FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“DOS JESUITAS AOS TUBARÕES” . 3
Por
Roeland Emiel Steylaerts
O COMEÇO EM BRASILIA
Cheguei a Brasília, vindo de Cavalcante, acompanhado de meu pai. Era final de 1966, estava sem dinheiro, com uma calça e uma camisa e um anel de ouro no dedo; cueca nem me lembro se tinha, pois esse tempo ficou longe. Meu pai tinha alugado um apartamento na W3 Sul, onde minha mãe e irmão nos esperavam. Fomos obrigados a dormir no chão pois ainda não havia móveis. Meu irmão tinha arrumado um serviço na recepção do Hotel Nacional; mais tarde virou gerente da agência de viagens BRASTUR, na mesma galeria do Hotel tendo sido posteriormente chamado para trabalhar na Embaixada Americana, onde trabalhou vários anos. Meu pai arrumou um serviço de hotel na Ilha do Bananal, no meio dos Índios Carajás, no rio Araguaia. A proposta era convidativa e, eu e minha mãe iríamos juntos; acabamos por ficar ali só dois meses, pois que por falta de pagamento tivemos que voltar. Índios Carajás
O hotel realmente era chique, cheio de conforto mas cadê os clientes?... Voltamos a Brasília, no mesmo velho DC-3 da FAB. O dia seguinte foi atrás de trabalho e, encontrei um provisório serviço de “caixa” no restaurante Roma, para a época de natal. Os donos eram um judeu Belga de nome Simon Pitel, e um certo Marcel Heirbaut, que tentou dar depois um golpe ao primeiro, quando este tirava férias. Meus pais arrumavam a gerência de uma casa nocturna, no Lago Norte, ainda totalmente isolado, chamado “Living Room”. O dono, era um casal americano, que também tinham um hotel feito em madeira em cuja Asa Norte na via 714, estava fechado e lacrado pela polícia... não sabíamos qual o motivo e qual o mistério envolvente. Eu, todos os dias ia a pé àquele hotel de madeira do americano; com autorização dele, entrava pela janela, dormindo num dos quartos, sem luz eléctrica. Era bastante longe e demorava mais de duas horas para chegar da via 710 Sul á via 714 Norte. Brasilia
Naquele tempo, felizmente não havia ladrão, nem trafico como hoje. Era tudo muito tranquilo. Poderia ter pedido um passe para pagar o transporte de ônibus, mas meu orgulho era forte demais, e preferia ir andando. Depois de duas semanas, o dono do restaurante onde eu trabalhava, falou que por cima do estabelecimento, no primeiro andar, tinha um quartinho, sem luz, com a fechadura quebrada, mas que dava para dormir. Do lado tinha um banheiro sujo e nojento, também sem luz, e com um cano que servia de chuveiro, só que eles guardariam ali os sacos de arroz do restaurante. Aceitei na hora, e comecei a dormir naquele cubículo. Todo o dinheiro que ganhava era guardado, tostão por tostão. Abri uma conta no Banco da Amazónia, pensando que meu futuro estaria ligado a essa região misterioso, e comecei a depositar. Comprei um sofá usado, e um lampião a querosene. Naquela época tinha uma turma de militares americanos, fazendo os mapas aerofotogramétricos do centro-oeste, e já que eu falava inglês, viraram clientes do restaurante. Comecei a lançar a Caipirinha em Brasília, que não existia ainda por lá naquele tempo e, aí, comecei a comprar uns pacotes de cigarros e alguns litros de uísque importado, que depois revendia a bom preço.
De um livro de uma vida, não editado, compilado com ligeiras correcções ortográficas ao texto original de Roeland Emiel Steylaerts por
O Soba T´Chingange
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