TEMPOS PARA ESQUECER – 29.08.2016 - ANGOLA DA LUUA XVII
NA GUERRA DO TUNDAMUNJILA… Nesta lengalenga de lembrarmos coisas mortas, cada homem é um mundo - Do M´Puto não vinham bons ventos para Angola.
Por
(…) Angola…. Melhor mesmo era ficar expectante, fazer caixotes, meter alguns trastes, fotos amarelecidas e esquecer aquela terra porque afinal, não era nossa e, sem direitos adquiridos! Entretanto eram roubados canhões no Grafanil, que foram direitinhos para os Comités populares do MPLA, coisa pouca! Nada de inquéritos! “Há coisas que não convêm serem tornadas públicas” dizia um oficial português. E, tudo ficava por aqui.
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Os militares que regressavam a Portugal faziam negócio com coisas que lhes eram cedidas para salvar do pandemónio, patrícios da terra longínqua do M´Puto que pagavam estes favores por baixo das lonas, mas um ou ouro também levava umas folhas de liamba, uma pedras brilhantes do Cafumfo, artesanato dos Quiocos, peças da sacristia cedidas pelo irmão do mato, enfim!
Mas situações houve em que militares portugueses acompanhavam os militares do MPLA a saquear casas de brancos fujões, desalojados ou refugiados! Fizeram-no usando carros militares, a descoberto e sem a preocupação de se justificarem com quem quer que fosse. Era até perigoso perguntar! Que estão vocês a fazer? Ninguém tinha sossego nos pensametos. Esta verdade vai parecer mentira para muitos que agora lêem mas, há relatos com vídeos; e, surgem agora depois de mais de quarenta anos e, porque as vidas têm fases sem acréscimos, de sem valor acrescentado.
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O Óbito do acordo do Alvor estava consumado. As FAP e a CCPA já eram pedras fora do baralho! Eles nem sabiam lidar com a mentalidade do negro africano que em sua cultura ancestral não via o roubo da forma dum ocidental branco. Tudo que está ao nosso redor nos pertencem! Era este o ADN biológico de Agostinho neto! Os Kwanhamas até eram enaltecidos por suas tarefas de roubo e um candidato a casar se não era um bom capianguista não era um suficiente homem para aquela donzela mais extremosa. Isso faz parte da cultura Banto!
Ao PREC – Processo de Revolução em Curso de cariz revolucionário, qualquer actividade era legítima; foi-o e de forma nítida no seu órgão superior de CR – Concelho da Revolução que dava ordens ao MFA. No relatório da CCPA de 19 de Abril de 1975, era escrito que se deveria impedira FNLA e, a todo o custo de chegar ao poder. Sentia-se aqui a mão de Rosa Coutinho que tinha andado de gaiola a passear nuo no Zaire quando tinha sido aprisionado pelos militares de Holdem Roberto.
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No M´Puto, as diligências do Presidente Costa Gomes, revelar-se-iam desnecessárias, pois Carlucci era um homem muito elaborado e, mais latino do que americano. Sabendo dos desentendimentos de Otelo com o PCP, esfrega as mãos de contente, decidindo tomar a iniciativa. Procura o comandante do COPCOM e, os dois homens lá se entendem nas falas.
Carlucci, o americano italiano, troca as voltas ao brigadeiro tornando-o colaborante. "Carlucci entendeu logo a situação político-militar em Portugal. Daí achar que Otelo e a extrema-esquerda eram dois preciosos aliados na sua táctica para bater as forças ligadas ao PCP". É o capitão Sousa e Castro, que o diria mais tarde e, que viria a ser porta-voz do Conselho da Revolução.
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Revelando mestria, o embaixador promove pontes de entendimento "entre os oficiais moderados do MFA e as altas patentes americanas." É por esta via que, logo a seguir ao 25 de Novembro de 1975, Ramalho Eanes se tornará grande amigo do general Alexander Haig, comandante chefe da Nato na Europa. "Frank Carlucci era um homem fascinante", diz Sousa e Castro.
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Mas, Portugal estava em queda para ser tomado pela esquerda. O Embaixador vendo isto não tardou a encontrar-se com Costa Gomes sem que se possa afirmar qual o motivo do encontro, depreende-se que não foi ocasional. Da reunião não transpira nada, mas os EUA exibem na altura parte do seu poderio militar, avisam Portugal que deve ter "juizinho". Estão agora em águas nacionais 32 barcos de guerra norte-americanos, onze mil soldados e marinheiros, dos quais cinco mil são "marines", tropas de elite vocacionadas para o desembarque. Mais que previsível, à volta da operação naval da Nato pronta a explodir o folclore do cravo vermelho na lapela.
Na sequência do acordo de Alvor, o Expresso anuncia a composição do Governo de Transição de Angola, de que Vieira de Almeida faz parte, com a pasta da Economia que disse: - "Quando cheguei a Luanda, apercebi-me de divisões profundas entre os militares membros da Comissão Coordenadora do MFA em Angola. "Tal como cá (M´Puto), continuava a existir o mesmo fenómeno: os que se batiam sinceramente pela transformação da sociedade, preocupados em saber como descolonizar; os cobardes; os idealistas; os elementos mais reaccionários; os oportunistas". Uma mixórdia.
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Portugal está agora em chamas, vive em crise de sanidade. Em Coimbra, os alunos fazem greve, reivindicam o fim dos exames de aptidão à universidade. Os bancários reclamam junto do Governo a nacionalização da banca. O desemprego atinge 200 mil portugueses. Com tudo isto a acontecer, Álvaro Cunhal e o PCP defende medidas urgentes para ultrapassar "a grave situação económica e financeira".
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A missão dos ministros em Angola é suicida, o clima continua a ser revolucionário. Tal como no Continente, também ali há falta de realismo. "Bom dia meus senhores! Pastas debaixo da mesa, mãos em cima da mesa!". É assim que Vieira de Almeida dá início às suas intervenções no Governo de Luanda, que integra representantes do MPLA, da UNITA e da FNLA. O ambiente é pesado. Cada um dos ministros angolanos faz-se sempre acompanhar de três guarda-costas de metralhadora em riste.
Vieira de Almeida evoca a Luanda daqueles tempos. A atmosfera chega a ser lúgubre: nas ruas assassinam-se pessoas dentro de barris de ácido sulfúrico; Agostinho Neto anuncia a nacionalização do Comércio Externo; durante uma reunião do Governo de Transição, destinada a discutir o Orçamento Geral, um ministro do FNLA reclama o "bago", o “kumbú” a “Gasosa”, ou seja… quer o dinheiro na mão.
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Uma esquadra da Nato lança âncora no Tejo. Uma reunião de delegados dos trabalhadores apela a uma manifestação anti Nato para daí a cinco dias. As forças armadas incorporam-se na "manif". Operários e outros trabalhadores estão nas ruas para se baterem contra os americanos e o desemprego. O Governo declara que se opõe aos desfiles, exerce a sua autoridade. Qual o resultado? Com a expressão do rosto carregada, Vasco Gonçalves em imagens televisivas tem os braços cruzados, faz cara de zangado.
A reforma agrária no M´Puto estava em marcha, mas não era ainda oficial. O PCP promove uma reunião de Trabalhadores, em Évora. A adesão é impressionante, cerca de 40 mil camponeses juntam-se para discutir os modelos de exploração agrícola. Exigem a "liquidação dos latifúndios", a "reforma agrária imediata". Álvaro Cunhal está presente, despe a capa moderada de ministro Sem Pasta. Tem a palavra. Sobe à tribuna e, do alto do seu prestígio de combatente anti-fascista, diz: "A reforma agrária não será imediata, mas não demorará muito".
Do M´Puto não vinham bons ventos para Angola.
(Continua…)
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