FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
"XINGÓ DO VELHO CHICO" . O Angico de Delmiro Gouveia
Por
Um carcará dava voltas por cima do sertão da caatinga, encostas do rio Velho Chico em Xingó, antigo lugar de Pedra e espinhos. Um cacto mandacaru, contrasta no céu, os braços em forma de candelabro parecendo ter sido posto ali para embelezar o quadro. Nesta aridez do Nordeste Brasileiro, o rio São Francisco é o único que mantém o seu leito ao longo do ano; muitas represas retêm-no, mas ainda, é o imperador da caatinga nesta natureza de mata branca “braba”. A 31 de Maio de 1911, Delmiro Gouveia, um homem de visão moderna obteve autorização para utilização da energia hidráulica da cachoeira de Paulo Afonso. Convêm relembrar que tudo começou a 3 de Outubro de 1725 após a concessão de uma sesmaria a Paulo Viveiros Afonso, através de Alvará. A sesmaria medindo três léguas de comprimentos por uma de largura, situada na margem esquerda do rio São Francisco, abrangia as terras alagoanas da cachoeira, conhecida então como “Sumidouro”; já nesse então os portugueses chefiados por Garcia d’Ávila, desbravavam o rio São Francisco facilitando a expansão do território interior pelos pombeiros e sertanejos.
Delmiro Gouveia
A 26 de Maio de 1913, através de mais de 24 quilómetros de canos importados da Alemanha o lugar de Pedras, um deserto de ninguém querer morar, passa a ter água canalizada impulsionada por uma bomba centrifuga de 150 cavalos-vapor, e cinco meses depois é fornecida de energia eléctrica duma pequena usina construída a meio da escarpa, tendo em sua casa de máquinas uma única turbina com 1.500 kW. Aquela usina hidroeléctrica chamada de Angiquinho transformou-se em um potencial de 10.000.000 de kW, levando hoje esperanças e luz aos 40 milhões de nordestinos.
Usina Angiquinho - Rio S. Francisco
Naqueles idos tempos a vida era pintada com jagunços a mando de coronéis, regiões inteiras deslocando-se em paus-de-arara, pescadores deslocando-se em frágeis jangadas de velas quadradas, subindo o rio São Francisco desde Pontal da Barra até Paulo Afonso passando por Piaçabuçu, Penedo, Propriá, Pão de açúcar até Piranhas e Canindé. O visionário empreendedor Delmiro Gouveia, quando chegou a Pedra em 1903, só existiam seis casas residenciais em taipa e a estação da via-férrea. Em Junho de 1914 inaugura a sua fábrica de linhas e, muito rapidamente domina o mercado nacional impondo-se às praças de Argentina, Chilena e Peru com as marcas estrela e barrilejo. Com água nas torneiras, luz em todas as casas, industrias têxteis modernas, escolas para a criançada e estradas de asfalto, aquela terra, revolucionou as mentes e a apatia dos políticos de todo o Brasil, e não só.
Delmiro Gouveia . antiga Pedras
Antes de Delmiro, aquela era mesmo terra de pedra e espinho com macambira rasteira; naquele sertão medonho só se ouviam os roncos da cachoeira e do cangaço. A companhia mercantil fábrica da Pedra com uma produção de 1500 grosas de carretéis de linha por dia foi o primeiro estabelecimento do género a ser implantado na América do Sul; empregava 1000 funcionários entre homens e mulheres residindo em uma vila operária com seis escolas e uma creche, uma inovação nas relações entre patrões e operariado num mundo de absoluto atraso. Informei-me de tudo isto na semana de visita à cidade de Paulo Afonso no ano de 2008. Dos rascunhos olvidados, trago agora à tona essa saga do comerciante e industrial que revolucionou o sertão tornando o velho Chico no rio da integridade brasileira.
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA