Ontem, pela segunda vez, fiz uma muamba de galinha à maneira de Angola; Todos gostaram mas o Tó da Cuca transpirou gosto pelos poros chegando a afirmar que este era sem dúvida a melhor especiaria do mundo. Acho que exagerou mas, creio que o segredo está no amor que o cozinheiro dedica quando mistura todos os ingredientes e os vai metendo no panelão no preciso momento, dedicando especial atenção ao jindungo, quantidade na justa mediada de forma a ficar ao agrado de todos. Tó da Cuca, ajudou-me a cortar em pedaços pequenos a aboborinha, maxixe, beringela, chuchu, e transpirou a fazer o funge de mandioca á maneira da Luua; aqui chamam ao funge de pirão, que é por norma demasiado aguado, feito em caldo da especiaria que se está a fazer mas, nós camundongos gostamos do pirão do jeito cola-de-fuba, de forma a se fazer um bolo que se vai empapando no dendem dando-lhe o sabor característico.
Casa do T´Chingange (Com banga)
Na euforia do pós tacho cada um de nós recordou o cacussu do panguila e das comezanas do fundo de quintal bem por debaixo da mulemba no lugar da Corimba ou na varanda da casa da Terra Nova. E começa a descrição: tia Josefa mune-se de faca bem afiada e corta as cebolas em metades, depois meias rodelas grossinhas; a seguir a abrobinha segundo a mesma lógica e tudo para dentro de um panelão enorme; chega-o ao fogo, acrescenta-lhe uma boa porção de azeite de dendem mexendo, mexendo com a colher de pau kibaba de raiz, a cada aleatório fervilhar, sem regra feita. E logo se podia contemplar o início de uma maravilha; aquela cor alaranjada de mágico cheiro invadindo os olfactos dos kambas da vizinhança. Agora a beringela, cortada em cubos... Uma pitadinha de sal, uma malagueta de jindungo... –E os quiabos tia zefa? - Perguntava, como mestre cozinheiro, que já gostava de ser um dia. Ainda não é hora deles, esclareceu a tia. Porquê? - sempre os curiosos porquês dos futuros mestres... -Porque são muito tenros e desfazem rápido. Se eu os botar agora, no final, só vais comer fio e semente de quiabo, mas não o quiabo... Aaaah!
Cheirinho bom invadindo o ambiente, saliva emaciando nas nossas bocas candengues “na sua volta” trapalhando a tarefa. E titia já colocando os peixes em posição de mergulho, cortados em metades... Agora vou só botar uns pouquitos quiabos assim abertos para largarem aquela baba boa no molho, mas não ainda todos; esses outros todos só vou deitar quase na hora do peixe seco, um pouquinho antes. Peixe e quiabo coze depressa, vocês sabem, né? Nós, candengues, não sabíamos, mas só falavamos: Ué, tia Zefa! E mais mexidas, delicadas reviravoltas nos legumes plenos de magia de palma… Neste preciso momento... esclarece titia – tá na hora de colocar os quiabos, depois de lhes cortar as pontas, e mais uma´porçãozinha de pequenos jindungos onotos, assim fechados... sem abrir, para não picar muito por demais nas crianças... Titia! -mas a gente todos, gostamos de jindungo...cosquinhas na língua, hihi!, fala um. Titia ri, e então bota mais uns dois ou três, lá para dentro...
(Continua...)
O Soba TChingange
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