ASSEMBLEIA DA BULUNGA
KIMBO DO REINO DE MANIKONGO
1 - INTODUÇÃO
Em terras Ultramarinas, num sítio chamado de Vale D´el Rei, reuniram-se em kizomba, nobres, altos dignitários e plebeus dum reino perene. Neste reino de faz-de-conta aonde ninguém morre, reúnem-se vivências ou recordações de peregrina amizade para ratificar objectivos de vida.
-“A malta ganhou a taça, sem ter nada que fazer”.
Neste reino de sonho e fantasia dão-se vivas à vida. O chefe de protocolo ergue o copo com bolunga do puto e apregoa o seu “Béubeu” homenageando-se de pé o ungulo destroçado; é o nobre Conde do Grafanil em acção.
- “Se houver uma revolta no nosso meio, não é preciso tropa para a debelar; o nosso Komando HN e a pópia do Soba darão fim à contenda de sisco.
O kimbo é assim!
- “ Há quem viva neste perfume e dent´routros matos e espinheiras rasgam-se em cacimbados sonhos
2 - A ESTÓRIA- pópia do Soba
Nesta kizomba, relembro o meu tirocínio de Soba em terras do planalto:
- O futuro Soba T´chingange agachado por detrás duma bissapa, via o soba Cunhangâmua. Bebia bulunga, antes da grande caminhada para sul e, eu também ali estava a seu lado como conselheiro real em assuntos de gwetas (brancos); num repentemente, deu-lhe vontade de cuspir. A um primeiro esboço de lançar cuspo, logo um gentio súbdito se acocorou submisso, curvando-se a jeito p´ra receber tamanha cuspidela. Cuspo de soba, com aquela estirpe, não podia ser desperdiçado numa terra feita só de pó. Cheio de honraria, o súbdito de arrecuas balançou a cabeça, umas quantas vezes, em jeito de agradecimento.
Da t´ximpaca soou um som forte, ferindo o silêncio da planura e, bastou o soba Cunhangâmua dizer que aquele boi tinha um bom “berro” para ser anexado aos tributos, que mais atrás seguiam em caravana.
Num repentinamente, restolhando o silêncio, surgiu do mato, um kimbanda agitando um pote de barro preto e, dizendo coisas desconexas, abeirou-se do soba Cunhangâmua; de seguida, ambos se esgueiraram para trás dum muxito denso. O kimbanda, cumprindo o ritual, tinha naquela hora de recolher, a urina do grande soba.
Este espaço de fantasia verdadeira, colidia com a rota que desembocava na paliçada do kimbo maior e, nessa noite de lua cheia, aconteceu assistir à circuncisão dos candengues daquele arraial; crepitava o lume em ondas de cores quentes pelas palhotas quando, de uma delas, trouxeram o rapaz; sentaram-no num cepo e, no meio de inebriante batuque, um N´fumu, auxiliar de kimbanda, com uma “gillete”, (pequena faca) passada pelo lume, cortou o prepúcio do pénis do rapaz. De seguida, com as bochechas cheias de álcool, borrifou para o órgão despelado. O grito mal se notou no meio da algazarra e o toque do t´chingufu.
Aquele seria um guerreiro Bundo p´ra valer.
A bulunga de massambala tinha naquele dia uma mistura especiaL; a urina do soba Cunhangâmua!
Assim se tornariam homens de têmpera nobre.
Tudo foi feito nos verdadeiros conformes, na roda da grande fogueira, batuque, sangria de boi berrante e bulunga.
Ao entardecer deste natural e selvagem quadro de perturbante vivência, tive de beber o sangue daquele tal boi que tinha um bom “berrar”; era o preço da minha submissão como um futuro Soba, homem de mato, branco, feito preto.
3 – A 3ª VISÃO
No contraluz da perdida imensidão, kimbanda o feiticeiro, naquela noite especial, trouxe-me um cafeco de feição N’nhaneca, enfeitada de trancinhas e cortes no rosto com forma de avião.
- Tem cabaço mesmo, dizia ele repetidamente para mim, um estagiário de Soba em tirocínio.
As mulheres surgiram em algazarra, levantando os braços, chocalhando com as quinambas discos de lata, batidos no chão; reluzuindo suor, do peito pendiam couros e, das orelhas escorridas pesadas argolas.
Do Cunhangâmua ao Kuvale fiz tocar a pedra do trovão, nesse tão único lugar mítico. Fiz negaças ao lagarto T´chikukuvanda de cabeça vermelha. Estavam reunidos todos os requesitos para ser um bom Soba.
3 –A AKTA
Esta tradição com modernidade e euforia de neurónios do Soba inteiro, é aqui descrita para justificar a escolha na Komando HN como futuro KIMBANDA do Kimbo.
Substituindo o boi por dois ungulos e outros fluidos, deu-se posse por “DIKROMA” ao súbdito Komando, o alto cargo de KIMBANDA DO ZOMBO, com entrega da chave simbólica da nossa TORRE do Kimbo.
E para constar, lavrou-se este documento a anexar ao dito Dikroma afim de se fazer estória.
Estiveram presentes : - O Soba T´chingange, O Komando HN, Conde do Grafanil, Os dignissimos Jamba e Fuca-fuca, Conde do Maculussu, Visconde do Mussulu, Marquês da Figueira, Cipaio-Mor N´dalatando, M´bika Kaputo, Kamalundu, Comendador dos Vales e o Homen Rico MarKorreio, futuro M´fumo da Manhanga (Por Kognomizar)
“Há quem viva entoando dos batuques a oração, há quem nunca esqueça o chão, os cheiros do coração”.
Glossário
Bissapas - arbustos; Muxito - tufo de mato; N´fumu - chefe, homem de respeito; T´ximpaca - cacimba de água de chuva; Kizomba - festa com álcool; Bulunga - bebida suave fermentada de massambala; T´chingangi - feiticeiro, cobrador de impostos e jurista auxiliar do soba; Kimbanda - médico tribal; Candengue - rapaz; Cafeco – catorzinha, menina virgem; Cabaço - virgindade; Kuvale - zona do sul (Angola); Soba - Chefe tribal de mando quase absoluto; N’haneca - mulher da zona do Cuvelai(Lubango); Manhanga – lugar antigo de Luanda agora conhecido por Maianga
O Soba T´chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
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