Quarta-feira, 11 de Julho de 2012
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{#emotions_dlg.meeting}AS ESCOLHAS DO KIMBO

“Mukanda doTempo” – Retornados . 1
Por

 Sócratas Dáskalos - Militante do MPLA - Faleceu no Lobito – Angola, com a idade de 81 anos a 10/10/2002
Podia já ter esquecido todo este assunto, um tema deprimente para muita gente e descendentes mas, prometi a mim mesmo não esquecer este lado negro em terra que por via da descolonização moveu interesses obscuros, traições e trouxe até nós um conjunto de gente falsa que se dizia de insuspeita ética. O tempo clareou obscuridades trazendo o lixo na corrente da História que fez de nós involuntárias marionetes. Só não esquece esses contratempos quem não sofreu na pele o estigma de explorador. O túnel do tempo lubrificou as estrias da arma. Já lá vão 37 anos! O tiro estilhaçou a vida de muitos, de dentro e de fora, mas a história rectificará as lacunas, queiram ou não. O Soba T´Chingange

 A GRANDE DEBANDADA: RETORNADOS E ADIDOS

Logo após a tomada de posse do Governo de Transição, a 31 de Janeiro de 1975, as coisas começaram a complicar-se para os funcionários do Quadro Administrativo. Os administradores da Ganda, Cubal, Balombo, Chongoroi, Bocoio e Baía Farta, quase todos com uma boa aceitação por parte das populações negras dos seus territórios, quando começaram a aparecer osministros”, comissários e delegações dos movimentos emancipalistas fazendo exigências despropositadas e ameaças veladas de prisão e despedimento, começaram a vacilar nas suas intenções de ficar depois da independência. E quando o Governo Português inventou o Quadro Geral de Adidos para nele integrar os funcionários do Q. Administrativo das colónias, garantindo-lhes em Portugal emprego e reforma, aumentaram as hesitações. Entretanto o “MPLA propalava que iria julgar todos os funcionários do Q. Administrativo depois da independência” transformando a dúvida, em desejo ansioso de partir o mais depressa possível para o Puto.

 Além do Q. Adidos o governo português também criou o Instituto de Auxílio aos Retornados Nacionais (IARN) e, como na altura os naturais de Angola brancos, mestiços e assimilados eram considerados portugueses, este Instituto alargou ou restringiu a sua acção como muito bem entendeu, dando ou negando auxílio de acordo com os interesses dos dirigentes. Em consequência criou-se em Angola um ambiente de tal ordem que até o branco mais pobre que no interior do país ou na periferia das cidades tinha sempre vivido e convivido com a comunidade negra, se deixou contaminar pela histeria do medo sem razões válidas que o justificassem, excepto em Luanda, Malange e Huambo aonde as refregas armadas entre movimentos eram aproveitadas para molestar e até, às vezes, fazer vítimas, perante a passividade das forças armadas portuguesas que, se diziam neutras. No seio da comunidade branca gerou-se uma histeria de fuga por se verem sem segurança que o estabelecimento de pontes aéreas e de carreiras marítimas levou ao paroxismo.

 Esta histeria deu origem a uma “música” jamais ouvida em Angola: a “música” das marteladas nos caixotes
ouvia-se noite e dia, monótona e enervante. Nos caixotes metia-se
tudo o que era possível! No porto do Lobito, extensas bichas de viaturas esperavam longas horas aguardando embarque. Esta ânsia de partir, em Benguela, contrastava com a atitude de alguns portugueses e angolanos que se preocupavam mais em resolver os problemas do quotidiano do que pensar nos problemas de fundo. À medida que se aproximava a data da independência crescia a azáfama dos caixotes e o número dos transportes, aviões e barcos, para a debandada que tomava cada vez mais o aspecto de uma fuga desenfreada. Em Julho e Agosto, aviões da TAP e da Suisse Air, transportavam diariamente cerca de mil passageiros para Lisboa. Mas o afluxo a Luanda de refugiados vindos das terras do interior em aviões da Força Aérea e de outros vindos via marítima das províncias do litoral era de tal ordem que tiveram que ser utilizados transportes cedidos pelos Estados Unidos da América e pela União Soviética. As autoridades Lusas nada faziam para alterar este curso dos acontecimentos facilitando as manobras do MPLA, partido no qual eu militava desde a criação da Casa dos Estudantes de Angola em Portugal.

Foram omitidas algumas, muitas excrescências por grosseira e tendenciosa visão.   

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 02:44
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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