Continuo a ler o Fado Alexandrino de Lobo Antunes. Ando á uim ano a ler esta compacta escrita; como um desafio insisto na leitura relembrando as bissapas da guerra, a curva da morte, o abrigo do medo, o jogo da sueca e muitas asneiras como é comum entre muros de quarteis, a picada, a sanzala. Estou a levar tanto tempo a lêr que me aproximo dos dois anos que levou a escrever-lo. Só me faltam cento e trinta e sete páginas; a festa do regimento está longa mas vale a pena peneirar os textos e retirar os muitos quadros com detalhes que só Lobo Antunes consegue descrever, as angustias e os pedaços de trapos entalados na valeta. Aqui vai um pedaço das seiscentas e sete folhas:
“ ...Vai amanhecer não tarda nada, pensou o soldado, não tarda nada é dia. O preto telefonou do escritório em incompreensiveis guinchos veementes, a dali um par de horas uma incontestável mulitdão de escarumbas espalhafatosamente andrajosos desembarcou aos borbotões de uma camioneta ainda mais decrépita do que a nossa, rindo, acotovelando-se, conversando aos uivos numa língua colorida, sumiram-se vorazmente nas sombras do armazém à maneira de formigas operosas no capim, somaram um restolhar de murmúrios, sapatilhas e assobios ao restolhar habitual dos ratos, as cômodas carunchosas gemiam e agitavam-se como pos arbustos da mata, a fumegante tipidez de Moçambique apertavava-nos o pescoço com os dedos molhados, um ventinho de trovoada soprava da ferrugenta colina da camioneta lá embaixo, Vão disparar sobre nós, pensei eu a tremer, de cócoras no abrigo da secretária do escritório, vão matar-nos aos dois, ó sócio: faíscas de morteiros, bazucas, exclamações, tiros, protestos. O mundo, alheado, avançava pedras no tabuleiro das damas e o peito, ferido por uma primavera de granadas,...”
Porque sei o que é a guerra e o quanto se desprende ao longo do tempo como farrapos voláteis, não resisti a passar este pequeno quadro sem moldura num bairro degradado de Lisboa. Aqui também há musseques.
O Soba T´Chingange
RECORDAÇÔES ANGOLA
fogareiro da catumbela
aerograma
NAÇÃO OVIBUNDU
ANGOLA - OS MEUS PONTOS DE VISTA
NGOLA KIMBO
KIMANGOLA
ANGOLA - BRASIL
KITANDA
ANGOLA MEDUSAS
morrodamaianga
NOTICIAS ANGOLA (Tempo Real)
PÁGINA UM
PULULU
BIMBE
COMPILAÇÃO DE FOTOS
MOÇAMBIQUE
MUKANDAS DO MONTE ESTORIL
À MARGEM
PENSAR E FALAR ANGOLA