por terras de LIMPOPO
Xipefo na Gorongosa
Roça Boa Esperança
Respirando a noite em calções de caqui, o bafo quente de África contorcia-me a mente como num remoinho de orgasmo. O encanto do mato, seus cheiros e ruídos, em África, são tão especiais que ofuscam a mente com espíritos.
As vozes rugosas entrecortadas com choros de hiena e latidos de mabecos arrepiavam ao cair da noite; sem pálpebras no olhar o escuro da Gorongosa era mais inebriante que qualquer outro; a chuva miudinha fazia levantar um aroma extasiante, a luz difusa do xipefo tracejava ondulante cacimbo além do mato cerrado. A cagufa para lá desses matos latejava-me nas temporas amargando a boca de gosto rançoso de guerra.
Como um porco facochero o negro turra da Renamo esburacado de balas mantinha-se em pé; largou a arma e, segurando as tripas escuras desatou a correr até perfurar o embondeiro, esfumou-se na árvore como se fosse feito de sombra. Nunca pude entender tamanha sublimação daquele negro e naquela árvore gorda de pernadas ao ar, de dedos disformes.
Aquele embondeiro era de guardar respeito e medo.
Ele, o negro, estava agora alí como um alien fosforecendo presença na luz do xipefo feito um fantasmagórico olograma relembrando a guerra de entre o Zambeze e o Save.
As luzes do jeep viam-se ao longe e, o ruido rouco do motor com altos e baixos invadia a quieta mata; Caputo chegou batendo com o chapéu no joelho levantando o pó da picada. Com um gesto rasgado de amizade saudou-me enquanto lançava ordens ao cozinheiro para retirar as biquátas trazidas do Inhassoro.
M´pumalanga do Nascimento, ruminou umas palavras ao seu ajudante Xinguço de Nada para levar primeiro as coisas de comer, depois o querozene para o ximbeco do armazém. Este nome do sub-auxiliar é desconcertante pois que é Xinguço por parte de mãe e de Nada por parte do pai que desconhcia completamente.
Caputo trazia novas do China embalsemador; apresentou-me a cabeça de Pacaça devidamente empalada com seus cornos grossos e foi dizendo que para terminar a obra do Cudu necessitava duns quantos miticais, porque tinha de comprar produtos lá no Maputo.
Eu e Caputo ficamos ali um tempo estirando preguiça, bebendo umas laurentinas e trincando jinguba da ilha de Bazaruto.
Depois de jantarmos bife de Olongue com jindungo bravo, deitamos um pouco de conversa fora e cada qual se escanchou em seu colchão de suma-uma; tinhamo-nos de levantar cedo pois que ambos iriamos ao Chimoio levar o motor de arranque da GMC, à estação dos caminhos de ferro; aturar o chato do chefe Simões e, continuar viagem para o Zimbabwe do Mugabe.
O velho tira cabaços Xafundanga, aposentado da roça, seguiu conosco para ir ao médico. Tinha um inchaço anormal nas partes e não podia deixar-se cair em descrédito.
O Soba T´chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA