AS ESCOLHAS DO CONSUL MATIAS . Johannesburg
“Testemunhos da descolonização” - 2ª Parte
Gente e Caixotes
O desespero era tal para entrar num avião que as pessoas ofereciam o que tinham ou o que lhes restava, aos funcionários de check-in, aos pilotos, a quem encontrassem. Termos de café, comida, álcool, a casa em Angola, os carros, barcos, dinheiro (...). E quando não era para entrar num avião era para meter lá dentro mais qualquer coisa. Nem toda a gente podia ou tinha tempo de despachar os pertences por mar. Mais ou menos rigoroso no seu trabalho de check-in, mais quilo, menos quilo, e um recorde de 26 horas seguidas ao balcão, João F, nascido em Luanda, funcionário da TAP, viu acontecer muita coisa. O tráfico de influências corria à desfilada, e para quem fosse habilidoso havia sempre um expediente para mandar tudo para Lisboa. Os mais modestos iam todos os dias ao aeroporto despachar pequenos embrulhos, os mais ambiciosos certificavam-se de ter tudo do outro lado do mar antes de dizer adeus a Angola. Para uma grande maioria que enviou seus pertences por barco, nada chegou ao outro lado do Atlântico. João F, que despachou o frigorífico e o fogão, por artes "mágicas" desapareceram-lhe, os dois, no aeroporto da Portela. E acrescenta: "Houve muitos crimes e muita desonestidade".
O regresso . caixotes
As pessoas levavam o que era delas mas, gente que nunca tinha estado em Angola chegava ao sítio do aeroporto onde as coisas se iam amontoando e escolhia o que queria. Houve nitidamente um roubo, e um abandono desta gente. Ao que se sabe no cais sucedia a mesma gatunagem sem uma qualquer fiscalização por parte dos responsáveis da Capitania. Regressado a um de Novembro, de 1975, com um pedido de transferência, teve de procurar outro emprego: só foi readmitido na TAP dois anos depois, e para cúmulo retiraram-lhe o tempo da ponte aérea. "Os registos perderam-se e ninguém se lembra", conclui com um encolher de ombros. "Dizem eles": Em Nova Lisboa (Huambo) a situação era tremenda. Havia uma espécie de grande hangar aonde as pessoas chegavam das mais variadas formas, carregadas de malas. Como não as podiam levar, pois havia um limite de 30 kg por passageiro; uma montanha incrível de bagagem era deixada para trás. Não havia condições nenhumas, a sanita era um antigo avião de campanha completamente recuperado que um oficial qualquer tinha resolvido pôr ali como monumento. Imagine-se, um avião que tinha andado na guerra! "Quem controlava tudo eram os guerrilheiros da Unita, que tinham um aspecto inacreditável. A tropa já se tinha vindo embora "coisa nunca vista em outras paragens".
(Continua)
Gentileza de José Matias (Consul de Manikongo) - Kimbo
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