FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
“DOS JESUITAS AOS TUBARÕES” . 15
Por
Roeland Emiel Steylaerts
VIDA DE CHÁCARA
Vivi uma vida gostosa, plena de glamour; era rara a noite que eu ficava sozinho, pois sempre tinha companhia. Quando precisavam de mim em caso de acidentes, estava presente; muita coisa aconteceu numa vida plena, do jeito que eu gostava! Um dia vindo de Brasília rumo á chácara, na pista sem luz e sem movimento, vejo uma mancha grande de óleo; alguma coisa me dizia que havia ali algo errado. Meu filho tinha ido de moto uma hora antes, e eu estava ansioso. Desci do carro com uma lanterna de pilha fraca, daquelas que se tem de ficar batendo para se manter acesa. Vi do lado do asfalto um pacote com carne que alguém tinha deixado cair. Cheguei perto, e virei o pacote, e para meu espanto... aparece uma mão humana com um anel de ouro no dedo. Gelei...sozinho no mato, sem nenhum carro passando. Tratava-se de um tórax humano. Ao longe vi um carro a quem eu fiz sinal para parar. Era um táxi. Pedi para avisar a Policia Rodoviária, pois tinha um tórax humano na pista. O motorista nem desceu do carro e foi embora, pois o Posto da Policia rodoviário estava a poucos quilómetros.
Por instinto atravessei a pista, com minha lanterna mixuruca, depois de andar uns 20 metros achei uma perna, sem pelo, pois a pele estava esticada que nem num arco. Era de um homem escuro... perna feia e curta; fiz mais uns metros, e outra perna. Chegou outro carro devagar, era a Policia Rodoviária, mas sem ligar a luz vermelha dela, para não avisar. Expliquei o que tinha achado; só faltava a barriga e a cabeça. A seguir parou um carro, e mais outro. Uma mulher mais valente falou “vamos procurar a cabeça”. Abri a camisa do tórax, quando notei um olho, depois outro... um nariz achatado. A cabeça tinha entrado no tórax. A mulher valentona, parou na hora, vomitou e foi embora. Tudo indicava ser o cadáver de uma pessoa atropelado por um carro de carroçaria baixa, que se pôs em fuga e, provavelmente com a baixa barriga presa no chassis. Deixei meus dados à polícia, e fui para a Churrascaria “Boi na Brasa” comer um bom churrasco, e umas taças de vinho. Bebo toda noite, para poder dormir. Se não for assim, não durmo.
Chegou o momento de vender a chácara; isto foi logo depois do meu sequestro. Achei finalmente um comprador, um casal de psicólogos, que iria abrir uma clínica de repouso ali. Vendi barato e fui viajar para o Ceará. Um ano depois fiquei sabendo que o homem, se separou da mulher, morrendo em seguida com SIDA; um seu colega estava também, morrendo no hospital. Sua irmã que trabalhava com pedras preciosas na galeria do Venâncio em Brasília, tinha sumido sendo já, considerada assassinada. Seu corpo nunca apareceu. A chácara estava abandonada, e ninguém reclamava de nada... Fui visitar a chácara, que foi toda roubada. Tiraram o forro, os tapetes, torneiras e tudo que dava para tirar. Morava ali um policial que a invadiu, e me mostrava a casa, ou melhor o que sobrou dela. Na casa do caseiro outra invasão, tudo destruído; antena tinha cedida, e estava no chão. A História da chácara acaba aqui...
(Continua...)
Piaçabuçu: Cidade situada na foz do Rio São Francisco - Brasil
Nota: Esta é a estória vulgar de um emigrante Belga fugido da guerra e que se aventurou em terra estranha do outro lado do Oceano. Os tempos mudaram, as agruras são outras mas a vida é assim mesmo, um rodopio de acontecimentos com carrapatos que parecendo nada, mudam o rumo.
Compilado com correcções ortográficas e arranjo ao texto original por
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