FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
A KIANDA PIETER FALOU DA GAZOSA
MUKANDAS DO MONTE
A tarde estendeu-se no escuro da noite envolvendo a azafama duma multidão ávida de frescura naquela “Plaza Mayor“ de Burgos. Ao longo deste espaço fomos comendo tapas de “boquerón” e argolas fritas de “calamares” regadas com cerveja “Dom Pepe”.
Estava desejoso que o rumo da conversa versasse coisas mais recentes e, por isso perguntei a Pieter o que é que ele pensava da nova corrida para Angola independentemente do fenómeno da crise, ao qual me respondeu com ternura:
- Tchingange, meu amigo, agora que nos conhecemos melhor, tenho a dizêr-te o que já para ti não é novidade; Há em Angola muitas riquezas por explorar mas, o petróleo já jorra pelo tubo ladão e é isto que torna a vivência social diferente do último estágio colonial.
Pieter tinha agora um falar rico, curioso notar que o linguajar dele, aos poucos, foi-se tornando coerente e até erudito nas conclusões; talvês fruto da ávida atenção que eu inalava naquelas conversas.
A kianda Pieter, foi falando:
- Os Angolanos ricos de agora, os novos empresárioe, mancomunados com os políticos acomodados, são borjeços, enfatuados, pedantes e, só falam do kumbu, da gasosa, da percentagem. A primeira reação a um negócio é, “quanto me toca”. Os corruptos adoram esta postura e levam-lhes caramelos na forma de “gasosa”: Jeepes esfumados de tecnologia de ponta com GPS acoplado, charutos “Cohiba e Romeo e Julieta”, uma casa de veraneio no Mussulo ou oferta de uma piscina para o seu resort na margem duma lagoa ou rio. Espaços de muitos hectares descolonizados, apropriados com direitos especiais da nomenclatura do poder, vastas zonas unindo rios.
A kianda Pieter foi falando:
- Mudaram de penico mas a merda fede na mesma.
A emancipação, tem desta coisas, disse eu contemporizando com a nova onda de retornados, refugiados ou urubus da retoma.
Tentei levar a conversa para o “Muquitixe”, falar das terras mesmo que abandonadas, esperando chuva, as gentes, charruas e governantes competentes.
Naquele recente quinze de Julho longo, despedimo-nos. Ele, a kianda, seguia para Cádiz, Puerto de Santa Maria e eu, iria ficar em terras de “ Castilla-La Mancha”, na cidade de Toledo.
Combinamos um encontro para dias mais tarde em Granada, mais propriamente em Alhambra e, talvez aí podessemos pôr os assuntos em dia e saber dos seus antepassados feitos em pó.
Taciturno, com um peso no coração despedi-me de Pieter; era um previlégiado têr agora um amigo com 384 anos.
O Soba T´chingange
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