DOIS DEDOS DE PALESTRA . Tempos de pagode . III
Por
T´Chingange
Xicululu: - Olhar de esguelha, mau-olhado, olho gordo, cobiça
Meu avô Loureiro aprendeu a tocar violão com um madraço forrozeiro de nome Géninho. Comprou um violão em segunda mão e levava as horas vagas praticando os ritmos quentes; cada dia dedilhava melhor seu instrumento e, neste meu sonho hipnótico crepuscular ele já dominava o meio do pagode cantando modinhas como um qualquer brasileiro daquele abarracado de mukifos de bairro subindo para o morro e na forma de favela. Mariquinhas, sua donzela de horas extras surgia inesperadamente e, a cada verso que vinha de meu avô, da boca da mulata era um arrulhar choroso de pomba com cio. António Loureiro, bêbado de volúpia enroscava-se todo em seu violão, ganindo, guinchando, miando; ele e violão gemiam ao mesmo gosto com todas as vozes de bichos sensuais penetrando o tutano como finíssimas línguas de cobra.
No meio desta calaçaria eis que surge Dona Constância mãe de Mariquinhas chispando diabos, cobras e lagartos para cima do gaiteiro Loureiro, sua Mariquinhas estava prenha e, isso não podia ficar só assim. Após este embate o “Louro” Loureiro suavizou a gorda senhora e, nos dias que se seguiram, meteu o pau na vida umbigando-se entre quatro paredes dum despintado sobradinho. Loureiro que passou a ser conhecido por Louro Galego passou a ser muito solicitado nas muitas festas dançantes, nesta actividade de pagode ganhava uns cobres extras. Com ele, o samba, o bolero e valsas, não tomavam fôlego; a música, noite adentro, quadrilhas juninas, moças madraços e meninas dançando com muito riso.
Louro Galego, todo ele estava um mestre de calaçaria, lascado de perdido nas noitadas de forró. Meu avô, de homem bem apessoado, foi-se transfigurando num galeto em vinha d´alhos, chupado de alento, tanto apego a tanto forró. Um dia e em surdina, comprou um bilhete no transatlântico Alcântara da Royal mail Line largando tudo só com a roupa do corpo fugindo franzino e pesaroso; com lágrimas salpicando-lhe as rugas fugia tísico largando a Deus suas duas filhas para tentar salvar-se nos ares puros de entre a encosta da serra da Estrela e Caramulo. Ao falar de Coisas próprias torno-me mais verdadeiro; uma estória como tantas que não acaba ainda porque, o mundo gira à margem destas vulgaridades.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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