FÁBRICA DE LETRAS DO KIMBO
5º encontro com a kianda Januário Pieter
Era agradável estar ali confraternizando com o passado que, nem sempre foi risonho; poemas de Garcia Lorca referem a guerra de 1937 a 1939 com quadros dantescos no bombardeamento de Guernica e atrocidades de uma disputa civil entre Nacionalistas de Franco e Republicanos que perfurou como uma faca sem fim, toda a Espanha.
A sala espaçosa estava recheada de quadros sobre esses acontecidos passados como uma galeria de horrores de Granada. Sentei-me num recanto em uma cadeira em madeira talhada com motivos de produtos da terra, pedi um “café solo” e uma tortilha de “manzana”.
O olhar não se desprendia dos corpos desmembrados em destroços retorcidos, gente e animais espalhados pelos campos; um treino de preparação à grande guerra que viria a acontecer em 1940, Alemães ajudando Franco a tomar o poder.
Sentia-se desprender da tela o odor fétido da morte.
Nesta cidade tão cheia de memórias, havia felizmente, espaços retemperados à noite com flamengo, uma dança que reflete o estado de espírito cigano.
Eu, estava aqui para o quinto previsto e ansiado encontro com Januário Pieter, a assombração Kianda que pouco a pouco foi ficando o meu “Guru” e, estava agora, pronto a fazer com ele um pacto de sangue, tornar-me um cipaio do seu arimo ( lavra horta, n´nhaca).
Entre o desejo de saber a verdade e o pavor que lhe tinha, zuniam na minha cabeça legionários às ordens de Franco gritando “viva la muerte” mutilando o meu medo envidraçado de repugnância a todas as guerras. Aviões Nacionalistas matando indiscriminadamente gente impregnada de susto sem celeiro ou pontes para se esconderem; brigadas internacionais, idealistas lutando com armas diferentes de um credo sem culatra, munições encravadas em sonhos inúteis.
Estava entre os 15.000 mortos de Guernica quando com aura de santo-maior entrou uma figura pela porta frontal; era nem mais nem menos a Kianda Pieter que, varrendo com os olhos o salão “café solo” poisou em mim a ansiosa vontade do encontro.
Efusivamente dirigiu-se-me com as duas mãos abertas ao espaço seu Duilo (Céu) mostrando todos os seus anéis. Vinha carregado de magnetismo, feitiços de contra-luz cintilando um desassossegado arco íris.
( Continua ... Alhambra de Granada III )
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