AS ESCOLHAS DO SOBA
“ Direito de sonhar” Eduardo Hughes Galeano - É um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem géneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História. Galeano iniciou sua carreira jornalística como editor do Marcha, influente jornal semanal. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina.
Uruguai
A utopia está no horizonte; quanto mais a buscarmos mais ela se afastará; nunca a alcançaremos. Que tal se nos fixarmos um pouco mais além para adivinhar outro mundo possível: O ar estará limpo de todo o veneno que não provenha dos humanos e das humanas paixões. Nas ruas os automóveis serão amachucados pelos cães; a gente não será manejada pelo automóvel nem será programada pelo ordenador nem será comprada pelo supermercado nem tão pouco será mirada pelo televisor. O televisor será tratado como o ferro de engomar ou máquina de lavar; a caixa da TV não será mais, o membro mais importante da família. Serão incorporados códigos penais do delito de estupidez que cometerem os erros da angustia no ter ou ganhar. Viver por viver, não mais como canta o pássaro sem saber que canta e como joga a criança sem saber que joga. Em nenhum país, os mancebos, serão presos por se negarem a cumprir o serviço militar a não ser os que a querem cumprir; ninguém viverá para trabalhar mas, trabalharemos para viver; os economistas, não chamarão nível de vida ao nível de consumo nem chamarão qualidade de vida às quantidades de coisas que se consomem; os cozinheiros não acreditarão que às lagostas “ les encanta” serem fervidas vivas. Os historiadores não crerão que aos países “les encanta” serem invadidos; os políticos não crerão que aos pobres “les encanta” comer promessas. A solenidade deixará de acreditar que é uma virtude e nada, nada tomará a sério a nada que não seja capaz de tirar a morte e, nem por falecimento o canalha se converterá em virtuoso cavalheiro. O dinheiro perderá o mágico poder. A comida não será uma mercadoria nem a comunicação um negócio porque a comida e a comunicação são direitos humanos; ninguém morrerá com fome porque ninguém morrerá de indigestão; as crianças da rua não serão tratadas como lixo porque não haverá crianças de rua; os meninos ricos não serão tratados como se fossem dinheiro porque não haverá meninos ricos. A educação não será o privilégio de quem possa pagá-la e, a polícia não será a maldição de quem não possa comprá-la.
A justiça e a liberdade, irmãs siamesas condenadas a viver separadas deverão ajustar-se bem coladinha, costas com costas. Ninguém será castigado pela amnésia conveniente tornando-se um exemplo de sanidade mental. A santa madre da igreja corrigirá algumas erratas da tábua de Moisés e o sexto mandamento mandará festejar o corpo; a igreja também ditará outro mandamento: amarás a natureza; serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma. Os desesperados serão inspirados e os perdidos serão encontrados porque aqueles, se desesperaram de tanto esperar e, estes perderam-se por tanto buscar. Seremos compatriotas e contemporâneos de todos os que tenham vontade de vencer e vontade de justiça; tenham nascido ou tenham vivido aonde pouco importe quais as suas fronteiras no mapa e do tempo. Seremos imperfeitos, porque a perfeição será sempre um aborrecido privilégio dos deuses; Mas, neste mundo trapalhão e chato hodierno, teremos de ser capazes de viver cada dia como se fosse o primeiro e cada noite, como se fosse a última.
O Soba T´Chingange
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