FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“DOS JESUITAS AOS TUBARÕES” . 11
Por
Roeland Emiel Steylaerts
Chegamos a dar vários shows, e também o aniversário dos 40 anos de casamento de meus pais, com direito a tudo, mais missa. A cada Carnaval havia festa em casa, que terminava sempre na piscina. Na mansão havia acontecimentos quase todas as semanas e, sempre bem sucedidos. Eram “vernissages”, exposições, leilões, aniversários, etc. Com a sua piscina grande e as aves arara, uma azul, e duas vermelhas, estava aberto a quase todos. Era em realidade uma típica casa, bem sucedida na ilha de fantasia que se chamava Brasília. Era o começo da cidade, tempo em que tudo dava para ganhar dinheiro. Meu pai, certo dia inventou colocar duas charretes, das quais eu fiz a inauguração na frente da catedral de Brasília, para passeios com turistas. Foi bastante comentada na imprensa de então, só que acabaram por roubar um cavalo, que ele teve que comprar de volta ao ladrão. Alguns comentários maldosos, que criticavam aquela coisa na frente da catedral, levaram o meu pai a desistir. Os “réveillons” eram festejados, com tiros de 44 winchester; bebida não faltava, sendo minha mãe e sua casa reconhecidas pela generosidade.
Eu já tinha construído minha chácara perto de Luziânia, e raramente dormia em casa. Montei o círculo “Mercator”, clube dos Belgas no Brasil, em uma dependência da embaixada acabando por ser o presidente do mesmo. Fizemos várias exposições de artistas entre outras actividades e, até se fizeram excursões dentro do Brasil. Nessa ocasião tive que intervir no sumiço trágico, seguido de morte das meninas Julie e Melissa, na Bélgica pela qual juntei a imprensa na embaixada; isso foi amplamente anunciado em mais de 200 jornais, sendo na maioria, canais da televisão do Brasil. Fazia duas ou três festas por semana, quase sempre com as mesmas pessoas, e logicamente os mesmos papos vazios. Sem novidade de maior sentia-me entediado. Foi quando resolvemos ir para Alagoas que fiquei sabendo que tinha chegado uma condecoração para mim, só que o embaixador novo que acabava de chegar, estranhamente mandou avisar que nos primeiros seis meses de seu novo posto não queria ver nenhum Belga. Ainda hoje estou para entender esta parva decisão e sem algum sentido lógico e prático.
Eu iria embora em dois meses; anteriormente nós tínhamo-nos visto, com a chegada da equipe de tiro internacional na embaixada que eu fui receber, tendo ele depois, dado uma pequena recepção. Realmente, deu para notar que não existia empatia entre nós. Para mim, um embaixador é uma pessoa como qualquer outra, e não me sentia obrigado a adular, ou ficar submisso e, ele sentiu isto; os tais seis meses, em realidade, eram expressamente parta mim. Como sou polémico, e detesto a Bélgica, considero-me oficialmente o anti-belga numero um do país, e tendo recebida a nacionalidade Brasileira, resolvi escrever um ofício ao embaixador Franz Michels, com cópia para a Bélgica. Falei da condecoração, do fato de ele embaixador não querer falar com “seu” povo, e pedi para perder a nacionalidade Belga, que tanto detestava por sua mesquinharia, como ele aliás mais uma vez provava. Falei que viajaria logo para Alagoas, e que ele, mandasse a tal condecoração de volta à Bélgica.
(Continua...)
Piaçabuçu: Cidade situada na foz do São Francisco. Brasil
Nota: Esta é a estória vulgar de um emigrante Belga fugido da guerra que se aventurou em terra estranha do outro lado do Oceano. Os tempos mudaram, as agruras são outras mas a vida é assim mesmo, um rodopio de acontecimentos com carrapatos que parecendo nada, mudam o rumo.
Compilado com correcções ortográficas e arranjo ao texto original por
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