“KALULU COM NOSTALGIA” - 2ª de 3 Partes
Por
T´Chingange
A gente esperava o finalzinho. Lhe prometemos silêncio quando botava a gimboa verde a ser espalhada na misturada suculenta e titia já dispondo com rigores geométricos o peixe no panelão, botando uma cerveja de Cuca no fantástico alaranjado. Depois ainda uma pequena tigela com uma mistura de água e fuba de mandioca, para engrossar o molho. E mais, umas delicadas mexidelas para não magoar os peixes, dizia. E só neste momento tia Zefa tampou a panela, deixando porém uma pequena abertura, deixando escapar aqueles tentadores vapores., A gula dos mais velhos, kotas mesmo, já se abancavam com as respectivas cucas na mão tapiscando torresmos, tremoços e jinguba p´ra entreter... E agora, já uma outra panela com água fervente para bater a fuba, farinha de mandioca bem fininha que logo, logo, se transformava numa potente cola, combinação deliciosa naquele divinal molho.
… Hii!, Uáaa! - todas as bocas salivando espanto, narizes snifando apuros, o mundo cheirando a kalulu, cheirando a Tia Zéfinha com perfume de ternura… A criançada numa outra mesa mais baixinha e com dois bancos corridos, faziam maka beliscada de guinchos; colheres de alumínio nas mãos, excitados, contentes na primazia do atendimento. Os kotas já tinham seus tremoços, chouriço e torresmo… Tia Zefa sempre deitava a comida no prato pedagogiando palavras: comer devagar, atenção com as espinhas, limpar a boca antes de beber a gasosa, bom apetite, comam devagar… brincar, só depois; se arder muito na língua…vocês que pediram, não se podem queixar…! As demais senhoras iam chegando da sala gabando seus bolos e guloseimas para o final da kizomba.
Kinito, se gabafa de ter ajudado titia com seu pau sacado de uma vassoura para mostrar sua banga de bater a fuba; batidas rítmicas de merengue da cassete do sambizanga: sentado num pequeno banco, panela bem presa nos pés, Kinito era todo bangula ninita batendo e revirando a massa; e já a tarefa a ficar-lhe difícil, a cola a agarrar-se teimosa nas paredes da panela, ameaçando embolhardar; ele transpirando e virando seu ritmo para a banda fekula, jeito vulgar para o matulão Kinnito, o mestre de bater o fundje, que logo, logo se extravasou nos intentos de botar suor transpirado na puxada funge. Afinal eram só mesmo umas bagas do seu AdêEne. Com umas ameaças de bassulas puxadas do mais velho Beto, ele se acalmou no cansaço. A massa obedeceu, ficou pronta, lisinha, delicadamente sacada da panela para uma travessa com a ajuda de uma colher molhada em água morna - para não colar - e já o panelão se sentava à mesa nas mãos de tia Zefa, a rainha da kizomba.
(Continua...)
O Soba TChingange
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