AS ESCOLHAS DO KIMBO
ANGOLANOS - SÃO TÃO POBRES, QUE SÓ TÊM DINHEIRO... De Johannesburg
Por Ramos Matias
Os ricos angolanos continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: insegurança e ineficiência. Realidade, triste... que não se adapta só a Angola - Adaptado de um texto de Cristóvam Buarque -- KALIFADO DE PALMELA
Em nenhum outro país do mundo os ricos demonstram mais ostentação que em Angola. Apesar disso, os Angolanos ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, ficando horas engarrafados ao lado dos chapas candongueiros do subúrbio. Às vezes, são assaltados, sequestrados e violentados no trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranquilos enquanto eles não chegam à casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitectos de renome, sendo obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos medievais, dependendo de guardas que se revezam por turnos. Sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam frequentar. Ficam alheios à miséria existente ali por perto. E, isso não lhes tira o apetite. Os restaurantes são fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Após a comezaina, escondidos, tomam o carro à porta, trazido por um manobrista. Não têm o prazer de caminhar pela rua, praceta ou ir a um cinema. Não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou na estrada a caminho de casa; a viagem é um susto durante todo o caminho e, até dentro de casa.
Os ricos Angolanos vivem apavorados. Vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescem. Uma parte considerável do dinheiro que gastam, nada adquirem, pois é usado para evitar perdas. Quando viajam ao exterior, sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Lunda, destruidores da floresta do Maiombe em Cabinda, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de paludismo e de filaria. São ricos empobrecidos na vergonha que sentem aos olhos estrangeiros. Os ricos, na pobreza de visão, ficam sem discernimento de verem a riqueza que há num povo educado. Os novos-ricos mwangolés abandonaram a educação do seu povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que só será deles; contratam trabalhadores de baixa formação, investem em modernos equipamentos sem gente capaz de as manejar; vivem rodeados de compatriotas que não sabem como mudar o mundo, porque simplesmente não se sabem construir.
Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com o dinheiro que seria para levar água e esgoto ao bairro dos “sem nada”. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país que vive no meio da doença. Há um grave quadro de pobreza entre os angolanos e, a maior parte deles não tem o recurso de perceber isso. A pobreza de espírito nos senhores do poder é confrangedoramente elitista. Ao invés de um modelo de desenvolvimento em direcção aos interesses das massas populares passeiam vicissitudes, vaidades, arbitrariedades desmesuradas.
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