FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“DOS JESUITAS AOS TUBARÕES” . 4
Por
Entretanto, meu pai que morava na casa nocturna, pegou o americano tentando “dar em cima de minha mãe”, pegou a carabina winchester dele, calibre 44 e colocou-a em seu peito; o caso foi parar à polícia. O americano fechou a casa e voltou aos Estados Unidos. Meus pais, passados uns dias, foram convidados pelo dono do restaurante Roma aonde eu trabalhava, para darem uma ajuda com algum benefício. Simon, o dono, iria de férias para Israel deixando seu filho Fernando Pitel de 12 anos aos cuidados de meus pais, durante essas férias; Havendo acordo, o carro do israelita, um Fissore, ficou também entregue a meu pai; isto, proporcionou-lhes por dois meses passear mais além da vizinhança conhecida. Num daqueles dias, passando pelo Lago Sul vimos em frente à água do lago num grande terreno uma construção em ruínas. Meu pai, entusiasmado quis logo saber quem era o dono, pelo que falou com os moradores ao redor e, foi num clube vizinho de nome o “Cota Mil Clube”, que soube ser do Clube de Xadrez, que curiosamente nunca funcionou.
Com o endereço do presidente na mão, a ele se dirigiu; um apartamento na Asa Sul (visto de cima, Brasília tem a forma de um avião). Meu pai conversou com o presidente do Clube, tendo adquirido tal casa em ruínas e terreno. A planta da construção que estava inacabada, e abandonada, foi feita por Oscar Niemeyer o obreiro de Brasilia. Um raio que acabou por destruir aquela estrutura causou desânimo em seus associados que por este pretexto e sem dinheiro, se viam impedidos de qualquer iniciativa. Os vários sócios do Clube de Xadrez, acharam por bem aceitar um contrato por 10 anos, que meu pai propôs; as condições eram a de poder explorar o clube como restaurante, comprometendo-se por acta a acabar o prédio tal como estava delineado em planta do famoso arquitecto. Eu, continuei a trabalhar no restaurante Roma enquanto as obras avançavam com material fiado em Brasília; nesse então e, em Brasília os empréstimos para a construção eram facilitados pela banca.
O nosso novo restaurante lá se acabou. Saí do Roma com algum dinheiro, o que serviu para a compra dos pratos e copos. Recordo que o fogão de marca Dako, de um tipo caseiro de quatro bocas, já era usado. O bar nocturno ao lado do restaurante, tinha uma vitrola (gira-discos), de um só disco; estava colocada no canto do restaurante, aproveitando a ténua Luz; só tinha seis Disco LP e, lembro-me haver um de Roberto Carlos e, um outro de Elsa Soares. No dia da abertura a 24 de Dezembro de 1967 tivemos apenas um cliente... e era convidado... tudo de graça. Tínhamos dois garções (empregados) e um “maitre” (chefe).... Nenhum freguês”! Meu pai viu-se obrigado a procurar apoio na Embaixada Americana em Brasília, uma das poucas que tinha naquele então na cidade e garantiu abrir um restaurante fino, para os diplomatas americanos frequentarem. Porque se estava em plena época da guerra fria entre os blocos Russo e Americano, meu pai alegou que caso não lhe dessem “bola” iria fazer o convite aos russos; ficou por isso mesmo. Na noite seguinte, todos na porta... cheios de desânimo. E, não é que dum só suspiro, chegam bem uns quinze carros, todos importados; eram os Americanos…Eureka!
(Continua...)
Nota: Esta é a estória vulgar de um emigrante Belga fugido da guerra que se aventurou em terra estranha do outro lado do Oceâno. Os tempos mudaram, as agruras são outras mas a vida é asim mesmo, um rodopio de acontecimentos que parecendo nada, mudam o rumo.
Compilado com correcções ortográficas ao texto original por
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