Quinta-feira, 31 de Julho de 2008
ANGOLA . NAMIBE - Como tudo começou

                    

                         NAMIBE - N´DIGIVA               

                         Como tudo começou – 2ª parte

O agressivo Calahári tinha sido penosamente atravessado por aquela gente; o mesmo deserto que, a norte do Cunene, só destoa quando se sobe a serra da Chela ou Umpata e, foi aqui neste vasto planalto, que a actual cidade do Lubango se desenrolou e desenvolveu.
Foi um agitado progresso até aos dias de hoje, e é pena que os novos donos não reconheçam valor aos seus construtores. O liceu Diogo Cão passou a ter o nome do soba Mandume, um tirano corta cabeças; não fosse o sangue derramado pelos expedicionários e a fronteira actual até ao Lubango pertenceria à Namíbia.
Mandume, que mandou matar a sua própria ama, aliou-se aos Alemães por alturas da segunda guerra mundial tendo sido derrotado em Môngua por Pereira D´eça.
Após a derrota da Môngua, Mandumbe, o chefe dos Ovambos, fugiu para Ot´xakati tendo acabado por morrer combatendo em E´hole, lugar hoje conhecido por Namacunde; suicidou-se com um tiro junto a uma newa mas, só após ter morto um dos seus guerreiros, para ser seu serviçal no outro mundo.
Em Agosto de 1885, desembarcam do vapor “Índia” em Moçamedes 349 madeirenses que seguem o eixo colonizador Namibe, Lubango e S. Pedro de Chibia.
Lubango, a 26 de Dezembro de 1889 é elevada a cidade e sede de Concelho.
A história da Angola actual, não pode escamotear ou omitir a verdade com infundamentadas teorias; não pode desprezar toda essa gente que engrandeceu uma terra, definiu fronteiras e derramou sangue para que tivesse a configuração do país que é hoje. Apear Alves Roçadas, Norton de Matos, Paiva Couceiro, Artur de Paiva e tantos outros da história, é uma injustiça.
Houve no decorrer de toda a colonização administradores déspotas, corruptos e maus gestores mas, outros houve que longe de tudo, sofreram na pele agruras que o diabo nem sabe; o espírito de missão de alguns foi tão longe, que mereceram lá aonde quer que fosse, apego da população.
O chefe do longínquo posto do Dirico, teve de fazer das portas de sua casa o caixão para sua defunta mulher; sem assistência médica, nem mobilidade capaz, lá no cu do mundo, zelava pela soberania de uma terra que agora é Angola.
Eu também pertenço a essa leva de gente, branco de segunda duma Chibia, Qui'hita, T´chiapepe, Chicusse, Ca´hama, Humbe; todos juntos fazemos “a lenda do Cuamato” e ainda vamos visitar o tal soba na base da tal newa porque fez história.
Mas, agora, só somos caputos

À atenção de: Governantes de Angola, em particular o Sr. 1º Ministro, Fernando Dias dos Santos.
Bibliografia: A colonização de Angola, de F. Cerviño Padrão; A questão Cuanhama, 1906, de Major Eduardo Costa

Glossário - palavras sublinhadas: Newa - árvore de grande porte que se confunde com o embondeiro; Caputo – gente do Puto; de Portugal.
( continua...3ª parte)
O Soba T´chingange
 



PUBLICADO POR kimbolagoa às 16:10
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De Sérgio Sousa a 20 de Agosto de 2008 às 23:24
À procura de informação sobre a Batalha de Môngua cheguei ao seu blog. Mandume foi, como refere, um tirano corta cabeças. Mas na altura as tropas sob o comando do republicano Pereira d'Eça, suspeito que chegaram a chacinar. Poderá dar-me alguma orientação quanto a isto?
Obrigado.
Sérgio S.


De kimbolagoa a 22 de Agosto de 2008 às 18:25
A história de Angola baseia-se muito na transmissão oral de pais para filhos; nos idos tempos não havia bibliotecas.
As superstições africanas empolgam os escritos após ecludir a 1ª grande guerra em 1914 que teve sequências na parte Sul de Angola e, aonde havia partilha de interesses por parte de Alemães, Ingleses e Portuguêses.
Mandume, rei dos "Kwanyama" ou Cuanhamas venceu os Portuguêses em mais do que uma batalha.
Os Portuguêses, só após corromperem guerrilheiros Ambós ganharam as batallhas de Mongua e Mufilo.
Há escritos que descrevem que o corpo de Mandume foi mutilado, arrastado por kimbos das áreas do Cuamato na "Ovamboland", na bacia de influência do rio Cunene, tendo a sua cabeça sido empalada junto à concentração de cubatas do E´hole para dar a conhecer que o seu rei estava morto. Estas descrições não foram assim relatadas pelos velhos Kotas com mais de cem anos e por isso não são fidedignas. O padre Keiling que conviveu com Mandume e seus mais fieis guerrilheiros da étnia Lenga não referencia nada como chacina.
Mandume fazia isso com quem matava ou mandava matar; não os enterrava, deixando-os aos bichos.
Segundo o etnólogo José Redinha o povo Ambós, sob sua influência ( Cafima, Cuanhama, Cuamato, Dombandola e Cuangar) era de 63000 almas.
O Soba T´chingange




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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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