FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
Por
: T´Chingange
Foi entre-os-rios Giraúl e Bero que chegaram os primeiros habitantes de Mossâmedes. Após ser dada independência ao Brasil a 7 de Setembro de 1822, pelo príncipe regente do Brasil D. Pedro, uns quantos Portugueses de Pernambuco, descontentes, atravessaram o Atlântico e, seguindo a latitude de 10 º, deram início à colonização do sul de Angola, mais propriamente o deserto do Namibe. Angola nesse tempo, estava entregue a uns quantos funantes; verdadeiramente não havia uma política de verdadeira colonização e para ali eram mandados os deportados a cumprir penas por crimes cometidos na metrópole, o Puto distante. A partir do rio Giraúl era só deserto, não havia gente, uns quantos Kwanhamas, população pouco significativa e, a sul do Kunene não se via alma, daqui o chamar-se “Namíbia” que, em língua Ovambo, quer dizer terra do nada; a verdadeira razão daquela possessão Portuguesa não se estender até à Cidade do Cabo; limitaram-se a espalhar padrões, mas viram que a aridez da costa não permitia nesse então, a fixação de gente.
Eram 171 almas desejando fazer vida pois que, do outro lado do Atlântico, Brasil, viam-se perseguidos por nacionalistas eufóricos com a sua emancipação. A 23 de Maio de 1849 aqueles 171 Luso-brasileiros embarcam na “Tentativa Feliz”e no bridge “Douro” da Marinha Portuguesa chefiados por Bernardino Freire de Figueiredo Castroe, decorridos dois meses de viagem aportam a 4 de Agosto de 1849 em Angra dos Negros, um lugar de N´tumbo (Welwitschia mirabilis).
Aqueles primeiros habitantes idos de Pernambuco, chegados ao Namibe, começaram por viver quase como indígenas, em toscas cabanas de pau a pique e varas do mangue cobertas a capim; ali viviam homens, mulheres e crianças em promiscuidade, comendo quase exclusivamente peixe temperado a óleo de palma, sendo o pão de mandioca fornecido pelos escravos serviçais que tinham as suas lavras nas margens do Giraúl. A maior parte dos colonos idos com Bernardino eram carpinteiros, ferreiros, caixeiros e alguns comerciantes que tudo venderam ao desbarato na precipitação de abandonar o Brasil mas, Bernardino teve o especial cuidado de levar consigo alguns técnicos agrícolas especializados em plantações de cana-de-açúcar e construção de engenhos.
Simão da Luz Soriano, foi o alto funcionário do Concelho Colonial que se interessou pelo requerimento de Bernardino Figueiredo dirigido ao Ministério da Marinha e Ultramar solicitando relatórios sobre Angola e auxílio material, a fornecer pelo Estado, que permitisse o transporte de pessoas e bens desde o Recife até local a escolher, em terras angolanas. Luz Soriano, elaborou um relatório detalhado intitulado "Memória sobre a Angra do Negro", indicando o local apropriado para a fixação daquela saga de gente. E, foi deste modo que se concretizou a fixação dos primeiros habitantes de Mossâmedes, a actual Namibe. É uma lástima que recorrendo às paginas de Internet da cidade do Namibe e Órgãos Oficiais de Angola não dêem qualquer pormenor desta saga humana, um despropósito aberrante que qualquer historiador isento reprovará mesmo que sendo um mwangolé prepotente. E, assim se criou com a descolonização nada exemplar, uma nova diáspora em Portugal: a dos filhos de Mossâmedes. Pelo observado, em quase quarenta anos de Angola independente, jamais os nomes de Bernardino e essa remota gente serão relembrados na cidade que fundaram. A população que o invocava e o respeitava, já lá não se encontra a viver.
(Continua…)
Kandandus
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA