FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
2º encontro com JANUÁRIO PIETER . 2ª Parte
Eu, não andava na peugada de qualquer assombração mas, por coincidência aqueles caminhos de destino a Compostela, era o meu rumo até chegar a Burgos. Com algumas paragens intercalares seguia a rota de “Saint Jacques de Compostelle”.
Pensei que podia convidar Pietar a seguir viagem comigo mas, decidi nada dizer ao velho kota porque ele, era ainda um mistério não totalmente decifrado.
Ali, naquele café Rivoli estivemos admirando entre conversa pegajosa o vai-vem de gente que se deslocava para a praça da Concórdia ou na direcção inversa de Notre-Dame.
Aquele dia era uma 5ª feira, nove de Julho e, quando me despedi do velho patrício kamundongo Pieter, disse-me que lá para o dia quinze, talvez estivesse em Burgos; ficaria em Miraflores ouvindo o repicar do convento dos monges aonde estavam as relíquias dos Reis católicos de Espanha, o rei Dom Juan II, La Reina Isabel de Portugal sua mulher, e também o irmão desta, o Infante Alfonso, todos amortalhados numas caixas de mármore octogonais, ricamente ornamentadas.
-Mas, porquê ir ao “Monte Cartuja” a ver esses caixões?...perguntei.
-Vou ver a obra de um familiar de meu pai, Gil de Siloe, um artista, primo de meu pai, que entre 1484 e 1493 executou o sepulcro aonde descansam os pais de “Isabel, La católica”. Aquela igreja foi fundada em 1442 sobre os restos de de um palácio ou couto de caça, couto este em que o meu pai Lestienne serviu numa das visitas do seu rei de França, “Pays de Landes”; Vou conversar com um dos monges e, ver os escritos das sacristias.
Isto de sepulcros, não me agradava a minúcia e dei por findo o papo referindo-lhe que os reis desse tempo só curtiam a caça, parece até que não tinham mais nada para fazer senão conhecer as primas, procriar, caçar e envenenar.
Despedi-me dele mirando de soslaio seu porte, parecendo um palhaço saído do circo Disney, claro,... do seu ar patusco respigava em mim o devido respeito e cagufa.
Januário Pieter caminhava curvo, sua cabeça rodava para todos os lados vendo a periferia como um camaleão, seu caminhar de manso pé, era uma perfeita hiena, coisas aprendidas nas vastidões de silêncio, ruidosos grasnadões, urros e piares; sempre aparecia sem ninguém lhe dar conta, parecia até rebocar-se no cacimbo escafedendo-se sorrateiramente sempre que queria; uma arte de pé-ante-pé como onça.
Ouvindo aquele Pieter como kianda ninguém que podia falar contra, dava azar de matrindindi feito quijondo (gafanhoto grande).
A luz vermelha do semáforo virou verde com apito e, o kota deslizou suave na passadeira entrando do lado esquerdo da “Passage Richelieu”. Dei-lhe um aceno de adeus mas ele, só seguiu direito ao seu mambo, o quadro bucólico de seu pai Lestienne.
Que Deus o tenha e guarde múmia!
Cruzei em seguida a rua de Rivoli e penetrei nas catacumbas do Louvre pela porta direita de “Richelieu”.
Fiquei cismado desta coincidência e, curiosamente também desejoso de voltar a ver o velho, ouvir suas estórias do antigamente.
O kota Pieter, virou em verdade um espírito fluido num espaço gelatinoso, num repentemente enrijava, num repentemente sublimava-se.
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