"O PRIAPRISMO DO KIRK DOUGLAS CALUANDA” . 2ª de 4 partes
Por
T´Chingange
Fizemos uma cacimba com água salobra e com latas de conserva e muita inventação permutávamos vontades fintando a sorte no catravés das sombras silenciosas. De dia adicionava-se o som de cigarras calorentas à sinfonia de rolas, celestes e gaivotas. À noite, lambuzados de liberdade, olhávamos nus as estrelas descobrindo o cruzeiro do sul; alegrias aprisionadas irmãmente divididas entre nós, descortinando um possível UFO, vulgo disco voador mas, só vimos mesmo estrelas candentes. Mais tarde, em pensamentos sombrios, ouvi apitos de navios balouçados no azul do horizonte, botando fumo negro soluçado com apitos graves e longínquos.
Por força das circunstâncias e leis da natureza, cresci camundongo, tal como o Paixão do Sambizanga, ele preto e eu branco na condição de mazombo. De Paixão, eu só sabia que ele tinha uma secreta ligação com Kirk Gouglas, esse tal artista do cinema por quem nutria um grande apego depois de ver o filme “O homem tocha” no cine Colonial no São Paulo, paredes meias com o Bairro Operário, mais conhecido por o BO. Desconformado na alegria, Paixão misturava os tempos, silêncios mal paridos do Sambizanga um misto de valentia lambuzada a sebo de engraxador, pé matacanha, filaria e demais mazelas; de certa forma havia semelhança entre nós e daí tornar-me no T´Chingange. Paixão, saído do kimbo, pulava tal como eu, em projecções de mente com agoiros de olho gordo.
Chocalhando guizos nas kinambas, coçando grosseiramente as matubas carregadas de flor-do-kongo afirmava-se como o maior para ser admirado por todos tal qual o Kirk Douglas do cinema. Enquanto T´Chingange fazia feitiçaria, desviava influências, provocava chuvas, fazendo respeitar-se por feitos temerosos, de Paixão, desde o tempo de monangamba camundongo, só recordo do quanto era alegre nos intervalos das tristezas. Nesse então ainda não se tinha inventado a gozosa da Luua. Lutando com a herança natural, removia bloqueios fingindo ser o que não era para ser respeitado e até admirado. Vai daí naquela manhã com toda a valentia, Paixão trepou àquele coqueiro tombado sobre as águas enquanto o resto da turma o incitava a ir bem ao topo e apanhar coco.
(Ver glossário na última parte)
O Soba T´Chingange
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