FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
MUSSULO . Xinguilado no ano de 1486
Estávamos em Janeiro de 1486. Eu, não era eu, retrocedi no tempo e, em transe, pela incorporação dum espírito de nome N´gesso retrocedi àquele ano em plena kiangala. Os nomes eram diferentes, falava outra língua que não era a de hoje e, por isso vou ter de explicar no fim deste desassombro o que todas estas velhas palavras querem dizer naquele dialecto bantu, o m´bundu. Meu pai, Miconge N´futila o Kota da vata, decidiu abandonar terras do Kifangondo e, para tal saiu bem cedo para trocar impressões com o umbanda e, só depois falaria com o m´fumu; sopado com minha mãe Kilua Nzinga desde candengue entrara agora nas dificuldades da velhice, não podia mais sustentar a familia como kibinda; seus pés estavam pesando demais e o espírito dos kijikus estavam na trapalhação. Foi no m`fumo e explicou que era por demais kazumbi para aguentar, tinha na obrigação de levar o candengue (eu) na habituação da apanha dos n´zimbo na terra dos Ku-Luanda.
Miconge N´futila de Kifangondo
Eu que já tinha treze kixibus, entendi que as dificuldades de meu pai era kubasular aquela vida de matacanha. Miconge N´futila tinha no lumbu um irmão que era m´banda bem visto aos olhos do m´fumu-a-vata, que conhecia a ciência dos kalundu, podia muito bem dar trabalho para mim e espantar o mau olhado dos defuntos espíritos da Yanda. Na entrevista com o também velho kikongo chefe m´fumo, as explicações foram aceites na retiçência e de satisfeito quando chegou preparou os corotos, a uanda e os kofus e a mukuali, sentou-se debaixo do m´bondo (imbondeiro) e bebeu todo o marufo que tinha na kubata; ainda teve tempo de arrastar as quinambas para se despedir do mwani kazuca, amigo de muitas andanças. No primeiramente ficamos no ka-kuaco, passadas as kalembas da barra do rio com a kalunga do mar; dificultadamente ximbicamos e remamos na vista de terra, minha mãe Kilua chorava de medo, os muandu brincavam na nossa volta.
Muandu (tubarão) do Ka-kuaco
GLOSSÁRIO:
candengue- rapaz; corotos- trastes; caurins- búzios pequenos, cêntimos do n´zimbo; cafeco- donzela; dibata- palhota; kanda- descendente por via matrilinear;ka-mundongo-nascido no reino n´dongo(Luanda); ka-luanda- nascido em Luanda, calcinha; kazumbi- feitiço; kiangala- pequena estação seca; kifangondo- aldeia; kibinda- caçador; kijucos- gente de outras tribos, de fora; kalundu- kilundu, crimónia de chamar os espíritos ao culto; kixibus- cacimbos,estação fria; kubasular- passar bassula, dar a volta por cima; kicongo- natural do Congo; korimba- lugar da costa-mar, ancoradouro; kapossoca-nome de barco com motor; kitoco- traineira trnsformada; kota- mais velho; kofu- cesto estreito e comprido para apanhar conchas; ku-luanda- a ocidente, mias importante e sabedor; ka-kuaco- sítio, lugar, povoação; kalemba- ondas de mar bravo; kalunga- abismo, sitio de muita morte; kiangu- raia; lumbu- descendente por parte do pai; layoteso- casa da puberdade para rapazes; m´bundu- de fala bantu, em quinbundo; m´banda- guarda, sub chefe; m´fumo- chefe; m´fumu-a-vata- chefe da aldeia; matacanha-pulga da terra; mukuali- catana, facão.
(Continua...)
O Soba T´Chingange
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