PONTO DE VISTA – na “quentura do círculo"
O ESTUPOR NO PELOURINHO
Por
Alice Brito - Licenciada em Direito, exerce advocacia, colaborando também em diversos periódicos da região de Setúbal.
Havia dantes no coração das vilas umas colunas de pedra que tinham o nome de pelourinhos. Aí eram expostos os sentenciados que a seguir eram punidos com vergastadas proporcionais à gravidade do seu crime. Era aí que eu te punha, meu glutão. Terias, pois, de suportar o olhar daqueles a quem prometeste o paraíso a prestações e a quem depois serviste o inferno a pronto pagamento. Daqueles que hoje vivem na rua. Dizes com a maior lata que vivemos acima das nossas possibilidades. Mas não falas dos juros que cobraste. Exibia-te para que fosses visto pelas pessoas que ficaram sem casa e a entregaram ao teu banco. Terias de suportar o seu olhar, sendo que o chicote dos olhos é bem mais possante que a vergasta. Olha, meu estupor, sabes o que acontece às casas que as pessoas te entregam? Sabes, pois? São vendidas por tuta-e-meia, o que quer dizer que na maior parte dos casos, o pessoal apesar de te ter dado a casa fica também com a dívida. Os teus lucros vêm de crimes sucessivos: Furtos, Roubos, Gamanços, Comissões de manutenção, Juros moratórios, Juros compensatórios, arredondamentos, spreads e mais juros de todas as cores. Os juros aumentavam ou diminuíam conforme era decidido por criaturas que a gente nem conhece. Os bancos eram só facilidades. Concediam empréstimos a toda a gente. Um carnaval completo, obsessivo, até davam prendas, pagavam viagens, ofereciam móveis. Sabiam bem o que faziam.
Vens de uma família que se manteve gloriosamente ricalhaça à custa de alianças com outros da mesma laia. Viveram sempre patrocinados pelo estado, fosse ele ditadura ou democracia. O estado, aquela coisa que tu dizes que não deve intervir na economia, têm-vos dado a mão todos os dias façam vocês o que fizerem. Discursas sem pejo sobre a crise de que a cambada a que pertences é a principal responsável. Agora… vens agora com aquela dos sem-abrigo. Também houve sobreviventes em Auschwitz, meu nazi. É isso que tu queres? Transformar este país num gigantesco campo de concentração? Dizes isto no dia em que anuncias 249 milhões de lucros para o teu banco. Por tudo isto, te punha no pelourinho. Só para seres visto pelos milhares que ficaram sem casa. Só um caldo de vez em quando. És hoje um dos czares da finança. Vives na maior, cercado pelos sebosos Rasputines governamentais.
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