5º encontro com a kianda . o pacto de sangue
Os seguranças de serviço levaram-nos direitinhos à única entrada exterior do Palácio Nazarie.Tratados como mustáfas por via da indomentária de Januário Pieter, o espanto fez-nos sentir os maiores previligiados. A partir daqui rodávamos a cabeça em todos os sentidos observando toda a beleza daquele conjunto palaciano com quarteis, estábulos, mesquitas, escolas, banhos, cemitários e jardins.
O Palácio dos Nazaries, é em verdade um conjunto de residências principescas sem fachada, sem alinhamento de salas, com passeios e jardins interiores de grande frescura. Pode adivinhar-se as forças ingrávidas de arcos com paredes furadas de renda; portas, janelas e arcadas por onde a luz penetra na medida certa e, aonde parece não haver gravidade.
Foi no Pátio dos Leões, a sala privada do Sultão em que eu T´Chingange e Pieter selamos o nosso pacto de sangue. Tinhamos em frente um belo claustro formado por muitas colunas, o lugar mais Pambu N´gila de todos os lugares aonde estivemos antes. Este sítio era em verdade um sem número de flocos dourados caídos do Duilo e, foi ali que ambos picamos o centro da palma da mão esquerda de onde saíu uma bolha de sangue. Eu T´Chingange cuspí na mão esquerda de Pieter dissolvendo-se no sangue e ele fez o mesmo na minha mão esquerda; com a mão direita ambos acariciamos as cabeças dos leões e ,eu primeiro e depois Pieter, desferimos com a direita em cutelo na mão esquerda do outro um enérgico movimento fazendo chispar sange e cuspo no ar. Teve de ser ali porque o leão que pela boca deita água simboliza o Sol da qual brota a a vida. Os doze leões, são os doze Sois do Zodiaco, os doze meses que na eternidade existem
Januário Pieter falou de que quando ficasse um antigamente, de mais tarde, eu um mais candengue, me iria recordar deste selo de Mano-Kilombelombe enquanto ele, lá na ilha da ensandeira do Kwanza, recordaria os espíritos dos M´fumos Kia-Samba e Manhanga como um minkinsi.
Pieter recordava as minhas próprias brincadeiras com os candengues no mar da Samba, os pactos de amizade feitos a cuspo e bisgo da mulemba nos suburbios da Lua. A Kianda Pieter sabia tudo! Sukuama!
- Deixa só, “ N´Zambi a tu bane n´guzu mu kukaiela”, Deus dá-nos força para seguir, disse eu batendo dedos no ar enxotando maus olhados.
Glossaário:
Pambu N´jila: - Agente de ligação entre o espaço físico e o místico; lugar de veneração ou peregrinação; Lugar predilecto Duilo: - Céu (em um amiente de espíritualidade)
kalunga: - espírito forte, divindade ou espírito das águas, iemanjá, mar, água no geral
Mano-Kilombelombe: - Mano-Corvo, Uma fusão de homem com pássaro do tipo Kwetzal ( México)
M´fumos : - Chefes
Samba: - Lugar ente a Quissala e Futungo (Belas da Luanda de antigamente)
Manhanga: - Bairro da Maianga, lugar de cacimba
Amazulu: - Dialeto Zulu
Minkisi: - agente de ligação entre o físico e o místico, tem poder nos elementos da natureza, (faz chover, faz trovoada), gente com mau-olhado
Sukuama!: - Caramba!; poça!; Cós diabos; Porra!
Bisgo: - Resina de mulemba usado para apanhar pássaros,da mulembeira (árvore de grande porte que dá uns figos pequenos)
Lua – Diminutivo de Luanda
(Continua ... Alhambra de Granada VII)
O Soba T´Chingange
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