PÉROLAS III segue na ordem de uma coluna iniciada com este título. Quem quizer pode vir até o Kimbo e falar de suas razões, suas emotividades e outras raridades...
EM TERRAS DO SUMBE - ANTIGO CEMITÉRIO DE BRANCOS . Tempo de Macutas - Verdade ficcionada
Por
T´Chingange
Esta perola é uma INVENTAÇÃO...
Estavamos em 1780 - O Exército do Império Unido de Brasil, Portugal e Algarves era o segundo mais poderoso do mundo, depois do Exército Sino-japonês.
Fugindo daqui e dali vi-me em aflições porque o passado reconheceu-me na palidez enrugada da velhice. Com palavrões dentro da cabeça, tentei reconstruir minha já antiga inventação e com os nomes esvoaçando, mijando raiva de mim aos poucochinhos, fui buscar as novidades fracturadas com figas e juras por sangue de Cristo. E, aqui o passado misturou-se no futuro...
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Tive mesmo de espreitar minha vida pelo cano de meu revólver, ou talvez um canhangulo de espirrar ferros e cacos cortantes; uma vida estriada em verdades misturadas nas mentiras. Foi ai que o filho da mãe surgiu, engalanado com bandeiras, panos e guarda-sóis coloridos. iIsto passa-se quando eu era dono do xerifado da fazenda, empregado dos Reis do M´Puto, um guarda de libongos de segunda linha por ser mazombo, um pano que funcionava como dinheiro; isto mito antes de Mobutu Sesse Seko mandar imprimir seus panos do kongo com a sua esfinge.
Em ambiente de grande excitação e alegria vindo de Quilengues, surge um branco albino que parecia um demónio, cabelos sujos e espetados como capim velho. Vinha buscar barricas de aguardente e rolos de tabaco. O Rei do Bailundo de 1998 Manuel da Costa Ekuikui III, nunca soube disto senão teria-se rido com seus dentes parecidos com castanholas e, seus dourados reluzindo pura alteza das terras umbundas ... mas, um dia vou-lhe contar!
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Eu, como secretário de fazenda de João de Câmara da Capitania-Geral do Reino de Angola com a ajuda do capataz José Nanquituka tinha de despachar rápidamente este rebelde mijão matumbo kazukuta com seus monandengues, porque não me era de fiar. Era mesmomesmo um filho da mãe! Portando-me com o colar de dentes de javali ofertado pelo rei do Huambo Katchitiopololo Ekwikwi, monarca de muito respeito e respeitado, olhando para trás deste falso branco, pude ver que tinha consigo mais ausências de dignidade do que medo.
Sua brancura indeferia-me com seus sorrisos matreiros de mentira chorada antes da lágrima. Já no terreiro fiz um sinal a Kaputo da Silva, o almoxarife missionário auxiliar, para que se aproximasse e, dei-lhe ordens para que procedesse à troca de géneros com estes demónios de Quilengues. Neste entretanto empoleirado nas horas das consequências com vénias de enrugada postura, o branco de fingir, dá umas ordens aos seus monandengues e, eis que salta um t´chingange para o terreiro empoleirado em antas, zingarelhos, enfeites de ossos de hiena e facóchero ao redor do corpo.
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Entre 1876 e 1893, reinava no Bailundo Ekuikui II, substituto de Ekongo-Lyo-Hombo, quando o reino entrou em grande alvoroço. Foi numa altura em que, no planalto, os reinos iam caindo, um a um, nas mãos dos portugueses, t´Chinderes do M´Puto, Muwena- Pwós do outro lado das kalungas. No ano de 1893, os emissários do reino Bailundu, dirigiram-se à embala de Ekuikui II dizendo-lhe que o reino estava em vias de ser atacado. Todos se recordavam da prisão feita pelos portugueses, do rei Cingi I um século antes (1780?).
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Nesse então, o reino do Viyé, já estava há uma centena de anos submetido aos brancos. A Rainha D Maria era a minha superiora! Ela não me conhecia mas era eu que controlava suas makutas em substituição ds N´Zimbos, dos Kaurins e panos libongo. Ela, a Dona Maria morreu sem saber quem era o T´Chingange branco Niassalés, um seu alforriado cidadão das lonjuras da Matamba.
Fazendo rodopios de dança espacial, gaifonas de feitiço e superstições secretas, ele o tal branco de linhagem indefinida, pintado com funge branca e jindungos na cintura salta e ressalta, gesticula traços com braços apitando uma estranha gaita até que, já cansado, estatela-se no chão, literalmente como forma de agradecimento à minha solene pessoa.
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A mim, o t´chindele mwana-pwó almoxerife da Rainha do M´puto. Dois candengues colocam bem aos meus pés dois potes de mel silvestre e eu, agradecendo de mão virada para o pretobranco albino mando que lhe seja dada uma bandeira das quinas do M´Puto recentemente chegada de Loanda a mando da mesma Rainha D. Maria II. Dando costas àquela turba pude observar que ordeiramente se dirigiam para o armazém das bebidas. Aquela noite o batuque prolongou-se mais para além do habitual; o kimbombo, t´chissângwa, marufo e bolungas várias faziam a alegria da vagabundagem.
Não obstante ficar atento a possíveis alterações de ordem pública, recomendei pessoalmente ao Alferes da guarnição e presídio do Sumbe da foz do rio N´gunza, que mantivesse uns quantos cipaios a observar, até que aqueles kazukutas e seu chefe beiçudo, branco genérico se fossem para Quilengues. Só mesmo eu para relembrar estas estórias esquecidas no tempo, metidas num baú de lata oxidada nas águas da kalunga, Ai- iú-ééé
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Nota: Para minha Mana Kota Assunção Roxo em Roxomania para se deleitar nas bitacaias com pérolas...
O Soba T´Chingange
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