FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
MUSSULO . Xinguilado no ano de 1486
N´dongo . Canoa do Kifangondo
Ficamos ali uns dias na reparação pequena no n´dongo pois as calemas fizeram estrago; entretanto consegui apanhar duas kiangus na minha lança que por ali se esconderam nas águas baixas; No seguidamente preparamos com n’tondo a acompanhar. Naquela noite estava frio, as hienas choravam de fome e eu metia lenha na fogueira por medo; não preguei olho toda a noite, o meu lumbu estava agora a compor-se mas o meu medo era por demais, só as calembas abafavam os meus soluços debaixo daquela n´sanda; Uma manada de n´zaus passou por ali perto e só nesse meio tempo as hienas de manchas feias me deixaram em paz. Depois daquela noite ganhei coragem e, se calhar já nem ia para o layoteso pois que nos costumes do sitio para aonde íamos eu não tinha amizades; assim passei aqueles longos dias até avistarmos a Mazanga. O vento enchia as n´dele do n´dongo com força e rapidamente passamos a baia do m´bungo. Sei que paramos por ali e meu pai N´futila foi tirar informações de aonde podia encontrar o seu irmão e, meu tio m´banda de profissão e kadinguila de nome
M´banda Kadinguila
No entretanto da espera vi na observância que aquela ilha era demasiado comprida e, dias depois chegamos na xicála sítio da dibata, dos seguranças do reino de n´dongo aonde meu tio tinha pré-ponderância. A partir daquele dia por direito de Kanda passei a ser ka-mundongo, apanhar búzios de n´zimbo na ponta da Mazanga e lá mais nos longe os caurins da Korimba e muito n´tadi no Mussulo. 525 anos mais tarde ressuscito maiombolado, mundele em plena Korimba; Já não havia hienas nem n´zaus e ali estava eu esperando lugar no kapossoka, atravessar o mar baixo e regressar no kitoco. Foi neste barco que a agora minha mulher, cafeco de então, me mandou fazer continência à bandeira portuguesa; estávamos no meio de um jogo de namorados que resultou em Ka-mundongos ou Ka-Luandas e que agora vão ter de passar pelas mesmas privações desse pai N´gesso a provar que o são. Com cinco escudos em 1973, na Samba lembro-me de ter comprado um grade peixe-espada (kinbiji). Se um n´zimbo valia cinco caurins, naquela primeira encarnação 5 escudos seriam talvez uma canoa cheia de kinbijis. Estamos no ano de 2011, a 28 de Março; 525 anos depois daquelas tormentas.
N´zimbos, conhas, buzios, lapas
N´zimbos Caurins
GLOSSÁRIO:
candengue- rapaz; caurins- búzios pequenos, cêntimos do n´zimbo; cafeco- donzela; dibata- palhota; kanda- descendente por via matrilinear; ka-mundongo-nascido no reino n´dongo (Luanda); ka-luanda- nascido em Luanda; kazumbi- feitiço; kiangala- pequena estação seca; kifangondo- aldeia; kibinda- caçador kijucos- gente de outras tribos, de fora; kalundu- kilundu, crimónia de chamar os espíritos ao culto; kixibus- cacimbos, estação fria; kubasular- passar bassula, dar a volta por cima; korimba- lugar de costa, ancoradouro; kapossoca-nome de barco com motor; kitoco- traineira trnsformada; kota- mais velho; kofu- cesto estreito e comprido para apanhar conchas; ku-luanda- a ocidente, mais importante e sabedor; kalemba- ondas de mar bravo; kalunga- abismo, sitio de muita morte; kiangu- raia; lumbu- descendente por parte do pai; layoteso- casa da puberdade para rapazes; m´bundu- de fala bantu, em quinbundo; m´banda- guarda, sub-chefe; m´fumo- chefe; m´fumu-a-vata- chefe da aldeia; matacanha-pulga da terra; mukuali- catana, facão.
O Soba T´Chingange
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