FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
OS QUILOMBOS DO BRASIL - 10ª parte
Kimbo
Os homens exibem-se com azagaias e lanças manifestando ódio e raiva e, enquanto o grupo fica formado, o feiticeiro xingange sai do grupo, pulando, olhos esgazeados queimando como chama, parecendo ter perdido a cabeça, como um louco lançando-se ao chão esperneando; desta forma açula a turba incitando-o à refrega, corpo cheio de T´chissângwa de massala, kimbombo de milho, capo-roto ou simples cachaça de cana, tudo zurrapa misturado com alucinogénias verduras e cascas da mata. E, surgem as mulheres formando grupo à parte, agora de seios á mostra com gestos e esgares de efeitos excitantes, eloquente nos gestos e esgares de guerreiros zulu, estimulo para a guerra gingando vitórias antecipadas, bamboleando sensualismo num segue e dá-me dá-me, batendo palmas e cantando coisas de raiva com dor.
Os homens dão continuidade à zumbada com suas azagaias brilhando ao sol, entre colorido arco-íris de penas que oscilam do alto dos seus turbantes; com atitudes selvagens, com as peles com que se cobrem, parecem feras irritadas, de orelhas furadas com machanganas e facas em riste, escudos á frente como em batalha a sério, estancando à voz do branco, vestido de farda branca e botões doirados, o administrador. Sempre cantando, recolhem-se ao redor dum embondeiro confraternizando a batalha ganha em homenagem a Gungunhana. Estavam ali uns bons milhares de negros que feitos guerreiros zulus, até podiam massacrar os poucos brancos fazendeiros, administradores e autoridades do Puto. Mas agora, por agora, as lanças ficaram fincadas no solo barrento.
No regime de poligamia em que vivem, os pretos têm várias mulheres; a primeira mulher é a mulher grande mas têm tantas quanto possam adquirir desde que, as suas rendas permitam pagar o imposto da palhota. Eles ganham dinheiro quase exclusivamente para ter mulheres e isso é que os leva a fazer suas economias. A sua importância na povoação mede-se pelo número de mulheres – manacaes, que possuam. Por outro lado, as mulheres constituem para eles uma dupla riqueza: além de terem filhos que rendem aos pais, elas é que trabalham a terra, de acordo com a organização social do seu povo. Os pretos adoram possuir grandes famílias, pois dessa forma aumentam o seu prestígio. Tantas mulheres como homens julgam-se profundamente infelizes quando não procriam; os homens preferem sobretudo filhas não somente em virtude destas lhe trazerem o lobolo alambamento mas, ainda porque representam o amparo da sua velhice, pois que quando já cansados, elas têm o dever de acolhê-los.
(Continua…)
Referência Bibliográfica: A África Revelada , ensaio de Arnon de Melo.
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA