NAS FRINCHAS DO TEMPO
"DOS TEMPOS DE DIPANDA*“ - Crónica 3577 – 13.05.2024
“FRACCIONISTAS DO MPLA DA LUUA – O 27 DE MAIO DE 1977” - Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji) – O NIASSALÊS em Lagoa do M´Puto
Um novo livro escrito por Carlos Taveira detalha os horrores e o dia a dia na prisão de São Paulo de Luanda antes e depois do 27 de Maio de 1977. Quando o “autocarro do amor” chegava à prisão de São Paulo de Luanda os presos sentiam o terror e o medo de que eles poderiam ser os próximos a serem levados para a morte num local desconhecido.
Carlos Taveira, o autor do livro, que esteve ali detido mais de dois anos disse: Que recordou como os presos jogavam xadrez comunicando de cela para cela através das sanitas nas celas que eram buracos no chão e serviam de câmara de eco. Taveira foi preso em Dezembro de 1976 sob acusação de pertencer à Organização Comunista de Angola, OCA, que se opunha à presença soviética e cubana em Angola, portanto antes da tentativa de golpe de Nito Alves em 27 de Maio de 1977.
A cadeia foi tomada de assalto por elementos ligados a Nito Alves para soltar os seus apoiantes que ali se encontravam presos.“vivemos debaixo de fogo quatro ou cinco horas”, recordou Taveira sublinhando que os apoiantes de Nito Alves apoiavam “ideias opostas da OCA” por se considerarem marxistas da linha soviética…
Os apoiantes de Nito, “quando entraram disseram-nos que nos iam matar nesse dia”. Membros da chamada Revolta Activa que ali se encontravam detidos foram também ameaçados de morte pelos aderentes de Nito Alves . “Quando nos puseram contra uma parede”, recordou – pareceu-nos ser o fim…
“Todos os que entraram depois do 27 de Maio passaram pela sala de torturas; alguns foram barbaramente torturados e alguns morreram de tortura, enquanto outros eram levados simplesmente à noite para serem mortos”, recordou. O escritor disse: Até ao 27 de Maio, “não havia tortura” na prisão porque o dirigente da policia politica DISA, que lá se encontrava, Helder Neto, “não acreditava nisso”
Helder Neto, preferia tentar “recuperar“ os presos para trabalhar com eles. “Helder, suicidou-se no 27 de Maio – só depois se deu início na tortura em cheio", contou. “Havia entre nós um grande medo. Cada vez que aparecia o tal “autocarro do amor” para levar gente para ser fuzilada havia um ambiente de terror”. Disse recordando que, numa noite foram levados 16 ex-políciais para serem fuzilados. “Foram levados debaixo de pancada até ao “autocarro do amor” e os 16 numa noite desapareceram”, recordou.
Agora, sou eu que digo: Meu pai Manuel - “o cabeças”, que foi para a praia errada chamada de Angola num vapor chamado de Mouzinho de Albuquerque no ano de 1950, como colono, ali ficou até este 27 de Maio de 1977. Na ida para o Banco de Angola aonde exercia a função de segurança noturno, foi desapossado de sua arma walther P99, raptado e levado para lá do aeroporto de Belas aonde o encheram de pancada, vulgo porrada; e, havia ali, uns quantos mais, amontoados, esperando o toque final – a morte…
Ali, no chão, desmaiado, num magote, deram-lhe um tiro de rajada atingindo decerto os demais! Era noite. Teve a sorte de uma aleatóriria bala não lhe ter atingido órgãos vitais, alojando-se no joelho. Arrastou-se pela noite até se recolhido por uma patrulha mista de cubanos e militares do MPLA. O médico do Banco de Angola (Boavida), não vendo possibilidades de Manuel ser socorrido ali, no Hospital Maria Pia e, por via de estar repleto de muita gente moribunda, deu-lhe uma licença a prazo, metendo-o no avião da TAP a caminho do M´Puto. . Dias depois fui esperá-lo no Aeroporto da Portela em Lisboa, ainda com a bala no corpo…
Nota1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e da revista descartável do semanário Expresso do M´Puto…
(Continua…)
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