EM TERRAS DO SUMBE. Tempo de Macutas
Verdade ficcionada
Por
T´Chingange
Como secretário de fazenda de João de Câmara da Capitania-Geral do Reino de Angola a minha actividade estava a ficar demasiado intensa; o capataz José Nanquituka dava-me grande ajuda mas o tempo a passar fazia dele um já mais-melho pelo que tive de recorrer ao irmão Francisco Kaputo da Silva, um auxiliar missionário a fim de lhe dar ajuda na permuta de produtos trazidos pelos pombeiros; compra, armazenagem e revenda de milho, óleo de palma e mandioca. A pesca, estava a ser um sucesso e a azáfama da venda de fardos de peixe seco para os comerciantes do mato era proveitosa à fazenda pública.
Os panos de ráfia coloridos eram cada vez mais solicitados pelas gentes vindas do Huambo. As makutas pouco a pouco iam substituindo as permutas, os libongos e os cundis tão do uso das gentes do Kwanza na troca de sal da Quiçama, palma e t´chissângwa. As missangas e conchas tão do uso dos M´bundu eram cada vez mais usadas como adornos pessoais, uma marca de estatuto social. A obra missionária já se fazia sentir na conduta de todo este pessoal que transformava as libatas em taipa com cuidados acrescidos nas n´hakas aonde se ocupava o mulherio ora cantando ora fumando tranças de tabaco com o lume dentro da boca.
Trazia dentro de mim uma urgência que me queimava como fogo fazendo girar a cabeça de expectativa misteriosa; fumar daquela maneira transtornava o meu entendimento mas, nada dizia nem perguntava. Costumes, são coisa que nem sempre se entendem e aquele, por bizarro não era dos piores. Eu ficava em expectativa vendo as mulheres com seus candengues seguros em libongos atados ao redor da cintura enquanto fumavam e sachavam a terra húmida. Da varanda grande e no topo da colina do Sumbe podia apreciar a vida que se agigantava ao redor do armazém anexo à fazenda de onde vinham cheiros intensos. E, eis que, engalanado com bandeiras, panos e guarda-sóis coloridos, em ambiente de grande excitação e alegria vindo de Quilengues, surge um branco albino que parecia um demónio, cabelos sujos e espetados como capim velho. Vinha buscar barricas de aguardente e rolos de tabaco.
(Ver glossário no final)
(Continua…)
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