DESANOITECI EM ZANZIBAR - XII
Verdade ficcionada
Por
T´Chingange
Decorreram três meses e, a meu pedido, Mustafá Joshua Naili veio visitar-me. Fui recebê-lo ao cais, fim de tarde e, lentamente viemos até à casa grande trocando lisuras diplomáticas; foi na ampla varanda de sempre que Charllôtte nos serviu os saborosos chás de menta e caxinde com uns biscoitos de sementes variadas envoltas em cacau aveludado. E, falamos longamente sobre os valores da roça Boyoma, um estica-encolhe, conforme mandam as regras de comércio muçulmano na busca do preço justo para um e farto para o comprador; não se pode brincar neste ajuizamento de valores monetários porque os códigos de honra dum mustafá não podem ser lançados ao vento. E, lá consumamos o negócio.
A venda da roça só foi consumada após ter recebido um recado vindo de Lândana da parte dum senhor chamado Tiaba da Costa, um natural do Massabi que naquela altura era muito próximo aos portugueses. Capitão de 2ª Linha, estava equipado com armamento e homens trazidos de angola para combater o Rei do Dinge, Mue Nyema. Tiaba da Costa, promovido a representante dos assuntos de Portugal solicitou-me apoio na gestão do território em assuntos agrícolas. N´Zau Tati Bumelambuto já tinha dado referências minhas a seus patrícios e agora, só me restava trespassar a roça ao Mustafá. Comigo, iriam Charllôtte a mucamba servil e N´Zau Tati Bumelambuto, em verdade, o grande promotor desta operação.
A idade, cada vez mais, na palidez do tempo, ia ficando indiferente ao olhar de tudo aquilo adquirido com esforço; por outro lado era já sabedor que o mundo tinha um profundo desprezo por aqueles que já não esperavam nada dos outros, nem de si próprios. Era a altura certa para curtir os anos de velhice, repotrear-me na beira-mar, encharcar-me de iodo matinal e entumecer-me com vinho virgem do puto, ou espumante francês acompanhado com leitão no forno; falar coisas só por falar com os amigos, coisas bestialógicas, indiferente às porcarias do mundo. Como superintendente de Portugal nos assuntos agrícolas e madeireiro de Cabinda, teria tempo avondo para deitar conversa fora.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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