5º encontro com a kianda Januário Pieter
ALHAMBRA
. PÁTIO DOS LEÕES
Estou contente de saber dos meus antepassados, disse Januário Pieter. Agora só quero mesmo ficar no pé duma mulembeira, lá no meu kimbo de Cabo Ledo e, de vez em quando subir com os mwenangolas até Muxima ou Massangano a esvoajar minha velhice; ir ao lugar do eco repartido, jangandeando com os maculos, perfurar outras sombras, outras kiandas desastradas que só fazem canvuanza, mesmo.
Pieter dava xinfrim de xoto em cima de mim, falando um amazulu impenetrável, banhos de àgua de defunto dum xova-xitaduma do Maputo; parecia ter saído dum d´jango esfumado em liamba com as lamparinas dum matumbola, que fica mesmo no corpo vazio ocupado por um ilundado; um grande chicoxana, mesmo.
- Mas tu já és uma kianda,...meu! Disse eu falando das minhas verdades.
- É mesmo, mas, no entretanto, é tempo de começar a esquecer e ser esquecido. No futuro, serei lembrado como a kianda n´kuluculu mulungo de toda a kalunga.
Meio dia eram já quase, quando acabando de subir a rampa de “Gomerez” e, estavamos a passar a porta “Puerta de las granadas” quando desviei a conversa para um tás-a-ver de visão árabe, ali aonde que a conversa da manhã nos tinha empurrado nesse linguajar de espíritos,... nos estão esperar dentro deste portão d´Alhambra, lugar de muitas sombras, espantos de califas.
Chegados à “Puerta de
Esta porta aberta dava para uma outra fechada havendo no alto desta um espaço aberto de onde, em caso de cerco, os sitiados de “Al-Hamra”podiam fustigar, arrojando pedras, azeite fervente ou chumbo derretido em cima dos atacantes não dando assim, oportunidade a que forçasse a porta. Esta originalidade da arquitectura Nazaríe explicada por mim a Pieter, fê-lo dar um estalido de lingua no céu da boca:
- Sukwama! Mahezo!, grande muzua! De quilunza mesmo!
Passamos ao lado de “La puerta del Vino” um lugar em que funcionava o mercado do vinho lá pelo ano de 1554 e, era em verdade uma fronteira entre o núcleo militar de “Alcazába” e a cidade medieval aonde, em esse tempo, viviam 2000 habitantes; uma porta policromada num entricado rendilhado.
E, continuei explicando:
- Nesta terra de Árabes, Abd-Allah, instalou-se aqui no ano de 889 e por aqui permaneceram seus seguidores por 603 anos. Sairam ao fim desse todo tempo, quando governava o Califa Muhamad XII da dinastía Nasrí (Nazaríes) no tempo dos Reis Católicos de Espanha e Carlos VIII de França.
Glossaário:
Mwenangola: - Donos de Angola; reis de N´gola
Maculo: - Antepassado
Canvuanzaa: - Confusão; luta; xinfrim
Xinfrim de xoto: - Confusão de bufa; peido doido
Amazulu: - Dialeto Zulu
Xova-xitaduma: - Condutor de cangulo (Moçambique); um monangambé proletário; Condutor de carro de mão
D´jango: - Casa comunitária; forum; sitio de assembleia do povo ou de reunião; sítio só p´ra falar mesmo, ou cachimbar
Mulungo - M´zungo; branco em Zulu
Matumbola: - Morto vivo, uma assombração; um deus-me-livre; alma penada
Ilundado: - Espírito superior
Chicoxana: - Século (Angola); ancião com sabedoria, Kota com suko
N´`kuluculu mulungo: - Deus branco (Zulu)
Al-Hamra: - Alhambra em árabe
Sukuama!: - Caramba!; poça!; Cós diabos; Porra!
Mahezo!: - Tenho dito!
Muzua: - Armadilha; artefacto de prisionar
Quilunza: - Arma de fogo
(Continua ... Alhambra de Granada VI)
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