FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Por
No auto do quilombo a disputa pela rainha leva os reis preto e caboclo a um combate simulado, quase um bailado de guerreiro, misto de bassula e capoeira com esquindiva e finta, usando a espada, que só eles, reis, podem usar; os demais, apenas emitam a luta com seus arcos e suas foices de madeira, ao som alternado de suas músicas: Folga Negro e Dá-lhe Toré. Ao som deste bailado da comparsaria o rei dos Negros, como um leão acossado, defende-se valentemente mas, um golpe no peito fere-o de morte caindo pelo solo. O rei dos caboclos engiuiça-o, isto é passa por cima dele fazendo gaifonas de bravata. Isto é o sinal da morte do rei negro. Vendo seu rei morto, os negros, desorganizadamente refugiam-se no reduto, enquanto a rainha com um pires na mão vai pedir esmolas aos espectadores para a ajuda no enterro do defuntado que não chegou a tirar o cabaço àquela nobre dama. Milagre! O rei dos caboclos, fazendo cheirar o rei morto uma folha de jurema, este, desperta da morte.
Era nas areias das praias da Ilha das Cabras, berço do povo Muxiluanda, que os oficiais do Manicongo (o Rei do Congo) recolhiam os Zimbos (n´zimbos - conchas de búzios pequenos), que serviam de moeda corrente para transacções comerciais nas feiras muito activas nas feiras no interior das províncias do Antigo Reino do Congo. Durante séculos, Luanda foi o porto negreiro mais importante da costa atlântica de África. Os escravos eram guardados em áreas cercadas (currais) situadas na área actual das Ingombotas, durante a espera de embarque para o Novo Mundo. O primeiro cemitério para os escravos foi situado na área imediatamente a montante (acima) das Ingombotas, onde as campas razas eram assinaladas com cruzes. Os corpos dos escravos que morriam nos currais durante esta espera de embarque para a Passagem do Meio, que podia demorar muitos meses, eram levados para a área do Maculusso, imediatamente a montante das Ingombotas, onde eram sepultados ou, em muitos casos, simplesmente deixados como alimento às hienas, leões e outros animais selvagens que por aí rondavam em procura de alimento
Naquele complexo de morte-ressurreição fica bem nítida a origem supersticiosa e tradição oriunda dos Kongos embora nestes folguedos haja inúmeras variantes de acordo com a improvisação dos intervenientes e detalhes de costumes desses locais tendo em alguns lugares a cobertura parcial da igreja com procissão na companhia de Nossa senhora dos Negros ou da Aparecida. Em Piaçabuçu, uma cidade situada quase na foz do Rio São Francisco, aparece uma onça em frente ao mocambo que é perseguida, depois de dançar aos assobios e latidos de negros que ganem como se fossem cachorros sob a regência da música das tabocas. A perseguição e captura da onça ao som da banda esquenta-mulher, dos cabaçais cujo ritmo e melodia imitam a perseguição de uma onça por cachorros. Tudo muito semelhante às festas dos Kimbos em que entra a figura de um espantalho vivo chamado de Chingange que com guizos e espalhafatosos movimentos de zabumba, leva determinado animal ao curral da paliça.
(Continua...)
Pesquisa bibliográfica: Cadernos de folclore de Théo Brandão no Brasil e José Redinha de Angola – Quilombo
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