“O PRIAPRISMO DO PAIXÃO KIRK DOUGLAS CALUANDA” . 1ª de 4 partes
Por
T´Chingange
Meditando por debaixo de um grande coqueiro na praia dos corsários, atento ao cão que ziguezagueava sem sentido na areia da praia, relembrei uma estória quase maluca que sucedeu numa ilha chamada de Mussulo situada a sul de Luanda, capital de Angola, lá pelo ano de 1962; nesses tempos cacimbados, com os meus dezassete anos e quase terminando o curso de montador electricista, aconteceu que a minha turma foi punida com cinco dias de suspensão. A turma decidiu, vejam só, fazer greve de paralisação porque exigíamos limas novas nas oficinas de mecânica; as que havia, já não tinham ranhuras agrestes para desbastar as peças de trabalho. Nós nem sabíamos que a greve era um atentado ao estado da nação e que lá longe o governo de Lisboa não via com bons olhos esse desaforo anticonstitucional e muito menos aos futuros operários da colónia denominada de Província Ultramarina.
Toda a turma de fato-macaco azul ficara estática em frente ao torno sem fazer qualquer movimento e, vai daí e sem outra saída Mestre Pinho levou o caso à mesa do director que sem peias se decidiu pela suspensão da turma por cinco dias. O director Beirão da Escola industrial de Luanda, se não tomasse uma medida repressiva estaria em maus lençóis com o Secretário da Educação e os demais da escala hierárquica tornando-se um caso periclitante, penso eu. O chefe do levante apanhou doze dias tendo chumbado por faltas; o subchefe apanhou oito dias tendo também chumbado por faltas; dos demais chumbaram dois pelo mesmo motivo. O resto da turma em sua grande maioria decidiu dizer em casa aos respectivos pais e encarregados de educação que iríamos nesses dias em visita de estudo á barragem de kambambe.
Para o efeito, cada qual transmitiu à sua maneira a razão de tal visita tendo para o efeito obtido dos mesmos um dinheiro extra para suprir eventuais gastos. No dia tal dirigimo-nos ao embarcadouro da Corimba com nossas mochilas, merendas, tachos, frigideiras e outros artigos de campismo como tendas, canas de pesca e as coisas de necessidade para candengues crescidos. E, porque já lá vão muitos anos recordo que com a malta da tensão alta estavam o Junça, o Morais, Vilarinho, Aníbal, o perna marota, o mulato da Samba, o Céu mais o Paixão, um colega negro muito estimado e até admirado pela turma pelas suas loucuras excêntricas; havia mais mas, não consigo recordar-me no momento. Paixão que era um kamundongo de condição humilde que residia no bairro Sambizanga, alinhou com o resto da maluqueirada com o beneplácito de todos pela sua camaradagem simples e divertida. O kapossoka, uma traineira promovida a barco de recreio, levou-nos até àquela quase virgem ilha; por ali bivacamos no meio de coqueiros, não muito longe da toalha de água que ritmicamente barulhava com agrado o nosso imaginário de paraíso.
(Ver glossário na última parte)
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA