DESANOITECI EM ZANZIBAR - XIII
Verdade ficcionada
Por
T´Chingange
Ponto assente, ia vender a roça Boyoma a Mustafá Joshua Naili e, logo que possível desceria o rio Lualaba usando sua rede de barcaças dispostas nos vários rios até chegar a Matadi; teríamos pela frente vários rápidos e quedas de água até chegar às cataratas Yelaba. Entre Kisangani e Kinshasa a navegação seria tranquila e em Matadi far-se-ia o transbordo final para a saída ao atlântico. Levaria comigo alguns troféus de caça, dentes de marfim, várias armas, um lote de sementes de várias espécimes vegetais e uma carga de cacau a ser vendida em Lândana. Agora, tudo o mais que se lixe! Ora pois! Mais vale um gosto realizado que quatro vinténs no bolso. Dito isto cantarolei um verso de despedida:
Ó terra do desespero
Que nem eu sei compreender
Levem-me deste desterro
Chega já de padecer
Com este fadinho harmoniosamente nostálgico doidejava-me ao ar como se alguém me fustigasse o corpo com urtigas bravas. A separação dos meus mais directos colaboradores foi de alguma comoção mas kimbanda Good Lukuga, o feitor geral Kabila Kasavubu e mustafá T´shiluba mostraram compostura com suas lágrimas sentidas; assim sucedeu o último abraço a tão bons colaboradores. Decorridos uns oito dias estávamos em Matadi. Em língua Kikongo Matadi significa “pedra” pois foi construída empinada nas colinas pedregosas. É aqui que se situam as covas e penedos aonde o navegador português Diogo Cão em 1485 deixou marcas a justificar a sua passagem por ali.
Já à algum tempo que em torno do meu corpo esvoaçavam desejos assanhados acordando-me as fibras embevecidas pela saudade do mar; E aquela imagem de mulata Nely Duvalier de Mji Mkongwe da ilha de Zanzibar, nesta longa viagem balouçada surgia feita gemidos de prazer zumbindo-me fosforescências afrodisíacas. O calor vermelho das margens com a zoada da fechada mata, entorpeciam-me numa desconhecida embriagues. Entretanto entre mim e N´Zau Tati, cresciam conhecimentos novos e trocávamos impressões quanto ao futuro de África. O tratado de Simulambuco tinha sucedido há dois anos e revíamos com alguns pormenores deste tratado associado ao de Berlim lá na Europa. Não conseguíamos compreender o porquê de a Bélgica ser contemplada com tão grande imensidão. Os lóbis do mando estavam a menosprezar os feitos de Portugal e isso preenchia a maior parte da nossa conversa.
(Continua…)
O Soba T´Chingange
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