FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
PLAZA MAYOR DE BURGOS, 15 DE JULHO DE 2009
Já a tarde se fazia noite quando eu e Januário Pieter nos voltamos a encontrar; sentados a uma esplanada daquela grandiosa “Plaza Mayor” ouvi Pieter descrever os episódios do museu do Louvre e as recentes descobertas feitas na sacristia do “Monastério de Cartuja”, um seu tio que seguindo as pisadas de seu pai Lestienne, quase quatrocentos anos atrás, rumou até Cádis e no Puerto de Santa Maria embarcou à descoberta das Américas. Esta estória absorvente será fruto de uma posterior descrição, agora, não resisto descrever o que me foi dito em outros acontecimentos recentes ocorridos na sua terra natal de Cabo Ledo.
Quando falou da batalha de Luanda em 1975, dei um pulo!...
Que é que esta Kianda de trezentos e oitenta e quatro anos sabia das artimanhas do glorioso PREC, Processo de Revolução em Curso tão recente, e tão bem escondido das pessoas ideológicamente crentes.
A verdade é como o azeite, vem à tona de água com o tempo; as memórias que antes eram mugimbos, tornam-se agora verdadeiras. Podia escrever-se um livro com judiarias ainda não reveladas mas esta tarefa, cabe a escritores ou mercenários da escrita que antes foram guerrilheiros ou fazedores de mambos que alteraram o rumo à história; estou agora a lembrar-me entre outros, de Pepetela ou Tchiweka, o homem segredo conhecido por Lúcio Lara, o grande ajudante em campo do Vermelho Rosa Coutinho que chegou a Almirante.
Rosa Coutinho marinheiro, foi o oficial de aviário mais verdadeiro na história recente dos Tugas pois que teve o seu início numa gaiola. Em verdade, foi Holden Roberto como patrulheiro da fronteira do Zaire que fez passear em jaula como um macaco, o Vermelho General.
Como já disse, as aventuras não têm tempo, não têm principio nem fim, são uma permanente descoberta de novos pedaços de infinito.
E, Pieter descreve:
- Por entre os cactos das barrocas, entre a bruma da maresia e clareando, vi centenas de gente militar percorrer o areal, reunir apetrechos de guerra, subir para carros do tipo unimog e galgarem a montanha da costa a caminho do quartel, uns galpões construidos lado a lado e que seriam as primeiras casernas daquela gente que vim a saber pouco depois serem Cubanos. Estávamos em fins de Julho do ano de mil novecentos e setenta e cinco.
Mas, interrompo: - Os Cubanos, pelo que consta, só a cinco de Outubro desse ano é que chegaram a Angola. Foi o que sempre disseram quanto à ajuda pela União Soviética atravês de Cuba.
- Pois,(...) vocês souberam o que Rosa coutinho queria que soubessem. Foi na praia de Sangano um pouco a norte de Cabo Ledo que desembarcaram os primeiros homens comandados pelo General Raul Diaz Arqueles. Ali descarregaram os primeiros complexos móveis de defesa anti-aérea “Strela”; os instrutores deste equipamento sofisticado estava a ser coordenado pelo Coronel Trofimenko que a partir da Republica do Congo Brazaville eram enviados numa primeira fase em aviões mais pequenos para a pista de aviação da Kissama
- Tudo o descrito só é possivel a partir da chegada a Luanda do Vermelhão Rosa como Presidente da Junta Governativa de Angola precisamente em Julho de 1975.
-Estava tudo traçado, continua Januário Peter. Rosa Coutinho, tempos antes como Alto Comissário escreve uma carta timbrada do antigo Gabinete do Governo Geral de Angola a Agostinho Neto, presidente do MPLA nos seguintes termos:
“ Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do processo: Aterrorizar por todos os meios os brancos, matando, pilhando, e incêndiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede crueis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos,...”
Carta datada a 22 de Dezembro de 1974, terminando com saudações revolucionárias, a vitória é certa, seguindo-se a assinatura, Alves Rosa Coutinho, Vice-Almirante.
Recorde-se que a tropa Tuga, foi proibida de entrar nos musseques a fim de proporcionar “O poder popular” , simultâneamente retirando as armas em posse dos brancos.
Há muitos buracos por preencher. Lúcio Lara, o “Tchiweka”, já pode desvendá-los, antes que se deturpem.
O relactor desta estória viveu algumas destas épocas e confirma. O medo tomou conta de todos com ajuda da FUA, acrescento eu para a Kianda do Cabo Ledo.
Continua,...
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