ser ouvidas por patrulhas inimigas, preciosas granadas de mão tinham sido lançadas à água no intuito de assustarem as feras que resfolegavam.
Contudo a parte mais difícil da travessia, fora feito a pé, mergulhados até à altura do peito, através de trezentos metros do pântano inundado que ladeava a margem leste do rio Cuito. As temperaturas geladas e o avanço penoso a pé esgotaram as últimas reservas de energia dos três homens falecidos. «Não podíamos movermo-nos. Não tinhamos escolha. As minhas tropas estavam exaustas após a travessia e alguns estavam já a morrer», recorda Savimbi.
«A minha gente estava separada, uns na margem ocidental e outros na margem oriental, e Mulato continuava perdido. Disse-lhes que deveríamos adoptar posições defensivas e, se os encontrássemos no nosso caminho, lutaríamos. Quando o combate começasse, poderíamos ter já recuperado forças; então, a maior parte da coluna poderia fugir para a mata, enquanto os outros procurariam aguentar o inimigo».
Durante a tarde chegaram mais dois helicópteros e, deixaram mais homens, tendo um deles aterrado a cerca de quinhentos metros do piquete de segurança de Savimbi, na orla da mata. Desta maneira, haveria talvez entre sessenta a oitenta soldados inimigos a patrulhar os canaviais do rio. Antes do cair da noite, os cubanos começarem a tomar posições para emboscadas. Savimbi decidiu que a sua gente teria de se afastar da zona perigosa…
Nota: - Com “transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA“ - Crónica 3555 – 01.03.2024
“A LONGA MARCHA COM SAVIMBI” – Segundo Fred Bridgland
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – Em Lagoa do M´Puto
Nesta marcha desesperante, eu branco, descrevo-a imaginando-me a comer raspas de cascas de mandioca, o vai e vem na volta da contra volta, já cansado de esganar a saudade, de esganar a traição, de esganar a mentira da descolonização, ela, esta coisa, deu-se conta e, sem enfado, muito pausadamente disse-me: - O seu azar, assim quase titubeando a verdade para não se ferir, o seu azar, notei a dificuldade de ir mais além; acenei-lhe assim-assim com o dedo indicador rodando, anda, desembucha! E, repete, o seu azar patrão… o seu azar foi ser um branco mazombo! E, foi!
Na diáspora, prometi a mim mesmo não me enganar continuando a ser eu próprio peneirando as opiniões, gerindo silêncios e, mesmo estando naquele então no exterior de Angola, fiz trabalho fiel por quem acreditava ser o futuro em Angola. Saí da UNITA mas, ela continuou comigo recordando grandes nomes com quem tive o privilégio de lidar como Carlos Morgado, Kalakata, Alcides Sakala, José Kachiungo Marcial Dachala ou Adalberto Júnior entre tantos outros. Savimbi, o líder, sempre será visto em um leque alargado que vai do génio ao monstro mas, a UNITA foi mesmo seu grande legado: o da liberdade…
Mas lá, às margens do Cuito, em Agosto de 76, Savimbi transmitiu ordens para que eles que ficaram na outra margem, se escondessem na mata; a travessia reiniciar-se-ia na noite seguinte. Foram lançadas granadas para dentro do rio para afastar os hipopótamos e, provavelmente, elas teriam sido ouvidas pelas patrulha inimigas. Ele temia que os cubanos e o MPLA estivessem na área no dia a seguir.
Na margem ocidental, Savimbi conduziu seu próprio grupo desmembrado através da anhara, deixando atrás de si rastos bem visíveis no capim, coberto de pó e geada. Aqui, de noite, as temperaturas baixam do zero graus; os soldados não tinham fardas para mudar as calças ensopadas em água gelada. Os únicos cobertores que cada um levava também estavam molhados, que para além de serem frios, estavam rasgados. Qualquer um de nós, fica por esta real descrição feito uma pedra de gelo.
Assim foi! Muitos estavam enregelados depois de terem passado o pântano com as inerentes dificuldades do rio e, de tal forma que mal podiam falar. «Estavam exaustos, mal alimentados e tinham as faces encovadas». Savimbi continuava a marchar entre a frente e a retaguarda da coluna, exortando o povo a seguir em frente, com coragem, em direcção à mata , onde teriam de chegar antes do nascer do sol. Deu ordens à sua ordenança para dar suas roupas de reserva aos soldados mas, seus oficiais superiores esconderam dele um conjunto completo para seu próprio uso.
Savimbi calculara que a marcha através da anhara demoraria cerca de meia hora. Em verdade, demorou três horas, dadas as condições de fraqueza da coluna. Cerca das seis horas e trinta minutos da manhã, quando o sol começou a despontar, estavam ainda a meio do capim, pelo que tiveram de reunir forças extras para correr até à mata cerrada. Mais tarde, nessa mesma manhã, dois helicópteros de fabrico soviético MI-8, chegaram ao local aonde fora feita a travessia do rio Cuito.
Pairaram a pouca altura do solo e, de cada um deles saltaram quinze a vinte militares cubanos. Felizmente, para a gente de Savimbi, o sol brilhava num céu sem nuvens, secando o gelo que anteriormente tornava bastante visíveis os rastos da UNITA através do capim. Era o dia três de Agosto de 1976 – Jonas Savimbi, um negro angolano, em tempo estudante de medicina na Universidade de Lisboa, licenciado pela Universidade de Lausanne, líder de guerrilha, sentava-se perto da margem esquerda do rio Cuito, no interior de Angola…
Estava-se no solstício de Inverno na África Austral, quando as temperaturas nocturnas descem abaixo de zero. Savimbi, acalentava em seus braços, um adolescente guerrilheiro que delirava, morrendo de frio e exaustão depois de ter sofrido no corpo a tortura de uma enregelante travessia do rio, que lhe tolhera os membros. Não poderia existir maneira mais deprimente de o líder dos guerrilheiros celebrar o seu 42º aniversário…
Nota: - “Transcrições parciais de Fred Bridgland em “Jonas Savimbi: Uma Chave para África”.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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