NAS ADUELAS DO BAÚ
DOS TEMPOS DE DIPANDA * - MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO – COM ABEL CHIVUKUVUKU
- Crónica 3669 – 04.03.2025
- Escritos boligrafados, aleatoriamente após 1975 e, ou entre os anos de 1999 a 2018 - “Missão Xirikwata”
Por: T´Chingange (Otchingandji)** – O NIASSALÊS em Arazede do M´Puto
O VIII Congresso da UNITA, teve lugar no Bailundo, Província do Huambo de 7 a 11 de Fevereiro de 1995. A busca de unidade entre os membros do Partido com vista a implementação do Protocolo de Lusaka foi seu maior objectivo. O aquartelamento, desarmamento e desmobilização das forças e a entrega do território administrado pela UNITA à administração central do Estado, foram as decisões tomadas durante o evento.
Neste Congresso, foi abordada a incorporação dos generais da UNITA nas FAA. Neste evento, Abel Chivukuvuku foi demitido das funções de Secretário para as Relações Exteriores Eugénio Manuvakola, subscritor do protocolo de Lusaka sem o aval de Savimbi, e em nome da UNITA, para além de ser preso, foi demitido do cargo de Secretário-Geral…
Abel Chivukuvuku era do Bailundo. Ekuikui III , o então rei do planalto, era seu tio. Andava no ar a ideia de que Abel tinha planos para afastar o Mais-Velho mas, a quietude dele em sua modesta casa junto à família e esclarecimentos mais recentes de sua resiliência em Luanda, foi desvanecendo esse estado de desconfiança.
Em certo dia, o general Gato que ocupava o então posto de Secretário-Geral do Movimento, conhecedor da mais valia em ter Chivukuvuku como alguém que cria ideias, capaz de pensar no futuro do Movimento, tenta fazer entender ao Mais-Velho por forma a recuperá-lo do ostracismo a que estava a ser sujeito.
É assim que um dia ao entardecer, surge um sobrinho de Abel, Jobito Chimbili, com a informação de que o presidente pretendia vê-lo. E, assim o foi! Em hora aprazada Abel, encontra Jonas Savimbi em seu lugar de Estado-Maior em companhia de seu secretário-Geral Lukamba Gato.
O Mais-Velho, estende-lhe a mão acto continuo pede-lhe desculpas por tudo o que aconteceu. Nós recebemos muitas informações contraditórias e, por não sabermos o que aconteceu, comportámo-nos de forma errada. Embora Abel não consiga esconder sua indignação a solução tem bem expressa do mais-Velho: com Abel Abel foi: -vamos trabalhar juntos!
Abel atendendo os subterfúgios, a confusão que se gerou em volta dele, defende que a direcção da UNITA deveria ter lidado com a situação de forma mais inteligente. Estou magoado sim! Sofri muito em Luanda, não obstante, chegado aqui, ainda tive de enfrentar toda a animosidade, um ambiente pesado de desconfiança na minha pessoa.
A um encolher de ombros do Mais-Velho: Tudo bem, compreendo! A partir de agora ficas a trabalhar directamente comigo. E, aconteceu rápido! Sendo assim, vai estar ao lado de Savimbi no dia 6 de Maio de 1995, quando este se reúne com o presidente José Eduardo dos Santos, em Lusaka. Enquanto Savimbi reconhece Dos Santos como presidente legitimo, este aceita Jonas Savimbi com um “estatuto especial” como dirigente do maior partida da oposição…
Nota 1: *Dipanda é o somatório das coisas positivas e negativas que ocorreram antes e, durante os longos anos da crise Angolana e, na diáspora de angolanos espalhados pelo mundo.
Nota 2: **Texto elaborado a partir das anotações do baú de T´Chingange e livro de Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku escrito por Eduardo Agualusa.
(Continua...)
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